terça-feira, 30 de julho de 2013

Nostalgia(s)




Tu deviens responsable pour toujours de ce que tu as apprivoisé


Há, na vida quotidiana, muitos momentos sublimes que deveriam poder eternizar-se ...

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Falta-me o mar


Este foi um Julho atípico, marcado por aquela malvada constipação, ou virose, ou lá o que foi que me ia dando cabo de um ouvido, e tantas outras incertezas, ilusões, desilusões, desassossegos, ansiedades, com as mais diversas origens, que me mantiveram afastada da praia o mês inteiro.
É verdade que agora só me restam os fins de semana e que eu dispenso e  às vezes até evito as enchentes típicas da época, com criancinhas aos guinchos, música aos berros, calor em excesso e todas as variantes do(s) lazer(es) massificado(s).
E, no entanto, falta-me o azul imenso e a vastidão das águas onde preciso de pousar os olhos e deixá-los ficar, porque é nessa visão contemplativa e extasiada de céu e mar juntos, ou no aparato da onda que se lança desabrida sobre a areia da praia, que me reequilibro e volto a sentir a harmonia do mundo e da vida e redescubro a paz interior que me dá a força de acreditar e prosseguir.
Um dia destes, tenho mesmo que ir vê-lo...

sábado, 27 de julho de 2013

Paixões Proibidas


Não gosto de dizer "nunca",  e é verdade que no amor há muito de irracional e de inexplicável, mas dificilmente me imagino a amar um homem muito mais novo ou muito mais velho do que eu. Porque, digam o que disserem, me parece que a idade conta.  E porque há entre mim e as pessoas que são mais ou menos da minha geração (vá, com uma diferença de até dez ou doze anos para cada lado) uma cumplicidade imediata que nos faz entendermo-nos de um modo muito natural e sentirmo-nos inevitavelmente mais próximos, porque vivemos as mesmas coisas nas mesmas alturas.
Pensei nisto a propósito do filme "Paixões Proibidas" (Two Mothers, no original), uma história de amor e de transgressão.
Realizado por uma luxemburguesa, Anne Fontaine, que curiosamente viveu a sua infância em Lisboa, adapta um conto de Doris Lessing, de 2003, The Grandmothers,  e conta a história, pouco banal, de duas amigas de infância quase inseparáveis, Lil e Roz, que se envolvem passionalmente, ambas, com o filho uma da outra.
Interpretado de forma notável por Naomi Watts e Robin Whright,  aborda os temas da amizade, do amor e do desejo, num lindíssimo cenário australiano, uma praia paradisíaca que parece um lugar longe do resto do mundo, tal como a história,  fora do comum, complexa e tocante, visualmente bonita como a paisagem, que nos  seduz  e incomoda no modo envolvente como trata a vertigem e o desregramento do desejo, a incapacidade de lhe resistir. E, no entanto, o filme, tocando com audácia um assunto mais ou menos tabu, fá-lo sempre com prudência e uma certa melancolia, aflorando também o medo do envelhecimento, pois é como se houvesse naquelas duas mulheres maduras uma tentativa, entre o patético e o desesperado, de se agarrar a uma juventude perdida; e levantando ainda outras questões, como  a procura da felicidade e a sua ilusão.
É um filme sobre os limites do amor, um filme de grande beleza e sensualidade, ao qual é impossível ficar indiferente. Eu gostei. E acho que vale a pena vê-lo.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Do avesso



