Há palavras horríveis, pela sua sonoridade, pelo que evocam, mesmo erroneamente, por aquilo que querem significar, ou por tudo isto em simultâneo. Uma delas é, por exemplo, "metrossexual", que me faz logo lembrar o metro (meio de transporte muito rápido, mas cheio de gente com duvidosos odores) e traz à ideia, depois, uma sexualidade a meio caminho entre o hetero e o homo, com qualquer coisa meio abichanada à mistura. Mas, na verdade, não é nada disso.
E quem é que não gosta de um homem elegante e bem parecido, charmoso, cuidado, lavadinho e a cheirar bem? Um bocado vaidoso, até, desde que não excessivamente. Quem é que nunca se perdeu em devaneios inconsequentes diante de corpos esculturais e rostos quase perfeitos de verdadeiros Apolos que nos passam pela frente e nos levam o pensamento para longe, de olhar imóvel e perdido, em momentâneas fantasias e suspiros involuntários, quase imperceptíveis?
Os gostos variam, é certo. E ainda bem. Eu não gosto de homens demasiado bonitos. Diria, parafraseando Proust, mas ao contrário, que os homens muito bonitos são para as mulheres sem imaginação, ou repetindo Vinícius, no Samba da Benção, embora ele se referisse também às mulheres: "tem que ter qualquer coisa além da beleza, qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade, um molejo de amor machucado..."
A minha predilecção vai para os morenos, de cabelo escuro levemente encaracolado onde os meus dedos podem afundar-se em demoradas carícias. E para braços fortes que me agarram com força, como se nunca mais fossem soltar-me, mãos e colo grandes, porto seguro de todas as horas e mimos e lugar onde deitar a cabeça nos momentos de maior tristeza e desamparo. E olhos. Olhos grandes e profundos, um pouco tristes, dos que fazem "beicinho" lá no fundo, e dizem tudo o que se diz sem palavras, e provocam e seduzem, e fazem soltar as mais ocultas vontades e o desejo de afagos e de ternuras sem fim.
Mas quando gostamos de alguém tudo isso deixa de ter importância, porque é mesmo como diz a sabedoria popular: "quem feio ama, bonito lhe parece". E o nosso amor é sempre infinitamente melhor que todas as "tentações" que sempre se nos cruzam no caminho.
Em primeiro lugar, o meu agradecimento pela partilha de Ella Fitzgerald.
ResponderEliminarDepois ... o bonito e o feio são termos cujo significado está, a meu ver, cheio de relativismo.
O que para si é bonito, para mim pode não ser, e vice-versa.
Será, de facto, os metrosexuais seres masculinos com grau excessivo de vaidade?
Talvez mas, uma vez mais, o relativo da coisa vem acima.
A sua predilecção ... está aí, bem explicada mas, do que gosto mais, sem qualquer espécie de dúvida, está no último parágrafo do seu texto.
Um beijinho e votos de um bom fim de semana, Isabel.
Pois isto do gosto varia muito sim e ainda bem. E mesmo quando achamos que gostamos mais disto ou daquilo, o coração surpreende-nos muitas vezes.
EliminarBom fim de semana também para si. Beijinho
Caracóis? Eu tenho o cabelo encaracolado, mas prefiro andar com ele (muito) curto ao ponto que não se nota que é encaracolado. Há coisa de 2 anos atrás deixei crescer um pouco mais durante uns tempos e a minha mãe até disse "já nem me lembrava de como era o teu cabelo". Mas como ser prático que sou prefiro o conforto do cabelo curto curto que dá muito menos trabalho e sinto-me melhor assim.
ResponderEliminarEu tenho a teoria de que se deve dar uma importância relativa ao que as mulheres dizem que gostam nos homens (desculpe lá a indelicadeza...), afinal é comum ver casos de mulheres que juram a pés juntos que só gostam disto e daquilo e depois é ve-las irem atrás de alguém que é exatamente o oposto... Não sei se é o caso... eheheheh...
É verdade para ambos os géneros, Sérgio. Eu, por exemplo, adoro cabelo comprido e uso-o comprido porque gosto e não porque os homens o preferem assim. Até porque haverá decerto uns que o preferem "assim" e outros "assado". Há sempre gostos para tudo, felizmente...
ResponderEliminarQuanto ao seu último parágrafo é como eu digo também no meu último parágrafo: preferimos isto e aquilo, mas nada melhor que a pessoa que amamos, que pode não ter nada a ver com esse padrão. E se é o caso ou não, não vou dizer... eheheh, digo eu também!