sábado, 29 de junho de 2013

Devagar e a doer



http://www.youtube.com/watch?v=1kfdL6fffu0

Qual é o momento exacto em que um amor se apaga? Havia dias em que quase não pensava nisso; ia apenas empurrando a vida para a frente, fingindo acreditar que lá bem no fundo o essencial se mantinha intacto, agarrando-se teimosamente ao que sobrava daquele amor tão grande e tão antigo. Noutros dias doía-lhe a saudade  que ia ganhando um espaço cada vez maior e não sabia como deter.  Era então que os dias e as noites  lhe pareciam aumentar de tamanho e o silêncio preenchia tudo. E, no silêncio, sentia de novo, revivendo-os, o toque da pele, o cheiro, o sabor dos beijos e os arrepios de prazer, mesmo consentindo em que a realidade já era outra. E que tudo isso ia ficando cada vez mais longe. Mesmo pensando que amar é também deixar ir. E que sempre procurara fazer seu lema as palavras daquela canção: o seu amor, ame-o e deixe-o, ir onde ele quiser, ser o que ele é...
E depois havia momentos de solidão, em que se abandonava enfim  à tristeza e soltava as lágrimas, deixando a fragilidade e o desamparo tomar conta de si. Sabia que já nada podia voltar a ser como antes. E aceitava-o, à vezes resignada e outras inquieta. Já não se entregavam da mesma maneira, nem estremecia com o som da sua voz. Havia agora como um muro entre eles, ou pior ainda:  uma parede de vidro, que os deixava ver-se, mas não tocar-se, nem comunicar. Acontecia-lhe querer ainda o seu colo, mas o que encontrava eram olhos tristes e ausentes, cruzando-se com os seus, entre silêncios incómodos, ou palavras vazias de sentido. 
Perguntava-se onde, quando e porquê  teria morrido aquele amor sem tamanho, feito de paixão, de prazer, de mágoas e de saudade;  e de tantos momentos felizes e infelizes, que eram  as suas vidas quase inteiras; do amor vivido sem horas nem pressa, num tempo em que o amor tomava conta de tudo e era maior e mais forte que o resto do mundo; de quando estavam juntos e não havia mais nada para além deles os dois.
Lembrava-se daquele poema do Eugénio que nunca imaginara poder vir a sentir tão verdadeiro: Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;/era como se todas as coisas fossem minhas:/ quanto mais te dava mais tinha para te dar". 
Perguntava-se  o que  restaria da intimidade perdida. Ou se seria melhor uma adeus radical e definitivo, que nem sabia se podia aguentar. E temia não ser capaz de voltar a amar daquela maneira. Como tinha sido possível que um amor assim tivesse morrido, desgastado pelo tempo e pela vida, como uma qualquer coisa banal?
Qual é o momento exacto em que um amor se apaga?...

(Fotografia de Paulo Abreu e Lima)

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Pilates



Foi há mais ou menos oito anos que descobri o prazer e os benefícios das aulas de Pilates, das quais nunca mais consegui prescindir. E hoje, esta forma de exercício tão particular, faz parte da minha vida e constitui mesmo o momento verdadeiramente zen da minha semana.
Pilates é diferente de tudo o que experimentara e conhecera antes, porque me permite trabalhar todos os músculos do corpo sem andar a correr, que é uma coisa que eu odeio, e sem me esfalfar aos pulos. Nas aulas de Pilates, todos os movimentos são lentos, suaves e controlados.
Além disso, é também uma forma de exercício extremamente individualizada, devendo adaptar-se às características e necessidades de cada pessoa.
O método foi inventado no início do século XX por um alemão, Joseph Pilates, que pretendia superar as suas imensas limitações físicas, pois parece que sofria de problemas vários, como raquitismo, febre reumática e asma, através de diversos exercícios desenvolvidos em aparelhos que ele mesmo inventou, conjugando particularidades da medicina oriental com o estudo da anatomia e fisiologia humanas.
Influenciado pelo yoga, a meditação e as artes marciais, o Pilates ajuda a fortalecer e controlar de forma consciente todos os músculos do corpo, contribuindo também para uma maior flexibilidade, extensão e equilíbrio. Mas não é só isso. Melhora a postura, contribui para aumentar a concentração e o relaxamento, alivia o stress e, ao permitir maior consciência e controle corporal, aperfeiçoa e aprimora, até, a sexualidade. Só vantagens, portanto!...
Como sempre acontece em questões semelhantes, o Pilates expandiu-se por tudo quanto é sítio em versões muitas vezes adulteradas, que não são Pilates, nem coisa nenhuma. E que podem trazer mais malefícios do que ganhos. Uma aula com dez ou quinze pessoas, por exemplo, não pode ser levada a sério. Porque o professor não consegue estar atento a todos os alunos, nem eles deverão fazer todos as mesmas coisas. E há, também, muita gente a dar aulas de Pilates sem formação específica. Actualmente, qualquer professor de Educação Física lê um livro sobre este método e já se considera apto a dar uma aula de Pilates. Estou a exagerar um pouco, talvez. Mas esta não é uma realidade assim tão rara.
Eu tive  a sorte de encontrar uma excelente professora, séria, competente, rigorosa e muitíssimo especializada. E simpática, também, o que não é nada indiferente. O grupo também é o mesmo quase desde o início. Começámos por ser seis e agora somos só cinco, que é o número ideal. De certo modo o que nos une também já é quase amizade, o que faz com que as aulas sejam ainda mais agradáveis.
É só uma hora por semana, mas sabe-me pela vida. Porque o meu quotidiano é quase sempre a mil à hora. E esta pausa volta a pôr tudo no lugar certo: retempera  e afina o corpo, enquanto purifica a alma.
Para quem nunca experimentou, eu recomendo, pois. Numa versão a sério, claro está!...