Sabia que aqueles eram tempos de mudança. Nem que fosse de maneira intuitiva, percebia com clareza que em si e na sua vida tudo se tornara muito diferente, dando força à ideia que  lhe fora tão difícil entender e aceitar, de que tudo tem um fim e a vida não volta atrás.
Mesmo se às vezes a saudade ainda lhe doía, as lembrança boas lhe ensombravam algumas horas dos dias e uma mistura difusa de culpa, tristeza, nostalgia e desencanto se apoderava do seu ânimo. Mesmo se a incerteza do que viria depois a fazia hesitar e ter dúvidas sobre tantas coisas, ora deixando-se levar pelo coração, sem pensar, ora não querendo coisa nenhuma e caminhando  simplesmente, sem certezas nem quereres, confiando em si e na sua força, amando a sua liberdade, que lhe parecia ainda maior que antes, ou, até, sonhando outras vidas e novos começos.
O calor não ajudava a serenar o corpo e a sossegar o coração, que nalgumas noites se lhe adiantava,  indomado e inquieto, destapando vontades e desatando aquele fogo que, às vezes, até parecia  queimar pelo lado de dentro. E depois havia também as outras noites,  as que se viviam  em solidão e desalento desmedidos, que a levavam a assumir todas as suas fragilidades e temores, a contemplar as estrelas em silêncio e a percorrer imagens que nem sabia se eram reais ou se existiam apenas no universo onírico em que se sentia enredada, absorta num mundo novo de possibilidades infinitas, que ansiava e temia em proporções iguais, que queria tanto e se recusava a aceitar, feito de desejos prementes e vontades inconfessadas e incertas, mas cada vez mais acesas.  
A existência parecia-lhe envolta em brumas  que não a deixavam ver com absoluta nitidez, em ventos que a empurravam em várias direcções,  em terrenos pouco sólidos, feitos de areia fina, onde é tão fácil enganar-se no caminho, perder-se e soçobrar. Sabia que a razoabilidade lhe pedia paciência, esperas, deixar o tempo e a vida correr. Sabia muito bem que querer é deixar ir, prender e soltar.
Mas sabia também das alturas em que era como se o mundo inteiro acabasse nela  e no que lhe explodia no peito, um turbilhão de emoções contidas que se soltam de repente,  na urgência de se revelar.
E então pensava em bocas que lhe aliviassem a sede, em mãos que lhe percorressem o corpo, acalmando o desejo e protegendo-a de todos os perigos e medos; e em olhos  perdidos no fundo de outros olhos, em risos e vozes e cheiros e em beijos demorados, que tantas vezes imaginava a que saberiam e que não se cansava de querer, no silêncio dos seus pensamentos. E nos abraços de uns braços fortes e bons à volta do corpo, num colo onde pudesse deitar a cabeça e sentir-se protegida e aconchegada. E deixar-se ficar assim, envoltos no mesmo abraço sem palavras, na entrega sem pressa do início do amor,  com o tempo suspenso, a novidade de uma vida nova e uma espécie de inexplicável superstição de nenhum se atrever a afastar-se do outro antes da luz de um novo dia se deixar antever ao longe.
E queria ficar muito tempo naquele feitiço paralisante em que tudo podia parecer tão perfeito e diferente da realidade quotidiana, perdida em mil devaneios, nos  desvarios de mundos cruzados e vontades indizíveis que às vezes era preciso levar um dedo até aos lábios para indicar que se mantivessem assim. E torná-lo verdade.  E repeti-lo muitas vezes, na serenidade e na paz de vontades em sintonia. 
Convencia-se que a vida é feita de incertezas, mistura de sonho e realidade e vontades insensatas, como as que lhe enchiam o espírito no torpor sonolento que o calor das noites de Verão embalava, como uns braços onde sabe bem ficar, em  evidente antecipação do paraíso. E vinha a certeza que o amor emociona tanto que pode valer a vida. E que chegaria de novo à sua, em todo o seu esplendor, se não estivesse já ali, ocultando-se na desigualdade dos dias e revelando-se nos momentos  em que se virava do avesso.

(Fotografia de Paulo Abreu e Lima)

terça-feira, 23 de julho de 2013

Beleza Pura


Às vezes nem são precisas muitas palavras. Basta a beleza esmagadora de uma imagem como esta.  Também a vida é assim: o impensável e imprevisível de cada momento é que nos supreende e seduz. E, quando menos se espera,  surgem flores no meio das pedras...
(Fotografia do Blogue Pé-de-Meia, de mfc)

domingo, 21 de julho de 2013

O(s) dia(s) de todas as decisões


Daqui a pouco mais de duas horas o Presidente volta a falar (nos). Depois da surpresa da última vez, até temo o que virá dali agora...
Depois, a um nível mais restrito, mais pessoal, parece que é também amanhã que, finalmente, vou saber o que me espera para o próximo ano e, em função disso, vou ter que tomar decisões mais ou menos importantes.
Por isso, ou não sei porquê, hoje, a palavra que me define é: inquietação.

