sábado, 31 de janeiro de 2015

Noutra encarnação...



Se eu acreditasse na reencarnação e pudesse escolher a minha outra vida, não tinha dúvida que queria que Deus me desse o dom de dançar assim...

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A escolha dos nomes


O nome pelo qual respondemos, não sendo da nossa responsabilidade, não é indiferente. Na verdade, feio, bonito, ou assim-assim, acabamos por habituar-nos ao nome que nos deram, que se nos cola à pele tão fortemente que chegamos a achar que não poderíamos ter outro. Mas também não é menos verdade que todos conhecemos pessoas que têm nomes que não combinam com elas. E que tudo isto é acima de tudo uma questão de gosto e, por isso mesmo, muitíssimo subjectivo. 
João Paulo era o nome que me estava destinado. E perante a surpresa e o desconcerto de ver nascer outra rapariga gerou-se alguma confusão, com várias hipóteses, que incluíam opções mais ou menos assustadoras. No fim, acho que tive sorte. É que gosto muito do meu nome ("um clássico", como a minha mãe sempre gostava de dizer). Talvez por isso não me imagino, caso tivesse uma filha, a chamar-lhe um qualquer nome de moda, desde Cátia Vanessa e Tânia Marisa a, no outro extremo, Constança ou Sancha. Escolheria, tal como a minha mãe fez, uma nome "clássico".
De igual modo, também os títulos (de livros e filmes, por exemplo) não são irrelevantes, podendo só por si atrair-nos ou afastar-nos. Mas tudo isto vem a propósito dos nomes que as pessoas escolhem quando não querem assumir a sua verdadeira identidade no mundo virtual. É um assunto que não tem a ver comigo e que não consigo de todo entender. Nunca faria um comentário anónimo, porque ou bem que assumo o que penso e o digo, ou simplesmente calo-me, se considerar que é melhor não o fazer. E é por isso que no meu blogue também não aceito anonimatos: parecem-me sempre, de certo modo, uma espécie de cobardia.
Não percebo pois a quantidade de nomes estranhos e até um pouco ridículos que se vêem/lêem por aí e que vão desde as "carochinhas" aos "miminhos de mãe", passando pelas "coisas que eu sinto" ou as "riquezas da sua avó". Não percebo o que leva uma pessoa a auto-intitular-se "Maria gaja" e outros epítetos que acabam por revelar também um pouco do que são os seus detentores.
O mesmo se passa com os nomes dos blogues: há nomes lindos (Cair em Tentação, Fio de Prumo, Delito de Opinião, Horas extraordinárias, Acordar um Dia, - apenas alguns exemplos) e outros tão maus que nem ouso citá-los.
Tenho um ligeiro desgosto de ter dado ao meu blogue um nome tão banal, escolhido com a displicência de quem está só a fazer uma experiência, sem pensar muito no assunto. Bom, tem a vantagem de ser despretensioso; e agora habituei-me de tal modo a ele que, apesar de me passarem às vezes pela cabeça muitos outros nomes possíveis, já não conseguiria mudá-lo.
Enfim, a escolha do nome será também, talvez, uma questão de humores. Se fosse hoje, provavelmente chamar-lhe-ia "Há-des cá vir"... 

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Amor


Queremo-lo ou evitamo-lo, surpreendemo-nos quando se nos revela imponente e inesperado, misterioso e inexplicável; e hesitamos; e entregamo-nos. Depois, por causa dele rimos e choramos, exultamos e sofremos, caimos e levantamo-nos, morremos e voltamos a nascer.
Mas não há nada, nadinha, que possa ser mais profundamente avassalador, ou essencial à vida.


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Detalhes



Também havia dias em que não queria saber de nada e lhe bastava o brilho do sol e outras pequenas coisas aparentemente insignificantes que, no entanto, fazem a vida valer a pena.


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Entendimento


Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada

E o sono, a mais incerta barca,
inda demora

Quando azuis irrompem 
os teus olhos

E procuram 
nos meus navegação segura

É que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas

Pelo silêncio fascinadas.