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Amor infinito

 
Entre esta imagem, registada no final dos anos vinte, e a realidade do dia de hoje está tudo o que cabe na história de uma vida inteira: quantas alegrias e  tristezas, ansiedade e  sofrimento, coisas simples e outras mais complicadas, emoções várias, sentimentos profundos, felicidade e inquietude, risos, lágrimas, abraços, palavras e silêncios marcaram estes oitenta e oito anos?
O que aproxima as duas imagens, esta de um ontem já muito antigo e a de agora, é a fragilidade e a alegria que marcam o princípio e o fim da existência. O tempo passa e muda muita coisa; num certo sentido parece até voltar ao início,  na necessidade de mimos e cuidados redobrados para se ser feliz.
Até há pouco tempo, foi a sua mão que me guiou, os seus braços que me embalaram e o seu colo que me amparou todos os desgostos, mesmo aqueles de que eu nunca lhe quis falar. Hoje, é a minha mão  que  a ampara, e guia, e protege de perigos que os seus olhos e o seu pensamento já não conseguem antecipar nem prevenir.
Mas há também o que é sempre igual:  os nossos risos cúmplices e os nossos abraços apertados, onde cabem todos os colos e meiguices de que ainda precisamos. Porque quando tudo muda à nossa volta, o nosso amor de mãe e filha permanece forte e infinito, e mantem-se  inalterado, tal e qual como  o sorriso lindo e tranquilo que sempre me serenou e que eu hei-de guardar sempre comigo.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Uma amizade para a vida

 
Estes são para mim dias de festa e de alegria, pois para além do sol, do calor do mês de Junho  e do Verão a chegar, também é nesta altura do ano que se celebra o nascimento e a vida de pessoas de quem gosto muito,  daquelas que ocupam um espaço enorme no meu coração.
E porque em momentos assim não são precisas muitas palavras, basta um abraço apertado e o mais doce e demorado de todos os beijos; porque neles cabe tudo o que só nós sabemos e nem precisamos de dizer, o que passámos em todos estes anos, a cumplicidade e a harmonia secreta que nos liga  e uma reserva inesgotável de mimo e sentimentos bons, que são força, amparo e aconchego.
Há pessoas assim: que mudam a nossa vida, que despertam o melhor que há em nós e que nos ensinam a voar. Lembramos ainda o momento exacto em que nos conhecemos e ao mesmo tempo parece que nos conhecemos desde sempre. E são estes afectos desmedidos, que vêm para ficar e se nos instalam no coração, que dão sentido aos nossos dias. Porque na amizade verdadeira cabe tudo. Porque a amizade verdadeira é também amor. Para guardar e cuidar a vida toda!...
 

domingo, 23 de junho de 2013

A maior lua cheia do ano

 
(...)
Dentro da escuridão
Procuro a noite inteira
Onde você está
Ó lua feiticeira

Lunera ó luna lunera
Luna
Lua feiticeira
Ai de quem de mim te escondeu
Lua luar
Lua luar
Dona sol
Renasce e vem dançar

(...)
 
Dizem que, hoje, a lua será catorze por cento maior do que habitual e trinta por cento ainda mais brilhante. É por volta das nove da noite que ela atinge o "perigeu", o ponto da sua órbita mais próximo da Terra, o que não voltará a acontecer desta forma nos próximos dezoito anos.
Mas, para lá de todas as explicações científicas, hoje o dia é para olhar para o céu. E deixar-se encantar pela misteriosa e enfeitiçante  luz da lua...