  

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Teatro (do bom...)


Sou mais de cinema do que de teatro, confesso. Em teoria o teatro pode até ser mais interessante do que o cinema, pelo carácter único, imediato e irrepetível de cada representação. O cinema tem a câmara e o tempo a separar a interpretação do público. E, no entanto, é mais fácil, para mim, pelo menos, ver uma história no ecrã e esquecer-me de que se trata de uma ficção.  Tal como acontece com a literatura, por momentos, é possível "sair do mundo" e acreditar no que se vê/lê como se fosse a (nossa) vida, emocionarmo-nos com a história, rir e chorar, deixarmo-nos levar para outro tempo e outro(s) lugar(es). No teatro é-me mais difícil esquecer que estou a ver "representar" e sou, em geral, mais difícil de contentar.
Odeio teatro de revista e também não gosto de musicais. Não gosto de "stand up comedy", nem de comédias de riso fácil e piadas mais ou menos alarves. Nem de peças muito intelectuais e deprimentes, daquelas muito obscuras, que demoram a entender-se, ou que nunca se chega lá.
Por isso, ou não sei porquê, vou muito menos ao teatro do que ao cinema. E, no entanto, no meio de tudo isto, há excepções. Porque há actores que vale sempre a pena ver. Destaco dois: Nuno Lopes e Diogo Infante.
Façam o que fizerem, tento ver. Tenho um "fraquinho" por ambos, na verdade. Artístico, claro está! O Diogo Infante, então, nem precisa de representar. Basta-me ouvir-lhe a voz, que é linda, mesmo!...
Vem tudo isto a propósito da peça Preocupo-me, logo existo, com texto de um norte-americano chamado Eric Bogosian, música original de João Gil, direcção cénica de Natália Luísa e interpretação de Diogo Infante. Acho que também foi ele que traduziu o texto, mas não tenho a certeza. Nem é relevante, para o caso.
Durante cerca de uma hora e pouco, Diogo Infante, sozinho em palco, faz oito monólogos que nos divertem e inquietam, simultaneamente. Fala de tudo, com o brilhantismo  e o talento de que só ele é capaz: da procura do sentido para a vida, de preocupações existenciais e quotidianas, de pequenas coisas que vão enchendo os nossos dias.
Como disse o próprio Diogo Infante, numa entrevista, o texto trata "das nossas ansiedades de forma corrosiva e muito humorística."
A peça, que já vi  há meses, no Inverno, andou em digressão pelo país e voltou agora a Lisboa, aos S. Jorge, onde vai ficar durante o Verão. Eu adorei. E, como gosto de partilhar as coisas boas, aqui fica a sugestão: recomenda-se vivamente!

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Mau gosto, no mínimo


É, vergonhosamente, o assunto do dia. Uma vez mais, passa a ideia que, hoje, em todos os dominios, "vale tudo". Sem educação nem decência, sem dignidade nem respeito, confundindo humor com vulgaridade e mau gosto.

No blogue "Delito de Opinião" encontrei, a propósito do assunto, este texto de Fernando Sousa, cujo título é:
Uma manchete rasca 

Quem apesar das contingências destes tempos difíceis mantém algum amor pela profissão de jornalista não pôde esta manhã deixar de ficar ora branco de espanto ora vermelho de raiva com a manchete do Jornal de Notícias. Por vergonha, uma imensa vergonha, nem a reproduzo. O leitor pode no entanto espreitá-la aqui. O JN tem na sua redacção (ainda) grandes profissionais, amantes do rigor e inimigos figadais da ambiguidade barata. Não foi seguramente nenhum deles o autor deste título tão rasca, que nos envergonha a todos. 

Também o blogue "Espumadamente" se  refere a este engraçadismo ordinareco, como pode ler-se aqui.