                                               (Eugénio de Andrade)

sábado, 24 de janeiro de 2015

Sossego


O que têm de bom os fins de semana é essa sensação de quietude e calma imensas, que parece fazer o tempo crescer.
Mesmo quando não se passa exactamente assim, é reconfortante a ideia de poder abrandar o ritmo, quebrar rotinas, deixar-se levar pela preguiça: estender-se a ler um livro, jantar com amigos e prolongar a conversa noite fora, ficar em silêncio, ouvir música suave...

(No fim de semana passado, sem combinar, encontrei várias pessoas do meu tempo de adolescência. Do tempo em que ouvíamos, cantávamos e tentávamos tocar Simon e Garfunkel. Mesmo não sendo "saudosista", há vivências que nos marcam para sempre. Lembrei-me disto agora por causa do tempo que aparenta deter-se por momentos e logo continua. Mais ou menos isto...)


quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Uma livraria solidária


No dia 28 de Fevereiro, abre em Cascais uma livraria diferente: trata-se de uma livraria solidária, cujas receitas reverterão inteiramente para a Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21.
Esta livraria, na Cidadela de Cascais, chamar-se-á Déjà Lu e é o culminar de um projecto de Francisca Prieto e  Maria Faria de Carvalho, que começou em 2011 num blogue com o mesmo nome, que leiloava livros que já haviam sido lidos.
Além de muito original, este será um espaço que se pretende dinâmico, com tertúlias, lançamentos de livros, workshops, entrevistas e tudo o que entretanto for surgindo. Mais ainda: dará emprego a portadores de Trissomia 21, cuja profissionalização se propõe também financiar.
E porque estas boas iniciativas têm que ser divulgadas, aqui fica a sugestão: a partir do final do próximo mês, há que passar em Cascais, visitar a Déjà Lu, e ficar cliente.
Quem tiver em casa demasiados livros aos quais não sabe o que fazer e/ou se já não tiver espaço para os arrumar todos, poderá também doá-los a este projecto.
Para perceber um pouco melhor do que se trata antes de o ir conhecer ao vivo e in loco é ver o que saiu no Observador há cerca de dois dias. Aqui:

http://observador.pt/videos/os-retratos-da-laurinda/livraria-solidaria-em-cascais-vende-livros-a-favor-da-ass-trissomia-21/

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Os prazeres da neve

 
Contrariamente à maior parte das pessoas, não sou uma entusiasta das paisagens de neve. É bonito o cenário todo branco, sem dúvida, mas vejo nele também qualquer coisa de profundamente triste, que de certo modo me inquieta. E que associo a solidão.
Talvez por isso nunca tive vontade de fazer "férias na neve", o que nos últimos anos se tornou uma moda e até, mais que isso, um sinal de "status". Não faltaram as oportunidades, nem os convites, mas na verdade nunca me atraiu andar durante horas montanha acima, montanha abaixo, nem entendo bem o prazer ou a piada que isso possa ter, ainda que todas as pessoas que já foram sejam verdadeiras fãs e não se cansem de falar nessa maravilha do contacto com a natureza, ou das suas proezas no ski.
Muitas delas não saem do sofá o resto do ano, nunca andam a pé, sequer, e só lhes dá a fúria do exercício físico quando se trata de ir para a neve. Porque, convenhamos, ir para a neve "é bem".
Nada contra, mas a mim não me apetece, obrigada. Como não me apetece fazer surf, nem atirar-me de pára-quedas, por exemplo. Prefiro outras coisas.  
Ainda assim, por causa disto, pus-me a pensar nas minhas memórias mais antigas de neve. E estranhamente,  - eu que até tenho uma excelente memória - não me lembro do meu primeiro contacto com a neve, nem da primeira vez que vi nevar. Quando procuro bem no fundo da memória, encontro na mais longínqua infância uma canção de Adamo e um poema de Augusto Gil, conhecidíssimo, que aprendi de cor no tempo da primária e ainda hoje sou capaz de repetir de uma ponta à outra sem hesitar. Sendo muito diferentes, naturalmente, há em ambos um tom de melancolia e de desconsolo, que é quase sofrimento.
E fico a pensar se isso explica alguma coisa...
 