(Fotografia de Paulo Abreu e Lima)


 

sábado, 22 de junho de 2013

Tu cá, tu lá



Não sou  uma daquelas pessoas que trata toda a gente por tu. E, do mesmo modo, também não gosto muito que pessoas que não me conhecem, ou que me conhecem mal, me tratem logo assim. Não sei se é por mania, por educação, ou qual o motivo que explica tudo isto.
Quando era pequena, comecei a tratar a minha mãe por tu e o meu pai por você. Ao perceber essa diferença, quis entendê-la, primeiro, e emendá-la, depois. A justificação que encontrei para o facto era, pelo menos, lógica: na verdade sempre vivemos muito mais próximos da família materna do que da paterna e a proximidade física, já que até o prédio era o mesmo, fez-nos começar a utilizar, naturalmente, as formas de tratamento que estávamos habituadas a ouvir. E depois já não foi possível emendá-las, porque o hábito, por mais estranho que fosse, estava instalado. Para sempre.
Se calhar foi isso que "baralhou" tudo. Na verdade, há pessoas que eu trato por tu e outras não, apenas porque me parece que é o que deve ser. 
Além disso, há coisas que creio não fazerem sentido. Quando andava no liceu, por exemplo, um dos melhores professores que tive, daqueles que recordamos a vida toda, queria que lhe chamássemos "Tózé". Gostava imenso dele,  era tudo o que eu acho que um professor deve ser,  mas aquela forma de tratamento parecia-me deslocada e descabida. Não fui capaz.
Também não trato os meus alunos, nunca, por tu. Não consigo. Alguns acham isso estranho. Outros não gostam. Mas habituam-se. Eles a mim, nem pensar.
Dir-se-ia que o tu é uma forma de tratamento que exige maior intimidade, que vem com o tempo, mas não é sempre assim. Nos locais de trabalho há  pessoas que costumo tratar por tu e outras não. E custa-me, às vezes, mudar de um registo para outro. Sempre que surge o "por que é que não nos tratamos por tu?" e se decide mudar, levo tempo a habituar-me e vou misturando as duas coisas.  Mas acho que isto, ou algo parecido, deve passar-se com toda a gente.
E outra questão de certo modo relacionada com esta é a dos beijos. Habituei-me, desde a minha mais longínqua infância, pelo menos desde que me lembro,  a dar um beijo às pessoas que me são íntimas e dois às outras todas. Ou seja: um beijo está obrigatoriamente associado a um sentimento. Dois não. É um mero ritual de saudação, uma simples cortesia, um gesto quase maquinal, esvaziado de emoção. Há pessoas que acham que dar um beijo é mais "chique" e dois mais "popularucho". Para mim não é nada disso. É o que distingue o afecto  do cumprimento. Só. E se em vez de um, ou dois, der muitos, isso então já é amor. E um caso sério, mesmo!...

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Noites de Verão


http://www.youtube.com/watch?v=C9OnFys0wMA

Daqui a pouco mais de três horas começa o Verão. Tempo de calor excessivo e de corpos suados, de desleixos, de moscas e de bichos, mas também de despreocupação e de abandono, do vagar  de ver a vida correr, de peles  a saber a sol e a mar, de noites quentes e quietas, de luas enormes e de cigarras a cantar, de desejos indomáveis e de amores breves, de beijos ardentes e molhados, de palavras apaixonadas, sinceras  e inconsequentes. E da vontade irreprimível, imoderada e insensata de te ter sempre perto.

(Fotografia de Paulo Abreu e Lima)

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Convicções


Sou assim: quando gosto é sempre muito e quando não gosto é mesmo nada. Sem meio termo. Entre uma coisa e outra fica tudo o que me é indiferente e que às vezes nem reparo que existe. Ou, se sim, não quero saber.
Eu gosto de Paulo Portas. Gosto muito! E gostava, até, que houvesse mais políticos como ele. E que fosse ele a estar à frente dos destinos do nosso país. 
Porque eu ouço-o e concordo com ele. Admiro-lhe a inteligência e a capacidade de comunicação e de trabalho, a garra com que defende aquilo em que acredita, o patriotismo e o sentido de estado, a dedicação ao partido e ao país. E também a capacidade de fazer política no verdadeiro sentido do termo. O bom senso. A personalidade forte e decidida. A educação. Tanta coisa...
O Paulo sempre foi muito criticado, como é próprio de quem é bom naquilo que faz. Terá cometido alguns erros no seu percurso, como todos nós, terá defeitos e qualidades como toda a gente, mas o que tem de bom é de certeza muito maior e melhor do que o que é menos bom.
Gostaria de saber o que fariam, no lugar dele, todos os que o acusam das mais diversas coisas. Mas prefiro não ver. É que falar é sempre muito mais fácil. Quantos não teriam já voltado as costas, lançando-nos num caos ainda maior?
Eu chego a ter vontade de lhe agradecer. Pela coragem de aceitar governar em condições tão adversas um país arruinado, humilhado, destruído. Porque acredito que sem o CDS no governo o país estaria ainda pior do que está hoje. Porque consigo imaginar como têm sido difíceis e duros os seus dias.
E foi  justamente por achar, um dia, há dois anos e tal, que não bastava estar em casa, na comodidade e no conforto do meu sofá, a "mandar bocas" sobre o que se faz e o que poderia ser feito, num momento em que o país "batia no fundo" e se aproximava vertiginosamente da bancarrota, que eu achei que era a altura de "arregaçar as mangas" e disponibilizar-me também para fazer alguma coisa no que entendessem que o meu contributo, mesmo pequeno, poderia ser uma ajuda.
Um partido tem coisas boas e más, como a vida. O partido a que  pertenço é um partido plural, onde há diferentes opiniões e todas se fazem ouvir. Só é pena que nem sempre, no entanto, as pessoas escolham a melhor maneira de o fazer, a mais correcta. Mas isso acontece por todo o lado. E é incontornável.
Foi também por isso que aceitei que o meu nome fosse incluído nas listas das autárquicas, que era uma coisa que, até há bem pouco tempo, não me passaria nunca pela cabeça. Fi-lo porque acredito que, todos juntos e com Paulo Portas, havemos de conseguir fazer de Portugal um país melhor, do qual possamos sentir verdadeiro orgulho.

