segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

De pernas para o ar


Virou-lhe o mundo ao contrário e marcou-a para sempre. Muitos anos depois, não havia ainda braços que a segurassem melhor, nem companhia que lhe soubesse tão intensamente a paraíso, por mais tortuosos que fossem os caminhos percorridos e profundas as marcas da passagem do tempo.
No fundo, não podia deixar de pensar que tudo valera a pena: que o caos e o abismo haviam sido também a redenção e a felicidade, tudo sempre com aquele não sei quê que era nada e tudo ao mesmo tempo, amizade e todos os sentimentos de repente confundidos, fraqueza e força, dor e amor ardente, cicatriz e arrepio, lágrimas e riso, surpresa e deslumbramento, solidão e companhia, frio e calor; e aquela emoção da primeira vez, sempre diferente, mas sempre repetida. 
E sabia que mais ninguém a percebia e conhecia tanto, nem a poderia fazer assim tão desmedidamente feliz.

4 comentários:

  1. Respostas
    1. A maior parte das histórias são felizes e infelizes, Luísa. Esta também. Mas o "saldo" é claramente positivo. :)

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  2. Isabel
    É um belíssimo texto, este seu!
    Não o tomo como a descrição de uma história feliz. Mas sim como a descrição da felicidade a que cada um tem direito e que muitos nunca tiveram.
    O amor tem caminhos insondáveis, diz o Senhor!

    Abraço

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    1. Tem caminhos insondáveis, sim, Helena. Não é uma história feliz, mas também não é uma história infeliz. É feita de inferno e paraíso, como a vida.
      Obrigada. Outro abraço :)

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