Infelizmente, parece que uma certa forma de grosseria se vai tornando cada vez mais trivial. Cabe-nos, no entanto,  não permitir que assim seja.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Luzes e sombras


http://www.youtube.com/watch?v=XKuDJcU6pRA

Hoje eu quero a rosa mais linda que houver
quero a primeira estrela que vier
para enfeitar a noite do meu bem


Hoje eu quero paz de criança dormindo
quero o abandono de flores se abrindo
para enfeitar a noite do meu bem


Quero a alegria de um barco voltando
quero ternura de mãos se encontrando
para enfeitar a noite do meu bem


Hoje eu quero o amor, o amor mais profundo
eu quero toda beleza do mundo
para enfeitar a noite do meu bem


Hoje esgotei a paciência para os acordos de salvação nacional e os programas de ajustamento, o crédito e o descrédito, o memorando e os comentadores. E a crise. E tudo o que nos tem enchido os dias, avassaladoramente.
Hoje fico só com a música e as estrelas; e coisas bonitas e boas como estas.

(Fotografia de Paulo Abreu e Lima)

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Modernices

  
Há, actualmente, uma mania enervante e cada vez mais vulgarizada, que consiste em utilizar palavras em inglês em número crescente, como se isso adicionasse modernidade e cosmopolitismo ao discurso, de forma automática.
Refiro-me ao uso exacerbado de "lol(es)" e outras expessões similares e não menos irritantes, como "whatever", ou "wharever", ou na versão pimba "uórevare"; são os "outfit(s)" e os "styling(s)", as "true story" e muitos outros exemplos que se multiplicam até à exaustão e que poderia reproduzir aqui, mas nem vale a pena, tudo muito "fashion", claro está. 
Na verdade, os que as utilizam a torto e a direito e às vezes até de forma extremamente cansativa e com isso se julgam muito moderninhos, ganhariam mais em aprender um pouco melhor o português que, em geral, dominam pouco e mal, em vez de assumir esta atitude acrítica de embasbacamento saloio perante tudo o que vem "de fora" e não é necessariamente melhor.
Admito, no entanto, que há casos pontuais em que uma determinada palavra de outra língua exprime melhor o que queremos dizer. É o que acontece, por exemplo, com a palavra rentrée, porque não há em português nenhuma palavra capaz de transmitir de forma tão forte e abrangente a infinidade de sentidos que ela encerra. Do mesmo modo, tenho tendência para utilizar mais facilmente um te quiero, tão cheio de luz e de vontade(s), tão carregado de desejo, em vez do nosso feíssimo "amo-te", quase desagradavelmente lúgubre do ponto de vista sonoro, cheio de vogais fechadas, como se se virasse para dentro. 
Mas nisto, como noutras coisas, convém não exagerar!... Exprimir-se na sua língua não é sintoma de menoridade alguma. Bem pelo contrário.
E afinal, digam o que disserem, o português é uma língua extremamente rica. Muito mais que o inglês, em todo o caso. E é nossa!

domingo, 14 de julho de 2013

Ma Ville Lumière

 
Paris é um dos meus eternos amores, uma das cidades que trago no coração, pela qual me apaixonei ainda antes de a conhecer. 
Justamente denominada a cidade do amor, há nela uma magia e  um encanto que tornam quase impossível resistir-lhe; e há nas suas ruas, praças e jardins, na arquitectura dos edifícios, ou na tranquilidade silenciosa das águas do rio que a atravessa um não sei quê que a torna familiar e ao mesmo tempo sempre diferente, cidade com alma, onde se  acredita que todo o romantismo é possível e as emoções ficam mais à flor da pele.
Hoje, Paris veste-se de azul, de branco e de vermelho e enche-se ainda  mais de luz, para viver a sua "fête nationale" num ritmo frenético e emocionado, entre bailes, desfiles e fogos de artifício. Porque Paris é uma cidade sempre em festa.
E é, também, de certo modo, um lugar que me pertence.
 
 

sábado, 13 de julho de 2013

"Pontes entre nós"



http://www.youtube.com/watch?v=UVDg8fVC4EQ

Lugar de passagem e de prova,  de viagem iniciática, metáfora de vida, a ponte dança e balança, une em vez de separar, e sempre mais ou menos "na corda bamba", leva-me mais depressa até ti.