(Fotografia de Isabel Santiago Henriques)

terça-feira, 18 de junho de 2013

E agora algo completamente diferente


Hoje o meu dia foi tão cheio de coisas, que me deixou exausta, a precisar de me virar um bocadinho para dentro, de  me deixar estar quieta, no silêncio e na calma que me devolvem a paz. E só a música me dá este colo de que preciso agora.
É muito antiga, sim, mas para mim continua a ser uma das mais bonitas canções de sempre. Hoje, é isto...

domingo, 16 de junho de 2013

O exame de Português


Amanhã é o dia do exame de Português, a realizar por todos os alunos do 12º ano. Será? Infelizmente, julgo que não. Às vezes orgulho-me de ser professora; e outras, muitas outras, envergonho-me. Sei muito bem do que falo. Conheço bem demais os professores (que também sou). Conheço-os no que há neles de bom, de excepcional até, nalguns casos; e também no que há neles de mais desprezível e medíocre. Conheço a escola há muitos anos, como aluna primeiro e como professora depois, por dentro e por fora.  Tive ainda o privilégio de poder trabalhar do lado de fora, o que me deu uma visão muitíssimo mais abrangente da vida das escolas numa área geográfica alargada, e que é uma experiência que, simultaneamente, enriquece e assusta.
Como li hoje no DN, num artigo de opinião de Alberto Gonçalves, a classe docente não é "uma entidade abstracta, sempre maravilhosa, incansável e esclarecida (...) Fabricar uma imagem idílica da docência é equivaler as fraudes aos profissionais sérios - e caluniar estes."
A mim custa-me ver um professor que se manifesta aos gritos na rua e que quando lhe perguntam o que move apenas consegue dizer: "Isto está tudo muita mal!". Custa-me sobretudo assistir a este mau exemplo educativo: passar para os alunos a mensagem implícita que vale tudo para se tentar obter o que se pretende.
Dizem que o Governo e Ministro se têm mostrado demasiado inflexíveis. Pode até ser. Ou não. Então e a solução é responder com uma inflexibilidade ainda mais cega?
O programa de Português do 12º ano é difícil. Eu gostava de ver aqueles que dizem agora estar a defender "a qualidade do ensino" e a "escola pública" revoltarem-se no quotidiano e ensinarem os alunos desde o 7º ano, pelo menos, ou ainda antes, a pensar, a ler, a escrever e argumentar, para eles não chegarem ao 12º e se verem de repente confrontados com a necessidade de o fazer, sem serem capazes. Porque isso leva anos a exercitar. E que em vez disso não ensinassem as "modalidades epistémicas com valor de possibilidade", os "actos ilocutórios assertivos", os "enunciados com valor de genericidade ou especificidade" ou outras designações bárbaras como "orações subordinadas adjectivas relativas explicativas" (é só uma frase, imagine-se...). Mas sobre isto, que não serve para nada, ninguém fala. Obedece-se e pronto. Até dá menos trabalho do que pôr os alunos a pensar e a escrever...
Por isso, não me venham agora falar em preocupação com "o ensino de qualidade". O que preocupa os professores é antes de mais os seus umbigos. As 40 horas. Os ordenados. A avaliação. As condições de trabalho. E até é legítimo. Mas há que assumi-lo!..

Hoje, no blog "Duas ou três coisas", de Francisco Seixas da Costa, encontrei isto, que não podia vir mais a propósito:

(...)
Os sindicalistas professores têm assim toda a razão em arguirem em favor da legalidade da sua ação, mesmo em dia de exames, mesmo induzindo uma considerável perturbação numa data muito importante para a vida dos estudantes, mesmo com efeitos negativos sobre os esforços feitos pelos respetivos pais, num tempo económico-social de rara complexidade, com vista a assegurarem o êxito académico dos filhos. Um direito é um direito: a democracia impõe que nunca se conteste o respetivo exercício.

