Muitos anos depois, estou de volta. De certo modo, é como regressar ao passado. E, ao mesmo tempo, não é bem. O espaço continua quase igual; o anfiteatro II ainda tem o mesmo cheiro a madeira, o velho bar está mais ou menos na mesma. O tipo de população é que é completamente diferente, deixando bem claro que é outra geração e outro tempo.
Quando passei por lá, uma menina ainda, inocente e ávida de saber, cheia de sonhos e de ideias por concretizar, tive muito boas surpresas, mas também algumas decepções. Lembro-me de um certo desencanto inicial por não encontrar exactamente o que idealizara, de me perguntar com frequência "será que é mesmo isto que eu quero?", de não gostar muito do ambiente, nem de algumas "cadeiras" e professores menos interessantes.
E, do mesmo modo, relembro, também, hoje ainda, o enorme prazer com que ouvia as aulas de alguns dos melhores professores que tive na vida, com os quais aprendi, ou aprofundei, as delícias da leitura e da escrita e o modo como as manifestações artísticas, e a literatura em particular, pela sua vocação um pouco cosmopolita, nos ajuda, através do cruzamento de olhares que propicia, a ter uma visão mais alargada do mundo, a pensar e a pensar-nos, provocando, também, uma enorme satisfação intelectual.
O que é para mim de facto extraordinário neste regresso, em início de ano, é voltar a sentir o gosto de antes, amadurecido por tudo o que entretanto pude viver e experienciar, que me permite saboreá-lo, agora, mais e melhor. E ter cada vez mais a certeza que a minha escolha inicial foi uma escolha acertada, porque é mesmo disto que eu gosto.
Foi também a minha faculdade, mas confesso que fora as aulas e alguns professores excepcionais como O João Flor, a Ivete Centeno, o Monteiro Grilo e poucos mais, não me deixou grandes saudades. A FLUL não tinha ambiente académico de espécie nenhuma e só por amor à música formei com amigos um grupo coral de canções alemães, que se reunia aos domingos de manhã.
ResponderEliminarGostava da biblioteca, passava lá horas infindas, mas de resto os espaços eram frios, sem encanto. Almocei muitas vezes no bar cheio de fumo para sentir o calor humano que não existia nas aulas.
Defendi tese em 1971 e só havia umas cinco pessoas na sala, em Agosto, quase tantas como o juri, que escolheu uma novata para arguir. Sinceramente nunca lhes perdoei, apesar de ter um 15.
Enfim....ficava aqui a filosofar, mas não tenho tempo....aprendi muito mais a ensinar do que a aprender...
Eu também não sentia grandes saudades da Faculdade, Viegínia, mas este regresso está a ser muito interessante.
EliminarTenho boas e más recordações dos meus tempos de aluna, mas se não fosse o que aprendi enquanto por lá andei, não seria a professora que sou hoje, embora, naturalmente, a experiência também tenha tido um peso fundamental. De qualquer modo, um certo olhar crítico e abrangente sobre todas as coisas e até sobre mim, foi lá que o aprendi.
A Ivete Centeno também foi minha professora de "História das Ideias", mas na Nova, no Mestrado. E não gostei muito. Enfim, as aulas eram até interessantes, do ponto de visto do seu conteúdo,mas pedagogicamente achei-a "uma nódoazita".
O seu blogue vai "de vento em poupa". Estou a gostar da nova versão...
Beijinho e bom fim semana!
Isabel
Muito bem! E porquê o regresso? Força :)
ResponderEliminarbeijinhos
http://saladosilenciocorderosa.blogspot.pt/
É um Curso de Formação, mas muito diferente daquela formação exclusiva para professores a que estou habituada e que é, quase sempre, medíocre e sobre a pedagogia do não sei quê que, sinceramente, já não há paciência...
EliminarO que faço agora, durante todo o mês de Janeiro, é uma formação "sui generis" e muito mais do meu agrado, porque é simultaneamente curso livre e junta, por isso, professores, alunos de licenciatura, de mestrado, ou de doutoramento, ou pessoas que estão ali simplesmente por prazer, E isso, faz toda a diferença... ;)
Beijinho, Vânia, bom fim de semana!
A formação para professores é quase sempre medíocre - não podia concordar mais, Isabel!
EliminarPois ;))
EliminarA Ivete Cneteno dava aulas de Literatura Alemã, foi ela que me ensinou a amar Goethe, Schiller e outros poetas. A turma estava sempre a abarrotar, mas ela conseguia o silêncio necessário para bebermos o que dizia. Eram aulas monodireccionadas, como quase todas na FLUL. Os alunos ouviam e pouco interferiam. Também tive aulas excepcionais de Literatura Francesa com a Alzira Seixo e a Manuela Saraiva, que adorei. VComo diz, Isabel, o mundo abriu-se-me em parte na faculdade, por outro lado, como já tinha tido experiência internacional no Colégio inglês, não representou grande novidade. Os profs de Línguas, fora o Schemann, eram todos uns diletantes...:)
ResponderEliminarBom fim de semana e obrigada. O blogue tem 1/4 de leitores que tinha, mas com paciência, irá ao sítio:)
A minha relação com a FL cinge-se a dois ou três namoros de há mais de vinte anos e com o meu professor de Língua, Literatura e Cultura Portuguesa na Católica, Prof. Artur Anselmo. Tinha miúdas muito giras... :))
ResponderEliminarBjos
Ahahah! Isso das "miúdas muito giras" é muito subjectivo ;) Também sou, à minha maneira!! (modéstia à parte -eheheh)
EliminarBom, havia para todos os gostos, digo eu, como sempre e em todo o lado.
Beijinho... :))
estou ai mesmo mesmo ao lado :) Na faculdade de ciencias :)
ResponderEliminarEu sei :) Mas só somos vizinhas durante o mês de Janeiro, que é o tempo do meu curso.
EliminarNo resto do tempo também não estou longe: na Praça de Alvalade o dia todo ;)
Beijinho guapa!