(Fotografia de Paulo Abreu e Lima)

quinta-feira, 11 de julho de 2013

(In)certezas


Nunca acreditara realmente que as coisas, todas as coisas, pudessem julgar-se garantidas, ou definitivas, nem na predestinação, ou naquela ideia um pouco pueril de que algures no mundo havia alguém que lhe estaria destinado, uma espécie de alma gémea, conceito que na verdade nunca tinha conseguido entender. O que seria uma "alma gémea"? Soava-lhe sempre à imagem de si ao espelho, algo parecido com "mais do mesmo" e, por isso, profundamente desinteressante.
Acreditava, sim, nos encontros fortuitos e nas almas e corpos que de repente  se aproximam e se fundem no inexplicável que é o amor, na repentina falta de domínio sobre a vontade e na explosão dos sentidos, em momentos perfeitos de desejos à solta e de entrega incondicional e inteira, rendição do corpo e da alma tornadas inevitáveis e urgentes, não deixando querer nem pensar mais nada, porque, em momentos assim, nada mais importa.
Sabia que havia certos homens a quem era impossível dizer não, como sabia que havia feridas que demoram a cicatrizar e recordações que doem para sempre. Conhecia a falta de olhos, de risos e de corpos, e os suores frios de certas febres que se devem a males da alma, mais do que do corpo. Conhecia a amargura e a solidão das noites em que tremia de frio por dentro e a saudade lhe doía demais, quando não sentia no ar o cheiro de um perfume que lhe era familiar, nem  as mãos que desatavam vontades, à deriva pelo seu corpo em sobressalto, descontrolado em arrepios estremecidos de prazer, e em gestos  e palavras transbordantes de ternura.
Mas  sabia, também, que o mundo continuava a girar, que os dias e as noites se sucediam inexoráveis, e às vezes voltava até a sentir o coração a acelerar em alvoroço, como numa paixão de vinte anos, na luz de outros olhares que despertavam vontades súbitas, inesperadas e incertas, fugazes ou duradouras, que  lhe pareciam muito e outras vezes coisa nenhuma, que lhe apetecia provar  em pequenos sorvos, como uma bebida que se vai saboreando devagar, ou beber de um trago, como quem é tomado de assalto pelo desejo de saciedade e de tudo a acontecer de novo como se fosse a primeira vez e a doce inquietação do desejo estivesse de volta, dissolvendo e mantendo incertezas.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Deambulando pela blogosfera...

Uma fotografia por dia... nº 3028
 

Beira Alta, Foz D'Égua, 2013
Não, não são casas de bonecas embora o pareçam. É uma paisagem tão real, quanto encantadora e num lugar paradisíaco! O nosso Portugal está cheio de recantos lindíssimos, ainda omissos nos roteiros turísticos... Schiuuu, não contem a ninguém!

A ociosidade forçada dos últimos dias tem-me dado tempo de sobra para ler, escrever, pensar e passar mais tempo do que o habitual na blogosfera.
A blogosfera é um mundo, cheio de coisas boas e más, como a vida. Deleito-me com as boas e não perco tempo com as más, como de resto procuro fazer em tudo.
Este texto e fotografia são, pois, indecentemente roubados de um dos lugares onde eu gosto de me "perder", o blogue Pé de Meia de mfc, que está entre os meus favoritos.
Como é sabido, tenho as minhas preferências; e no primeiro lugar continua sempre, destacadíssimo, o blogue Assim na Terra como no Céu, do qual já falei longamente. Aqui, por exemplo. E que é o melhor e mais bonito de todos, (para mim, pelo menos...)
Mas há outros muito bons. No blogue Pé de Meia os meus olhos também se detêm muitas vezes, demoradamente. Trata-se sobretudo de um blogue de fotografias, acompanhadas de textos muito pequenos que as ilustram e daí a rubrica "uma fotografia por dia", de que esta é apenas um exemplo. Sóbrio e carregadinho de bom gosto, este é mais um blogue que vale mesmo a pena visitar. É passar por lá, pois!..