Percebo isto muito bem, porque, também eu reivindico o meu inalienável direito de pensar o que, de há muito, penso sobre o sr. Mário Nogueira e sobre a estratégia do "quanto pior melhor" que orienta as forças políticas que, com tanto sucesso, o tutelam. Desse direito não prescindo e, em democracia, nem sequer necessito de um sindicato para o impor.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Greve(s)


Tenho evitado o assunto. Não queria falar disto, juro. Por variadíssimas razões. Mas vai ter que ser. Não resisto.
Sobre a greve dos professores, tenho ouvido as mais diversas barbaridades e incorrecções, vindas de todos os lados. Nada a ver com opiniões pessoais, que cada um tem a sua e pode exprimi-la livremente. Ou pelo menos deveria poder ser assim.
Mas sobre factos concretos, também. Como sobre o número de exames que cada aluno faz, por exemplo. Ora um aluno de 12º ano faz apenas dois exames, desde que não faça melhorias, nem tenha disciplinas em atraso. No caso, tanto faz que sejam dois como  dez. É sempre uma situação de tensão, que pode ser vivida com maior ou menor ansiedade consoante o feitio de cada um. Já todos passámos por isso. É incontornável.
Obviamente não é indiferente que o exame se realize no dia marcado, ou noutro dia qualquer. Porque um aluno prepara-se para fazer uma prova num determinado dia. E se o dia mudar continua preparado. Mas a incerteza sobre a realização da prova no dia previsto vem certamente aumentar o nervosismo inerente à situação de estar a ser "posto à prova", que é mais fortemente sentida no 12º ano, porque disso depende muito do que vem depois. Para os alunos empenhados e trabalhadores, claro. Porque para os "cábulas", tudo tanto faz...
A última "piada" que vou lendo agora por aí e me faz sorrir, no mínimo, é a de que esta greve tem como motivação a "defesa da escola pública". Ou a "qualidade do ensino" de que dá tanto jeito falar nestas alturas e se perdeu quase totalmente há muitos anos e também por culpa dos professores (nos quais me incluo) que por inércia, comodismo, cansaço e tantas outras coisas foram compactuando com toda a espécie de políticas educativas e as mais diversas "experiências" pedagógicas, com um denominador comum: o facilitismo. E que escolhem quase sempre o caminho mais fácil: encolher os ombros e calar-se, permitindo tudo e obedecendo sem pensar. E assim se foi deixando que a escola se tornasse, cada vez mais, um lugar onde o rigor e exigência são o que menos importa. E isto tanto no público, como no privado. Com excepções aqui e ali, como sempre acontece.
Têm razão de queixa os professores? Sim, como tantas outras classes profissionais. Têm direito à greve e a manifestar o seu descontentamento? Com certeza. Vale tudo? Acho que não!
Soube, por exemplo, que em muitas escolas os professores se organizaram para faltar um a cada reunião de modo a não realizar as reuniões de avaliação. Escolhem em geral o que ganha menos, um contratado, e depois dividem por todo o Conselho de Turma o dinheiro que ele perde por esse dia de greve. E pagam-lhe. Por todo o Conselho de Turma? Então e os que não querem fazer greve? Pagam também, explicaram-me. Como?
Não misturemos tudo: posso imaginar-me aluna, mãe, professora, sindicalista, ministra, o que for. (Bom, tenho uma certa dificuldade em imaginar-me sindicalista...) De qualquer dos pontos de vista não consigo deixar de achar que era melhor que os exames se realizassem nas datas previstas. E o resto é outra coisa...

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Lisboa em festa (III)


É hoje! A noite maior do ano, em que Lisboa não dorme nem descansa e dança até ao amanhecer, vestida de cores garridas, de luz e de festa.
Hoje, Lisboa é toda alegria e encantamento, azul noite e amarelo da luz do sol, a brilhar sobre o rio ao fim da tarde.
Ninguém a ama como nós, ninguém a diz como os (seus) poetas:

http://www.youtube.com/watch?v=TP4BnfUm0eI

Se uma gaivota viesse
Trazer-me o céu de Lisboa
No desenho que fizesse,
Nesse céu onde o olhar
É uma asa que não voa,
Esmorece e cai no mar.


Que perfeito coração
No meu peito bateria,
Meu amor na tua mão,
Nessa mão onde cabia
Perfeito o meu coração.


Se um português marinheiro,
Dos sete mares andarilho,
Fosse quem sabe o primeiro
A contar-me o que inventasse,
Se um olhar de novo brilho
No meu olhar se enlaçasse.


Que perfeito coração
No meu peito bateria,
Meu amor na tua mão,
Nessa mão onde cabia
Perfeito o meu coração...

                                         (Alexandre O'Neill)


É varina, usa chinela
Tem movimentos de gata
Na canastra a caravela
No coração a fragata

Em vez de corvos no xaile,
gaivotas vêm pousar.
Quando o vento a leva ao baile,
baila no baile com o mar.

