segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

"Madres paralelas": o talento de um contador de histórias

Sou suspeita: Almodóvar é um dos meus realizadores favoritos e não perco nunca os seus filmes, embora, naturalmente, não goste de todos de igual modo. Não podia, pois, deixar de ver "Madres paralelas", a sua mais recente obra, que valeu a Penélope Cruz um merecidíssimo reconhecimento de "Melhor Actriz" no último Festival de Veneza.
Como quase sempre, as mulheres estão no centro da narrativa, com as consagradas Penélope Cruz e Rossy de Palma, presenças expectáveis e até obrigatórias, muito bem acompanhadas por Milena Smit nos papéis de Janis, Elena e Ana, respectivamente, a representar a maturidade nos dois primeiros casos e a geração millenial, no último.
"Madres Paralelas" é um drama sentimental e histórico, pleno de peripécias dramáticas e de perturbadoras coincidências, mas também da estética fortemente colorida a que nos habituou Almodóvar, que concilia o universo feminino atual nas suas angústias, fortalezas, medos e vulnerabilidades, com os fantasmas do passado franquista e as feridas da Guerra Civil ainda por sarar. E fá-lo com o brilhantismo de que só os grandes contadores de histórias são capazes, tornando-o um filme simultaneamente doce e amargo, simples e complexo, intenso e perturbador, que nos fascina e emociona, como sempre acontece com as obras de arte, sem nunca cair na lamechice pateta, ou no melodrama excessivo. 
Não será o Almodóvar de que eu mais gostei, mas é sempre uma aposta segura e um filme a sugerir vivamente. Recomenda-se muito, pois claro!

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