É um facto ineludível, quase uma fatalidade, que se repete ciclicamente. Nesta altura do ano, já se sabe, mal chegam os primeiros raios de sol e surge no horizonte a promessa de dias longos, a antecipar o desejo de férias, de ócio e liberdade, de pele destapada e de corpos estendidos ao sol, enchem-se de gente os ginásios, tudo cheio de vontade de "trabalhar o corpo" e de perder o máximo de peso no mínimo de tempo, e vendem-se toda a espécie de produtos, cremes, comprimidos, chás, o que quer que seja que dê para emagrecer, em tentativas mais ou menos desesperadas de remediar os excessos cometidos no Inverno. Como quem espera um milagre.
A obsessão da dieta tem uma época própria, quase semelhante à época de caça. A comunicação social e a publicidade não nos permitem sequer a mais pequena distracção, bombardeando-nos de modo exaustivo com as últimas modas, os segredos das "estrelas" e descobertas comprovadamente infalíveis. A última, a deste ano, é a dieta Detox, que consiste em levar não sei quantos dias só a beber batidos e outros líquidos. Ou, numa versão alternativa, ou mesmo combinada, pode também passar por vestir o fato de treino, pôr os phones para compor o look e ir correr furiosamente ao "ar livre", nem que seja entre os escapes dos automóveis, em plena Avenida da República, à hora de ponta.
Enfim, vivemos muito em função de aparências, numa época que tende a valorizar, talvez demasiado, a imagem, o culto do corpo e o mito da eterna juventude. E, por muito que digamos que isso não é o mais importante, ninguém está imune. No fundo todos gostamos de nos sentir bem na nossa pele, todos somos vaidosos, nem que seja só um bocadinho, todos somos sensíveis ao olhares alheios e gostamos de agradar.
As mulheres, quase todas, mesmo as que são esqueléticas, acham sempre que nunca estão suficientemente magras. Não fujo à regra: como qualquer mulher, também tenho tendência a achar que o ideal era perder dois ou três quilos; mas não vivo obcecada com essa ideia de perfeição, mais ou menos inatingível. Tenho, pois, as preocupações normais: faço exercício o ano inteiro (para me sentir bem, mais do que para estar magra) e porque me habituei a fazê-lo a vida toda e já não consigo passar sem ele. E tenho cuidado com o que como, porque sou gulosa por natureza. Mas não evito uma bela sobremesa, ou um bom vinho, se vou jantar fora, por exemplo; e permito-me aqui e ali aquelas transgressões que dão sempre tanto prazer e sem as quais a vida não teria graça nenhuma!
Não sou adepto de dietas mas sim de uma boa gestão alimentar. Que não é a mesma coisa mas resulta melhor e não é tão complicado.
ResponderEliminar(ufa, consegui escrever tudo sem uma única vírgula)
Pode/deve comer-se de tudo, sem excesso.
Um beijinho, Isabel.
Dieta das vírgulas?
EliminarPois, um excesso ou outro de vez em quando também sabe bem. E "uma boa gestão", como diz, o resto do tempo. É mais ou menos isso...
Beijinho