(...)
Vende sonhos e maresia
Tempestades apregoa
Seu nome próprio Maria
Seu apelido Lisboa
                              (David Mourão-Ferreira)

Alguém diz com lentidão:
"Lisboa, sabes..."
Eu sei. É uma rapariga
descalça e leve,
um vento súbito e claro
nos cabelos,
algumas rugas finas
a espreitar-lhe os olhos,
a solidão aberta
nos lábios e nos dedos,
descendo degraus
e degraus
e degraus até ao rio.

                             (Eugénio de Andrade)



Hoje, esta noite é toda nossa. E de Lisboa. Siga o baile...


domingo, 9 de junho de 2013

Lisboa em festa (II)



http://www.youtube.com/watch?v=v6P68KXeBy4

É na semana que agora começa que Lisboa vive plenamente a sua festa, num frenesim de alegria que se espalha aos quatro ventos, com  espectáculos, exposições, arraiais e toda  uma programação diversa, para todos os gostos, que junta o mais popular ao mais elitista e/ou  intelectual, nas ruas, nos teatros, nos cinemas, nas lojas tradicionais e um pouco por  todo o lado.
Nos bairros populares vive-se a Lisboa mais castiça, assumidamente boémia, marinheira, varina e fadista, das sardinhas e dos manjericos, das marchas e das procissões, de ruas enfeitadas com cores garridas e varandas floridas, de pregões, de algazarras de vozes que duram até ser dia, dos bailes e dos santos, Santo António e São Vicente, que a inspiram e abençoam.
Nestes dias, os elevadores da Glória, da Bica e do Lavra "vestem-se" a rigor, há animação nos eléctricos e nas praças, um baile em casa esquina, cinema ao ar livre, feiras de rua, DJs nos jardins, jazz ao fim do dia, concertos, bandas filarmónicas, provas desportivas e tantas outras iniciativas que se multiplicam até à exaustão e que tornam Lisboa ainda mais especial, nos dias que anunciam o Verão e o antecipam, porque se vivem ao ar livre, noite fora, em exaltada e excessiva euforia.
Tenho por  Lisboa um amor desmedido e inabalável, superlativo, diferente do que sinto por todas as outras cidades de que também gosto. Porque Lisboa é minha!
Orgulho-me de ter nascido e de viver neste lugar tão romântico e encantador, que eu sei de cor e conheço a pé, nos seus mais escondidos recantos, nas vielas estreitas de Alfama e nas largas avenidas e praças, com o Tejo sempre à espreita,  fazendo-se desentendida e adormecendo embalada pelas suas águas quietas, em incessante e antigo namoro.
E, no entanto, tal como acontece com os amores  que duram no tempo, conheço-a bem, e mesmo assim Lisboa continua a ser capaz de me surpreender e enfeitiçar, de me fazer sonhar deslumbrada pela sua luz maravilhosa e única, que em Junho ganha um esplendor ainda  maior.

(Fotografia de Paulo Abreu e Lima)

sábado, 8 de junho de 2013

Arrebatamento


Quando estive em Barcelona fui, obviamente, ao Tablao de Carmen. Ontem, nove anos depois, foi o Tablao de Carmen que veio a Lisboa, ao CCB.
Não sei explicar o que há nesta música e nesta dança que mexe tanto comigo. Mas é sempre uma emoção enorme. Indizível. Uma daquelas coisas que só se sentem e não se conseguem dizer. Como todas as paixões.
Se eu acreditasse na reencarnação, e se pudesse escolher, na próxima vida era isto que eu queria:  dançar flamenco assim...

sexta-feira, 7 de junho de 2013

O que o tempo faz ao amor



Sou suspeita. Já o dissera há três ou quatro meses: esta era, para mim, a estreia cinematográfica mais aguardada do ano. Por isso tive que ir ver o filme logo no primeiro dia. E não me desiludi...
"Antes da meia-noite" (Before Midnight, no original) é a continuação de dois dos meus filmes preferidos. Neles se conta, ao longo do tempo, a história de amor de Jesse e Céline (Ethan Hawke e Julie Delpy). Entre cada um, há nove anos de intervalo. E essa coincidência entre o tempo da história e o tempo da narrativa é talvez um dos motivos que lhes confere maior encanto e originalidade. Na verdade, encontrar Jesse e Céline ao fim de nove anos é como encontrar velhos amigos, notar-lhes no corpo o efeito da passagem dos anos e saber o que foi feito das suas vidas.
O argumento é banal, escrito pelos próprios actores, em co-autoria com o realizador, Richard Linklater. Mas é precisamente o realismo do que nos é contado que o aproxima de nós. No fundo, a sua história é uma ficção e nós sabemo-lo, mas também podia ser a nossa. Porque estas personagens são como nós; e o que elas dizem, sentem e vivem, também já nós alguma vez dissemos, sentimos ou vivemos. Naquele olhar meio malandro de menino bom que tem Etan Hawke, por exemplo, eu consigo (re)ver algumas pessoas que conheço.
No filme de agora encontramos Jesse e Céline dezoito anos depois do primeiro encontro em Viena (Before Sunrise) quando só tinham vinte anos e ainda tinham tudo por viver. E nove anos depois do de Paris (Before Sunset), a paixão amadurecida pelo tempo e reavivada pelo reencontro inesperado, como uma promessa de felicidade próxima da concretização.
Em Before midnight, Jesse e Céline, desta vez na Grécia, são um casal igual a tantos outros, com uma relação minada pela rotina do quotidiano e pelo desgaste do tempo, numa demonstração clara de que mesmo os grandes amores, aqueles da vida toda, sobrevivem mal à passagem dos anos. Que têm uma espécie de prazo de validade. E, tal como nos outros dois, o filme vive mais do diálogo do que da acção. Nós limitamo-nos a acompanhar os passeios e as conversas dos dois, o que não é pouco.
E, no entanto, percebemos que apesar de se conhecerem nos mais pequenos detalhes, com tudo o que isso tem de bom e mau, apesar da cumplicidade e de uma infinidade de coisas que os une e que os separa, o que os liga ainda perdura, em momentos fugazes de prazer, ou de romantismo, dos quais as cenas do pôr-do-sol a que assistem juntos (still there, still there) que é bonita apesar de ser um pouco "lugar-comum", ou a enternecedora cena final, são exemplos paradigmáticos.
E, nem que seja porque o amor é a melhor  e a maior parte da vida, vale a pena ver este filme. Eu adorei!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Resistir



