No calendário, os dias não são todos iguais. Há os que passam por nós de forma quase indiferente, mesmo se tentamos que cada um seja novo e especial. São dias que se sucedem a outros dias, sem espalhafato nem marcas, e se vivem entre banalidades e rotinas. Mas há também os que têm significado(s) e os que ganham de repente um sentido novo. E que, por isso, se assinalam. Porque nos recordam alguma coisa ou alguém, porque nos trazem lembranças e afectos, ou pelos mais variados motivos.
Há um ano e tal, quase dois, passei a guardar o dia 28 de Março na lista dos meus dias dignos de celebrar. Porque, além dos nossos, os dias de todos aqueles de quem gostamos e a quem queremos bem são nossos, de certo modo, também. Vivem-se em alegria, até quando, como hoje, não há um sol a brilhar esplendoroso e a Primavera parece querer retroceder. É que os amigos verdadeiros fazem-nos sempre sentir quentinho o coração. Tratam-se com cuidado, com carinho e atenção. Levam-se connosco pela vida fora. E isso é magnífico. E reconfortante.
É o lado mais misterioso, indizível e irracional dos afectos, que nos aproxima de algumas pessoas e nos afasta de outras por razões inexplicáveis, que faz com que cada uma delas, na sua singularidade, seja única e rara para nós, diferente de todas as outras. E por isso não gosto de ouvir dizer "ninguém é insubstituível"; porque me parece que é exactamente o contrário.
Nós somos o exemplo vivo de que a amizade se pode revestir das mais diferentes maneiras de existir, e que há pessoas às quais sabemos intuitivamente que alguma coisa nos liga, ainda antes de cruzarmos um olhar. E que é possível estar perto, mesmo quando não se está fisicamente presente.
Temos em comum um imenso amor pela nossa cidade e muitas outras afinidades, gostos, cumplicidades. Não sabemos tudo um do outro (e ainda bem!). Mas para além do que nos distingue e aproxima, dos defeitos e qualidades de cada um, o que nos une é uma estima que se desenvolve sem pressa nem obrigações, entre o rigor das palavras e a magia dos silêncios, claro e escuro, luz e sombras, sol e lua; que se fortalece com o tempo e é já carinho e amizade, respeito mútuo e consideração.
Aprecio em particular a sua inteligência, a sensibilidade, o sentido de humor, a generosidade e a alma de artista. E o que me ensina e faz pensar, as pequenas descobertas subtis que se vão fazendo devagar, na emoção do que se pressente mais do que se sabe, e noutras boas sensações que são do melhor que a vida tem.
Sim, este é um post especialmente dedicado. É raro, mas às vezes também me dá para isto. Hoje justifica-se. Porque este dia é do Paulo, que é uma pessoa de quem eu gosto. Gosto muito!
É um amigo muito querido, diferente de todo os outros, mas, tal como os demais, é uma daquelas pessoas com quem rio, penso, me emociono, enterneço, maravilho e sinto que é bom poder contar; e que a vida é boa e vale a pena por causa destas harmonias mais ou menos secretas e de sentimentos genuínos assim; e que são fortes os laços que nos unem, como nós difíceis de desatar.
É um amigo muito querido, diferente de todo os outros, mas, tal como os demais, é uma daquelas pessoas com quem rio, penso, me emociono, enterneço, maravilho e sinto que é bom poder contar; e que a vida é boa e vale a pena por causa destas harmonias mais ou menos secretas e de sentimentos genuínos assim; e que são fortes os laços que nos unem, como nós difíceis de desatar.
Parabéns, Paulo!...
(Fotografia de Paulo Abreu e Lima, naturalmente)
Ó Isabel, nem sei o que diga, mas posso começar por dizer que a foto está esteticamente irrepreensível :))
ResponderEliminarMuito obrigado pelas suas amáveis e (obviamente) imerecidas palavras. Parece que recebi um óscar e, nestas alturas, sempre apreciei quem, com gratidão, agradece através de poucas palavras: muito obrigado, tudo de bom para si e para os seus!
Um beijinho enlevado por indisfarçável lisonja :)
Ahahah! Foto irrepreensível, claro, como sempre! ;) Porque, dizem, tenho muito bom gosto, só podia escolher uma fotografia assim :)))
EliminarQuanto ao resto, deixe-se de coisas. Nós merecemos sempre todas as coisas boas que nos são dirigidas. Além disso, já conhece de mim o suficiente para saber que não sou de "baboseiras". O que digo é como penso e como sinto, com tudo o que isso tem de bom e mau.
Tudo bem, pois, Paulo, sempre!!!...
Beijinho :)
Minha querida Isabel
ResponderEliminarNão fora você e o nosso amigo nunca nasceria para mim. Felizmente você existe e eu vou passar a guardar também este dia!
Abraço
Helena: sabe como é, sou muito atenta... E sei também de uns dias sete por aí (seu, meu, com nove meses de intervalo) igualmente assinaláveis. ;)
EliminarOutro abraço. Grande!
Amiga Helena,
EliminarO que é isso para além de um lapsus memoriae...? Tem-me felicitado tantas vezes! Depois, quem nasceu para si não fui eu, ou melhor, quem nasceu há uns bons anos para mim foi a Helena. Beijos.
(Mais um beijinho, Isabel)
E que boa e bonita é a amizade...
EliminarObrigada Paulo. Beijinho também para si. :)