quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Arrojo


Era quando lhe via nos olhos aquele brilho especial, o fulgor em que se misturavam a audácia, a curiosidade  e o medo em doses quase iguais, que voltava a deixar-se encantar. Havia naquele destemor qualquer coisa que a seduzia mais que tudo, que lhe trazia de volta a ternura e o desejo, e a certeza funda e reconfortante de que era muito grande o que os unia, que o tempo tinha modificado e consolidado para além do que haviam podido imaginar e apesar de tudo o que de bom e mau tinham passado juntos, e estava para lá de todos os nomes que lhe quisessem dar e de tantas coisas que não se conseguem compreender; que era cumplicidade e estímulo, e corpo e alma e vida inteira, e às vezes também aquele aperto no peito a que se chama, simplesmente, amor.

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