segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Outono



Quando penso em Outono, vem-me inevitavelmente à memória Verlaine e a cadência lenta deste poema, que sei de cor, e que começa assim:
Les sanglots longs
Des violons
De l'automne
Blessent mon coeur
D'une langueur
Monotone...
Porque o Outono é todo ele devagar. Associo-o à palavra melancolia, que é um pesar com beleza por dentro, uma tristeza misturada com doçura, tudo só intimidade e lentidão. E gosto do regresso do frio a atravessar-nos a pele, das cores quentes e do cheiros próprios da época, do conforto das roupas macias e de quanto sabe bem ficar em casa em noites que começam cedo e parecem enormes.
O Outono sabe a recato e a recolhimento, a silêncios e a vozes baixas, a lanches no sofá e a quietude, depois da agitação e exuberância do Verão e antes da chegada ruidosa e excessiva das "Festas".
Por estes dias, com a mudança de hora ainda tão recente, sabem bem as bebidas quentes, o calor de um abraço bom e a vida um pouco mais virada para dentro, entre a comoção perante o encanto do que nos rodeia, o barulho da chuva nos vidros, e a subtileza do tempo que passa quase sem darmos por isso.

4 comentários:

  1. E que tal esse poema cantado pelo Léo Ferré ?
    https://www.youtube.com/watch?v=1sXfEDW-PME

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    1. Ou mesmo cantado por Georges Brassens:
      https://www.youtube.com/watch?v=nvLtX6m5f1c

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  2. Paris em seu esplendor . Paris é um sonho mesmo chovendo a potes.

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    1. Também acho. Em todas as estações, com todo o tipo de tempo, sempre encantadora, cidade do meu coração...

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