Ultimamente tenho gostado das crónicas da Catarina Carvalho, ao Domingo, na Notícias Magazine. A de ontem tem a ver com um tema que me diz muito: como pode ser horroroso o mês de Agosto. Apesar de não viver esta experiência de ir de férias para o sul, como (quase) toda a gente, partilho a visão tenebrosa que o texto descreve. E continuo a preferir a(s) cidade(s).
Alguns excertos, que subscrevo:
Como se ainda não houvesse inferno suficiente para quem tenta encontrar o paraíso numas férias em Agosto, eis que chegam as festas ao fim da tarde nos bares de praia. As sunset party. Dantes havia pores do Sol, e todos os dias. E os bares de praia serviam para comprar gelados aos miúdos antes do caminho para casa. Agora há sunsets. Chama-se assim, num inglês tão parolo como aquilo que descrevem. E os bares de praia, a partir das seis da tarde transformam-se em deslocadas discotecas de pés na areia. (...) hoje em dia um sunset não é a melhor hora do dia para estar na praia. É a melhor hora para sair da praia e começar a beber uns copos - que, julgo, se prolonguem noite fora. Os DJ saltam para as mesas de mistura e dão à grafonola insuportável. Podia perguntar: mas quem é que prefere música de martelinhos a ver um pôr do sol apenas ao som do mar? Suspeito que a resposta não fosse a que eu esperaria, tendo em conta a quantidade de pessoas nas espreguiçadeiras ao lado que vi a abanarem a cabeça, ou, até, as ancas, em poses que julgo elas considerarem ser modernas (...)
Resta-me, portanto, continuar a chamar pôr do Sol ao pôr do Sol. E encontrar um lugar onde possa apreciá-lo na areia, sem músicas. Num desses muitos lugares que ainda há em Portugal, que não o usam apenas como razão para uma festa. Mas fazem dele o que ele é: um autêntico espectáculo.
É um pouco por tudo isto que prefiro a praia quando posso tê-la mais vazia e silenciosa e que, com o calor excessivo que se faz sentir, e enquanto não chegam os dias de passeio e de arejamento que se avizinham, escolho o melhor oásis de frescura e tranquilidade que posso encontrar neste momento: a minha casa.
Como se ainda não houvesse inferno suficiente para quem tenta encontrar o paraíso numas férias em Agosto, eis que chegam as festas ao fim da tarde nos bares de praia. As sunset party. Dantes havia pores do Sol, e todos os dias. E os bares de praia serviam para comprar gelados aos miúdos antes do caminho para casa. Agora há sunsets. Chama-se assim, num inglês tão parolo como aquilo que descrevem. E os bares de praia, a partir das seis da tarde transformam-se em deslocadas discotecas de pés na areia. (...) hoje em dia um sunset não é a melhor hora do dia para estar na praia. É a melhor hora para sair da praia e começar a beber uns copos - que, julgo, se prolonguem noite fora. Os DJ saltam para as mesas de mistura e dão à grafonola insuportável. Podia perguntar: mas quem é que prefere música de martelinhos a ver um pôr do sol apenas ao som do mar? Suspeito que a resposta não fosse a que eu esperaria, tendo em conta a quantidade de pessoas nas espreguiçadeiras ao lado que vi a abanarem a cabeça, ou, até, as ancas, em poses que julgo elas considerarem ser modernas (...)
Resta-me, portanto, continuar a chamar pôr do Sol ao pôr do Sol. E encontrar um lugar onde possa apreciá-lo na areia, sem músicas. Num desses muitos lugares que ainda há em Portugal, que não o usam apenas como razão para uma festa. Mas fazem dele o que ele é: um autêntico espectáculo.
É um pouco por tudo isto que prefiro a praia quando posso tê-la mais vazia e silenciosa e que, com o calor excessivo que se faz sentir, e enquanto não chegam os dias de passeio e de arejamento que se avizinham, escolho o melhor oásis de frescura e tranquilidade que posso encontrar neste momento: a minha casa.
(Fotografia de Paulo Abreu e Lima)
Exactamente, a minha casa!
ResponderEliminarVou uns dias para fora cá dentro, mas não para sul...apesar de ter convite para ir para o Algarve... Realmente vê-se tanta parolice que dá em fugir, especialmente naqueles lugares algarvios mais concorridos...Beijinho.
O Algarve, dispenso-o em qualquer altura do ano e neste ainda mais. Mas Agosto é complicado um pouco por todo o lado: gente e calor em excesso, tudo mais caro e cheio, enfim... São mais vinte dias disto e depois vem Setembro, de que eu gosto muito.
EliminarBeijinho também para si.
Quando era puto frequentava uma praia perto das Caldas onde ao fim de semana costumavam ir pessoas das aldeias alí à volta. Como não dispunham de viatura automovel iam de tratores e redpetivos atrelados, o que à volta dava jeito para levar bocados de lenha dos pinhais alí à volta. Depois claro que não podia faltar o transistor para ouvir o relato ou a musica de bailarico da rádio local, enquanto as senhoras apanhavam berbigão para levar. Os putos divertiam-se na água com as câmaras de ar a fazer de boia. Ainda assim, a melhor parte era quando aqueles seres estabeleciam protocolo de comunicação entre eles "ó Zé se não fosses parvo gostavas de ser estúpido? ó minha besta vem cá antes que leves um par de chapadas nessas trombas".
ResponderEliminarNo meio do meu grupo de putos betos que já iam à discoteca beber coca-cola e vestiam calças leves, estes personagens eram conhecidos como " os parolos". Um dia um do grupo até escreveu num muro "parolos rua". Sinceramente não percebia bem porque. Vendo bem até hoje em dia seriam excelentes personagens de um filme de Kusturica, com cenas passíveis de serem considerados de alta intelectualidade...
Não consigo entender exactamente em que medida este seu comentário se relaciona com o post, Sérgio.
EliminarA palavra "parolo" não é utilizada por mim, mas por Catarina Carvalho e não se refere às pessoas mas antes à moda de usar palavras em inglês para designar realidades relativamente às quais se pode usar a nossa língua, como "sunset" em vez de pôr do Sol, por exemplo.