(Fotografia do blogue Pé-de-Meia, de mfc)

terça-feira, 9 de julho de 2013

Ainda e sempre... Portas!

Domingos Amaral é uma figura que não me inspira nenhum tipo de simpatia, ou admiração, ou o que quer que seja de verdadeiramente positivo. Li um ou dois livros seus que achei mesmo muito fraquinhos e um deles, então, carregadíssimo de graves erros ortográficos. Enfim, como escritor é para mim uma espécie de MRP no masculino.
Temos, no entanto, duas coisas em comum: a mesma professora de Pilates e a mesma predilecção por Paulo Portas, como um político de verdade.
A propósito de recente "crise", encontrei nas redes sociais alguns textos de Domingos Amaral sobre Paulo Portas, que tenho achado engraçados, ou curiosos, como este, que pode ler-se aqui.
Na verdade não percebo rigorosamente nada de economia e nem me pronuncio sobre o assunto, relativamente ao qual me limito a ouvir os especialistas e a tentar entender o que eles dizem. Mas acredito em Paulo Portas, muito, e agrada-me a ideia de ele passar a ter mais "peso", como me agrada a ideia de ver Pires de Lima no governo. Porque um e outro me parecem muito capazes.
Ainda há pouco ouvia Paulo Portas na Comissão dos Negócios Estrangeiros e aquele discurso claro e objectivo, convence-me totalmente.  A ver vamos, como se costuma dizer; mas eu acredito.      

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Aparência(s)

 
A questão da representação da realidade, e a sua imagem mais ou menos metafórica nas diversas formas de arte, sempre me apaixonou.
De resto, como já expliquei aqui, a minha tese de mestrado (aquela que eu não cheguei a fazer) era sobre este assunto: a incomensurável distância entre as palavras e as coisas que elas nomeiam.
Quase tal como na vida, em que nem tudo é o que parece ser!...

domingo, 7 de julho de 2013

A Dactilógrafa


Há filmes que faz mais sentido ver no Verão, sobretudo em tardes e noites de calor quase sufocante, contrariando a tendência óbvia de praias, esplanadas, beira-mar ou beira-rio e tantas outras escolhas de ar livre e preferindo a frescura de uma sala escura e mais ou menos vazia, sem melgas nem suores em bica.
"A Dactilógrafa" (Populaire, no original) é um filme francês de 2012, dirigido por Regis Rionsard, de quem confesso nunca ter ouvido falar antes, que  nos leva para um ambiente do final dos anos cinquenta, marcado ainda pelos traumas da guerra e pela esperança num futuro melhor.
Com Romain Duris (Louis Echard) e Déborah François  (Rose Pamphyle) nos principais papéis, o filme conta a história do dono de uma agência de seguros, descrente do amor, e da sua desajeitada secretária, unidos pelo objectivo comum de fazer dela a dactilógrafa mais rápida do mundo e tocando, mesmo levemente, em assuntos como a ambição, a perseverança e o papel da mulher à procura da sua independência, na sociedade machista do pós-guerra. E, simultaneamente, assistimos ao nascimento do amor entre ambos, num tom leve e despreocupado.  O  filme conta ainda com a presença sempre fortíssima, entre o sensual e o enigmático, de Berenice Bejo, que todos vimos em "O Artista".
Vários motivos de interesse. E, no entanto, não é um grande filme, nem um filme marcante sob nenhum ponto de vista; mas é uma daquelas comédias românticas, fresca e despretensiosa, suficientemente divertida para nos fazer passar duas horas muito agradáveis.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Pontos nos is: eu continuo a estar com Paulo Portas!