Uma língua é o lugar de onde se vê o Mundo e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir. Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto. Por isso  a voz do mar foi a da nossa inquietação.
(Vergílio Ferreira)
 
 
"A unidade da língua não se faz por imposição de acordos ortográficos; faz-se, como muito bem perceberam os hispânicos e os anglo-saxónicos, pela partilha da sua diversidade. 
(...)
Pode haver mil acordos pretensamente unificadores, mas os brasileiros continuarão a dizer trem, enquanto nós dizemos comboio, vão de ônibus, enquanto nós vamos de autocarro, eles chamarão geladeiras aos nossos frigoríficos. (...) Não é bom nem é mau: é um facto. Que deve ser assumido com toda a naturalidade. Qualquer idioma, aliás, só tem a ganhar se for plural e multifacetado. É um sinal inequívoco de que está vivo.
(...)
Em sociedades verdadeiramente cultas, as regras ortográficas mantêm-se praticamente sem alteração.
(...)
A etimologia é configuradora de memória e de cultura. Línguas que mantêm na escrita a memória etimológica tornam-se mais aptas à elaboração e construção do pensamento. (...) As palavras, ao ficarem desprovidas de raízes, acabam tristemente desfiguradas. O maior factor de unidade e estabilidade de uma língua é a etimologia.
(...)
O conceito de base do acordortografiquês é adequar a escrita à oralidade. (...) Afirmar que uma língua deve ser escrita "como se lê" é puro disparate: se a escrita antecede a leitura, como é que a norma ortográfica pode estar condicionada por algo que lhe sucede em vez de a preceder?
(...)
Reduzir as palavras à fonética, por imposição de um acto legislativo e não pela natural progressão civilizacional, é inaceitável. Porque faz tábua rasa de séculos de elaboração e evolução linguística.
(...)
A maior originalidade  do AOLP (...) é a manutenção de um sem-fim de "facultatividades". (...) O que significa aquele palavrão? Significa a convicção implícita por parte dos membros do AO de que a unificação ortográfica é inalcançável.
(...)
A variedade lexical, vocabular, sintáctica e ortográfica de cada comunidade falante de língua portuguesa (...) é um sinal inequívoco de riqueza cultural. Suprimi-la é um atentado de lesa-cultura.
(...)
O acordortografiquês tem enfrentado inúmeros actos de resistência. Que não é passiva. Pelo contrário, é - e gaba-se de o ser - muito activa. Abrangendo gente de todas as idades, profissões, ideologias e camadas sociais.
A resistência abrange muitos dos mais qualificados utilizadores da língua portuguesa na sua versão escrita.: escritores, cientistas, linguistas, jornalistas, professores, pedagogos, historiadores, (..) cronistas, (...) bloguistas (...)
(...)
Recusar ler na grafia acordística é um acto de cidadania acessível a qualquer de nós. (...) Certas livrarias já têm secções específicas para livros destes, pensando precisamente nos portugueses que recusam o acordo."
 
