Estas últimas tardes de Sábado consagradas à literatura têm sido maravilhosas e têm representado o reencontro com uma paixão antiga, que sempre me acompanhou, - ainda que às vezes pareça um pouco mais adormecida, - o regresso a um tempo antigo de pensar em todas estas coisas, e voltar aos clássicos, e deliciar-me a ler devagar, deixando que a palavra lida amadureça em mim, como uma desaceleração da correria habitual da vida. E perceber a que ponto as palavras podem ser apaixonantes. E encontrar nelas o que sinto, o que me emociona e seduz, mas não saberia dizer assim.
Justamente porque a literatura se funda genericamente na ideia, ela é a mais ameaçada das formas de arte, (...) ou a mais equívoca. Porque (...) a forma de arte não discursiva permanece intacta ao nosso nomear. A literatura, porém, é nesse nomear que começa. Na relação da emoção com a palavra que a diz, o seu movimento é inverso do que acontece com a música ou a pintura. A emoção de um quadro resolve-se numa palavra terminal. Mas na literatura parte-se dessa palavra para chegar à emoção.
(Vergílio Ferreira, Arte Tempo)
A (boa) literatura sabe bem.
ResponderEliminarBeijinho, Isabel, e boa semana.
Sempre. Eu não saberia viver sem ela, ou seria, no mínimo, menos feliz.
EliminarObrigada. Boa semana também para si.