Tenho evitado pronunciar-me muito sobre o que se está a passar. Por duas razões: porque quando toda a gente se põe "aos berros", acho sempre que o melhor é manter-me calada. E porque, na verdade, no rigor, ninguém sabe exactamente o que se passa. Temos apenas umas ideias. E a comunicação social, vergonhosa, só contribui para aumentar ainda mais a confusão, especulando sobre cenários e enredos, dizendo e desdizendo tudo e mais alguma coisa a cada minuto, inventando casos e assuntos e potenciando a agitação, que vai assumindo contornos mais ou menos indignados, ou mesmo esquizofrénicos.
E, no entanto, tenho que dizer isto: estou farta de ver e ouvir acusarem Paulo Portas, como se o responsável por tudo isto fosse ele e a sua decisão de se demitir. Esquecendo que, antes dele, houve Gaspar e a famigerada carta, como tão bem lembrou ontem HSC, no seu "Fio de Prumo". E, depois de Gaspar, houve ainda Passos Coelho, com a sua habitual arrogância, persistindo numa teimosia para lá de limites humanamente aceitáveis, mostrando-se incapaz de ouvir, sequer, quem é mais experiente e mais sabedor e ignorando o significado de uma coligação.
Eu compreendo a atitude de Paulo Portas e acho, até, que ele fez bem. Porque todos nós, em tudo na vida, temos limites para lá dos quais não podemos transigir. Porque Paulo Portas aguentou muito. Porque foi sistematicamente desconsiderado e as suas opiniões desvalorizadas e criticadas, como se de uma "traição" se tratasse. Como se Paulo Portas não pudesse cometer um erro. Como se não pudesse até "passar-se". Eu sei que tudo isto tem repercussões muito graves no país, mas também acho que em nome da estabilidade política, do sentido de estado e do patriotismo, de que Paulo Portas já deu, de resto, provas mais do que suficientes, não se lhe pode exigir que se deixe humilhar e que continue calado e quieto, mesmo contra a sua consciência e convicções.
Não será por acaso, aliás, que todos, incluindo os seus maiores críticos, lhe tecem os mais rasgados elogios pelo trabalho desenvolvido enquanto Ministro dos Negócios Estrangeiros e falam na sua prestação competente e eficaz. Como é que o país ainda não percebeu que era Paulo Portas  que devia estar a governar-nos?
Estar de fora a criticar, como faz quase toda a gente, é demasiado fácil. Se há coisa de que acho que não pode acusar-se Paulo Portas é de não pensar no país. Porque ele já fez muito mais do que a maior parte (para não dizer todos) dos que agora o criticam, sem ter a noção de como é difícil governar nas condições actuais e com um partido que, embora precisando do seu parceiro de coligação, não o quer ouvir, nem aceita as suas posições diferentes.
Seria bom que ele falasse, dizem-me. E eu concordo. Este silêncio não o tem ajudado muito, nem a ele, nem a nós.
E quanto ao partido, também há muita coisa que eu não entendo. Porque se é verdade que a decisão de Paulo Portas foi tomada de uma forma totalmente pessoal, desvinculando dela o partido, também é verdade que eu esperava que o partido o apoiasse e não entendi a continuidade de Mota Soares e Assunção Cristas em funções. É que importa ter em conta que as atitudes prepotentes de Passos Coelho não se referem apenas às suas divergências com Paulo Portas, mas com um parceiro de que ele precisa e ainda assim não aceita. Porque o PSD não tem qualquer tipo de consideração pelo CDS, convenhamos.
E só espero que o partido entenda que, sem Paulo Portas o CDS não existe, do mesmo modo que o PSD nunca mais se "endireitou" desde que perdeu Sá Carneiro.
A questão da liderança não é de todo indiferente, em circunstância nenhuma, e neste caso ainda mais. Espero que o CDS perceba isso com clareza.
Por mim, se Paulo Portas sai, deixa de fazer sentido manter-me no CDS. Mas ainda espero que isso não aconteça!...

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Paz e amor


Shiiiu! Agora só um bocadinho de silêncio e de música, por favor. É que estou mesmo a precisar... 
 

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Anonimato(s)


Ultimamente, vá lá saber-se porquê, tenho recebido no meu Isto e Aquilo  vários comentários "anónimos". Nunca fui dada a anonimatos e não percebo o que leva uma pessoa a não querer assumir uma opinião, ou um ponto de vista, na primeira pessoa. O que há a esconder, para nem sequer se poder assinar com o seu nome? Enfim, parece-me, no mínimo, uma certa forma de cobardia. Quando tenho dúvidas sobre dizer ou não dizer alguma coisa, prefiro calar-me. Mas isso sou eu, claro!
Em todo o caso, no meu blogue mando eu. E, por isso, tomei uma decisão radical: não publico comentários "anónimos", por mais inocentes e cordiais que (me) possam parecer.