Estas são algumas passagens do livro de Pedro Correia, que acabei agora de ler e de que já falei aqui. Chama-se Vogais e consoantes politicamente incorrectas do acordo ortográfico e recomendo-o vivamente. Numa linguagem simples e directa, explica o absurdo deste acordo, que não chega a ser acordo nenhum, o seu surgimento baseado em critérios políticos e não científicos, e todas as "trapalhadas" que dele advêm. E o caos em que se tornou, hoje, a utilização da língua portuguesa. O melhor exemplo disso é, aliás, o facto de apesar de ser "obrigatório" utilizar o AO nas escolas, os Exames Nacionais admitirem as ortografias pré e pós acordo, que podem, inclusivamente,  coexistir na mesma prova, feita pelo mesmo aluno. Ou seja: tudo é permitido.
Hoje, já quase ninguém defende o AO, pelo menos abertamente;  as opiniões dividem-se entre os que se lhe opõem  de forma veemente e se recusam a segui-lo e a aplicá-lo e um grande número de indiferentes, aqueles para quem quase tudo "tanto faz", que serão talvez os mesmos que têm tendência a votar em branco, que é uma coisa que eu também não consigo compreender. Mas isso é outra história...
A mim, que não sou de meias-tintas, dói-me na alma ver a minha língua ser assim espezinhada, vilipendiada  e mais maltratada que nunca.
Sou contra este AO, como sou contra a Nova Terminologia Linguística (de que estranhamente quase ninguém fala) e contra tudo o que contribua para o empobrecimento da língua portuguesa. Quem gosta dela,  tem o dever cívico de se insurgir contra este (des)acordo. E de lhe resistir.


quarta-feira, 5 de junho de 2013

Para sempre


Há amores assim, inabaláveis e resistentes ao tempo, imunes às mais dolorosas nódoas negras e às cicatrizes mais fundas, que se desgastam, que se alteram, mas que não morrem nunca. E que valem a vida.
E depois, há também certos dias em que, na urgência de ti, sobram as palavras e me ocupas o espaço todo de existir e os teus olhos me bastam...

terça-feira, 4 de junho de 2013

Em modo zen


Provavelmente, não vou poder voltar a ter férias no mês de Junho. Daqui em diante, o mais certo é voltar à pausa entediante e obrigatória do mês de Agosto. E, apesar de nunca me preocupar excessivamente com o que virá depois, essa quase certeza faz-me querer agarrar com força este momento e vivê-lo o mais intensamente possível, aproveitando-o em cada bocadinho.
Agora, é tempo de parar as correrias e acalmar as ansiedades, longe dos deveres a cumprir e de todos os minutos contados. De viver no prazer de fazer tudo muito devagar. De me virar para dentro de mim e ficar em silêncio, a sós comigo, no mundo dos meus pensamentos e sensações.
Às vezes preciso destes parêntesis para me concentrar no que está cá mais no fundo, para evoluir e escolher o que quero fazer, num universo de possibilidades infinitas. É o tempo de balanços, de projectos e de prioridades, de traçar novos rumos e de tomar decisões, mas também de coisas  práticas e banais: de me deixar ficar no conforto e no aconchego da casa, de me dedicar a ela com  afinco, de limpá-la, arrumá-la e redecorá-la com o rigor e a minúcia de um grande "bate, escova, aspira" anual, dando uma atenção excessiva a cada pormenor; ou, simplesmente, de me deixar levar pela vontade mais imediata, de gozar a tranquilidade e a paz de vaguear ao sol pela cidade, de olhar o rio ou as estrelas, de ouvir o mar, de sentir o calor do sol no corpo molhado, de ter tempo para estar com quem eu gosto, dos abraços sem pressa, de me entregar a tudo com a emoção e o pasmo exaltado de quem se entrega a um novo amor. E afinal, há tantas coisas boas à minha volta...
Nos próximos vinte e sete dias é esta calma que me guia, no luxo imenso de ser dona do meu tempo. Depois, são mais dois meses  e, então, começa um novo ano e uma nova vida.

(Fotografia do blog Pé de Meia, de mfc)

domingo, 2 de junho de 2013

Le temps des cerises


http://www.youtube.com/watch?v=ncs4WlWfIZo

Quand nous chanterons le temps des cerises
Et gai rossignol et merle moqueur
Seront tous en fête
Les belles auront la folie en tête
Et les amoureux du soleil au coeur
Quand nous chanterons le temps des cerises
Sifflera bien mieux le merle moqueur

Mais il est bien court le temps des cerises
Où l'on s'en va deux cueillir en rêvant
Des pendants d'oreilles
Cerises d'amour aux robes pareilles
Tombant sous la feuille en gouttes de sang
Mais il est bien court le temps des cerises
Pendants de corail qu'on cueille en rêvant

Quand vous en serez au temps des cerises
Si vous avez peur des chagrins d'amour
Evitez les belles
Moi qui ne crains pas les peines cruelles
Je ne vivrai pas sans souffrir un jour
Quand vous en serez au temps des cerises
Vous aurez aussi des peines d'amour

J'aimerai toujours le temps des cerises
C'est de ce temps-là que je garde au coeur
Une plaie ouverte
Et Dame Fortune, en m'étant offerte
Ne saura jamais calmer ma douleur
J'aimerai toujours le temps des cerises
Et le souvenir que je garde au coeur

sábado, 1 de junho de 2013

Lisboa em festa (I)


Junho é o mês de Lisboa. Março é meu. São os meses de que mais gosto. Entre um e outro, fica a Primavera toda...