Esta: "as desculpas não se pedem; evitam-se". Pois eu acho que as desculpas pedem-se, sim. E que assentam tão bem a quem as pede como a quem as aceita. Sem exageros, é claro. Não se trata daqueles casos de pessoas que pedem desculpa por tudo e por nada, que quase parecem estar sempre a desculpar-se até pelo simples facto de existirem, num exercício humildade de tal modo levado ao extremo que acaba por soar a falso. Ou das que pedem desculpa apenas por uma conveniência qualquer, sem sinceridade, e voltam repetidamente ao mesmo.
Falo dos pedidos de desculpas genuínos de quem reconhece o erro ou a falta de razão e é capaz de os assumir sem orgulhos parvos nem teimosias sem sentido. As desculpas são, nestes casos, sinal de inteligência e de consideração pelo outro, e contrariam as frases tontas que se vão repetindo sem pensar.
Sinceramente, Isabel, tanto a primeira como a segunda frase não me beliscam (esta foi à Castelhano). São frases feitas, provavelmente de origem popular (ou de um sermão do padre da paróquia) que ditas no vagar dos dias não ferem os tímpanos. Eu, por exemplo, creio-me muito amigo do meu amigo e evito fazer seja o que for para ter de pedir desculpas. Há quem seja useiro e vezeiro (olha outra!) nos mesmos erros, achando que um pedido de desculpas resolve tudo. Não resolve, mas fica bem quanto baste. Não concorda? ;)
ResponderEliminarPaulo, é claro que tudo isto é altamente subjectivo. Eu tenho afectos e desafectos com as palavras, como com as pessoas. E, do mesmo modo que há pessoas de quem eu gosto e outras que nem por isso, sem que para tal haja uma razão puramente objectiva, também há palavras de que eu gosto e outras que detesto e que, por isso, nunca utilizo.
EliminarDou-lhe um exemplo inócuo: a palavra "curial", que me soa sempre pessimamente e não utilizo nunca. Mas que existe. Podia dar outros exemplos do mesmo género.
Quanto ao "amigo do seu amigo" é daquelas coisas que não quer dizer rigorosamente nada. Porque se não for "amigo do seu amigo", então não pode considerar-se amigo; e será antes outra coisa qualquer. ;)
Quanto às desculpas ( e gosto da expressão " ser useiro e vezeiro", está a ver?), eu própria faço a ressalva quanto às pessoas que repetem os mesmos erros sistematicamente e depois pedem desculpa e já está. Também já todos desculpámos mil e uma coisas que nos magoaram e das quais nem nunca nos pediram desculpa, do mesmo modo que tivemos que pedir desculpa por inúmeras coisas que dissémos e ou fizémos, com intenção ou sem ela. Mas um pedido de desculpa sentido, verdadeiro, pode não resolver tudo, mas é sempre bom.
(Não percebi por que é que o "beliscar" foi à Castelhano).
Um beijinho :)
Claro que quase tudo é subjectivo, por isso é que discordamos. "Muito amigo do seu amigo" não passa de um pleonasmo (como sabe) em que se pretende frisar que fulano é extremamente atencioso com o seu amigo. É que há quem não seja e o considere na mesma. Ou, neste caso, não tão amigo quanto algum dos dois esperaria. Não uso a expressão, mas não me repugna.
EliminarGosto muito da palavra "curial": um toque de sensatez cordata pré-25 de Abril. O interessante de uma língua é precisamente dispor das palavras à medida dos gostos pessoais (respeitando as regras, pois claro).
(Acaso fosse leitora dos jornais desportivos da grande Madrid, perceberia o "me belisca" :)
Beijinho :)
Discordamos e ainda bem, porque eu gosto imenso de ouvir e perceber pontos de vista diferentes do(s) meu(s) e os repectivos argumentos. E depois, se estivéssemos sempre todos de acordo, também seria demasiado desinteressante e até enjoativo - eheheh!
EliminarQuanto ao "me belisca", adivinhou: os jornais desportivos não fazem de facto parte das minhas leituras, sejam eles de que nacionalidade forem. Daí a minha ignorância ;) Mas já fiquei a saber que essa é uma expressão "normal y corriente" (para usar outra de que eu gosto muito!), nesse meio e nessa língua. Sempre a aprender, pois!... ;)
Beijinho :)