Ainda sobre tudo isto...

No blogue "Destreza das Dúvidas", encontrei este texto de José Carlos Alexandre, com o qual concordo quase inteiramente:
Para Passos Coelho, foi sempre assim: eu é que sou o primeiro-ministro, eu é que decido. Parece nunca ter percebido que, especialmente em governos de coligação, as coisas têm de ser discutidas, é necessário haver acordos e, pelo menos nos dossiês principais, é imprescindível chegar a consensos. Com arrogância, tratou Portas como se este fosse apenas mais um ministro, o número 3 para sermos mais exactos. Para Passos, Portas, por obrigações de lealdade e hierarquia institucionais, devia acatar silenciosamente todas as decisões emanadas da sua cabecinha e da do “mago das finanças”, admirado em toda a Europa e arredores – por estranho que pareça, até Pacheco Pereira chegou, no início, a manifestar admiração por Vítor Gaspar.
Desde a proposta de alteração da TSU, passando pelo “enorme aumento de impostos”, Portas lá foi engolindo sapo atrás de sapo, dando, todavia, sinais crescentes de estar a aproximar-se da tal “linha vermelha” que dizia não poder ultrapassar. Chegou-se ao cúmulo de, em plena Assembleia da República, Portas passar pelo vexame de ver o primeiro-ministro e o inefável Relvas rirem a bandeiras despregadas, enquanto o deputado Honório Novo arrasava o “partido do contribuinte”.
Nem com estes antecedentes, Passos Coelho voltou atrás na sua decisão disparatada (mais uma) de promover Maria Luís Albuquerque a ministra das finanças. Dadas as circunstâncias, não lembrava ao diabo avançar com uma decisão destas sem assegurar previamente o apoio claro do líder do outro partido da coligação.
Alguns dizem que Portas foi irresponsável na sua demissão, que esta é "impensável", "incompreensível" (afirmou Marcelo), que abandonou o país (insinuou Passos), enquanto o primeiro-ministro fica a aguentar o "fardo da liderança" - para usar a expressão de Vítor Gaspar. (...) Portas (...) não exagera quando afirma que protegeu até ao limite das suas forças o "valor da estabilidade". Se Passos está completamente isolado, foi ele que se colocou nessa posição, por teimosia, arrogância, cegueira, estupidez e incompetência.

terça-feira, 2 de julho de 2013

O Carmo e a Trindade


A origem da expressão "Cair o Carmo e Trindade" parece que remonta a 1755, ao momento do Terramoto em que desabaram os conventos com estes nomes.
Hoje, por motivos diferentes, ou não, veio-me imediatamente à memória esta expressão e a certeza de que o que aí vem é de certeza muito pior que a situação difícil que já vivíamos e terá, para todos nós, consequências catastróficas e inimagináveis. É um país "à toa"! Uma tristeza e uma vergonha...

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Uma nesga de céu


E pronto! Acabaram as férias e volta a rotina: o despertador a tocar às seis da manhã, o ginásio a horas estupidamente matinais e o regresso ao último andar da Praça de Alvalade, todo o dia sentada, computador, papéis, recursos, queixas, ofícios, pareceres, esclarecimentos e as mais absurdas questões à espera de resposta.
Na sala ampla, mas demasiado cheia de pessoas e de coisas, vale-me a nesga de céu que me liga ao mundo, onde os aviões passam num corropio constante e onde os meus olhos se perdem às vezes, levando-me o pensamento para longe e deixando-me sonhar outros mundos e outras vidas.
Nos próximos dois meses o meu quotidiano será este, no rigor das horas marcadas e das obrigações a cumprir; e no prazer dos dias quentes que passam devagar, numa Lisboa preguiçosa, meio vazia e ainda mais encantadora.
E depois, virá Setembro e a rentrée, que ainda nem sei como vai ser...