Batem leve, levemente
Como quem chama por mim,
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
E a chuva não bate assim
(...)
E uma infinita tristeza
Uma funda turbação
Entra em mim, fica em mim presa
Cai neve na natureza
E cai no meu coração
 
                                      (Augusto Gil)
 

domingo, 18 de janeiro de 2015

Sessão de cinema

Para quem, como eu, gosta muito de cinema, todas as ocasiões  são boas para ver um bom filme. Em todo o caso é mais um programa de Inverno que de Verão. Uma noite fria e chuvosa parece por isso ideal para este tipo de opção.
Mas também não sou de ir ao cinema só por ir. Escolho criteriosamente o que vejo, tenho actores e realizadores que creio serem garantia de qualidade, ou vou pelo que leio, pelo que ouço, por opiniões em que confio, sabendo que correspondem a gostos semelhantes aos meus.
Hoje, a eleição foi baseada no elenco: um filme com Maggie Smith, Kristin Scott Thomas e Kevin Klein  afigura-se  à partida como uma aposta segura. Sim e não. Que o título original, My old lady, seja traduzido por "Uma senhora herança" é já um mau prenúncio. E são de facto os actores que salvam o filme, que com uma história banal e os ingredientes  habituais - humor, drama, emoção - nos faz passar cerca de duas horas mais ou menos agradáveis, mas não nos toca especialmente. Enfim, é um daqueles filmes que se vê bem mas também se esquece logo a seguir. Menos mal que se passa em Paris - boa surpresa! - cujas imagens me deixam sempre entre a nostalgia e a vontade de lá voltar.
Não sei se sou eu que tenho escolhido mal, mas há já algum tempo que não vejo um filme verdadeiramente empolgante. Resta-me esperar pelos que estão para estrear...

sábado, 17 de janeiro de 2015

Saudade do (meu) mar


É verdade que cada estação tem um encanto próprio, mas Janeiro parece-me sempre enorme, quase maior que os outros meses, talvez porque é quando começo a sonhar  com a chegada do bom tempo e a sentir que me falta o mar.
O mar fica-me perto e posso sempre com facilidade ir vê-lo, mas eu sou toda da Primavera e é quando ele me sabe melhor: no tempo ameno, na praia deserta, quando na alegria do reencontro me sento a olhá-lo demorada e silenciosamente, ou estendo o corpo ao sol, ainda meio envergonhado, e fico só a ouvi-lo, e fecho os olhos e me deixo embalar pelo seu incessante clamor.
Há poucas coisas capazes de me fazer sentir uma paz maior...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Arrumar o passado

 
Agora já quase não doía. Já  não  estranhava a ausência, a distância e o silêncio cada vez maiores; já não morria de desgosto, já não havia lugar para lamentos, nem lágrimas, nem arrependimento, nem culpa, sequer.
Agora sabia simplesmente que até os grandes amores perdem intensidade e veemência; que mesmo os que parecem estar muito para lá de todas as contrariedades e poder durar para sempre acabam por esmorecer e extinguir-se, em veloz ou prolongada agonia, com estardalhaço ou de mansinho.
Às vezes ainda se lhe viam restos de tristeza no fundo dos olhos, ainda havia aquela sensação de vazio e desamparo que em certos dias transbordava do peito, que lhe tomava conta das horas e lhe embaciava a vida, e as noites em que tremia de frio por dentro, mas sabia não ser senão  saudade de um tempo cada vez mais longínquo, a memória de um corpo quente que parecia queimar-lhe a pele ao mínimo toque, e a nostalgia do prazer a invadir-lhe todos os sentidos, misturadas com a angústia do caminho por vir.
No fundo sabia que permanecer refém do passado seria talvez um sinal de imaturidade; que como tanta coisa que simplesmente é assim e não consegue compreender-se, não adiantava prolongar o que já não existia a não ser na sua vontade, e até, se calhar, nem aí. Ficava-lhe o irrepetível de cada momento vivido e a beleza e a pureza daquela bonita história que só eles conheciam na totalidade; e mesmo sem saber o que esperar e ao que ir, entre medos, desejos e incertezas, antevia um mundo novo que tanto lhe parecia o abismo como logo depois a terra prometida.
E,  por mais que lhe custasse admiti-lo, constatava  a realidade do que lera uns dias antes: o amor é  como o pôr-do-sol. Pensamos que ainda o vemos quando já se foi.


quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

A ver


Cyrano de Bergerac, para mim, começou por ser o autor de Voyage dans la lune, ou Histoire Comique des États et Empires de la Lune, obra publicada em 1657, dois anos após a morte do seu autor, e interessantíssima pela audácia das ideias que defende.
É antes de mais uma obra de divulgação de concepções científicas e filosóficas da época, fazendo-as coexistir com  uma componente feérica e até de certo modo burlesca, evidenciando ainda uma estética barroca, no funcionamento simultâneo dos contrários, o cómico e o sério, a Terra e a Lua, que não é mais que o mundo ao contrário, (e por isso mesmo a procura de um lugar diferente e mais justo, onde a felicidade é possível), relacionando-se também, neste sentido, com a utopia de Thomas More.
Só mais tarde conheci  a peça de Edmond Rostand, de 1897, escrita em verso, e baseada na vida de Cyrano de Bergerac,  - célebre por ser também um conhecido espadachim e pelo seu proeminente nariz -, na qual é apresentado, acima de tudo, como um herói romântico.
A brilhante interpretação de Gérard Depardieu no filme de Jean-Paul Rappeneau, de 1990, cola-o definitivamente à personagem e torna-a inesquecível. Impossível ainda hoje, para mim, não ouvir a voz de Depardieu quando leio excertos da peça. Como este, por exemplo: 
Un baiser, mais à tout prendre, qu’est-ce ?
Un serment fait d’un peu plus près, une promesse
Plus précise, un aveu qui veut se confirmer,
Un point rose qu’on met sur l’i du verbe aimer ;
C’est un secret qui prend la bouche pour oreille,
Un instant d’infini qui fait un bruit d’abeille,
Une communion ayant un goût de fleur,
Une façon d’un peu se respirer le cœur,
Et d’un peu se goûter, au bord des lèvres, l’âme !
Pois esta peça de Rostand, traduzida e adapatada para português numa versão que julgo não ser em verso como o original (hélas!) está em cena no Teatro D. Maria, até ao dia 1 de Março.
No papel de Cyrano, o melhor dos nossos actores: Diogo Infante. E porque ele é sempre excepcional, quero muito ver o que  faz com a personagem e se  vai enfim conseguir fazer-me esquecer Depardieu.
É claro que não posso perder!...
 

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Desconsolo


Nunca fui de não gostar das segundas, nem me angustia o princípio de uma nova semana, ou o regresso à rotina. E no entanto, às vezes, sem dia nem hora marcada, e mesmo sem razão, há dias que parecem correr ao contrário e se vivem do avesso, num inexplicável desconforto que nem chega a ser mágoa, - em que até as mínimas coisas assumem uma enorme importância -, e que nada nem ninguém parece poder  suavizar.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Cuéntame cómo pasó

Eu, que não sou de ver filmes na televisão, nem sequer de acompanhar séries, há muito que não perco cada  nova temporada de Cuéntame cómo pasó, que se iniciou em 2001 e começou esta quinta-feira a sua décima sexta temporada.
Nela se retrata a vida de uma família espanhola de classe média, que vamos acompanhando ao longo dos anos, ao mesmo tempo que assistimos às mudanças políticas e sociais de Espanha, numa época fundamental da sua história (a série começa em 1968 e vai neste momento em 1983, no auge da movida madrileña e após o primeiro ano de governo socialista).
Mas, além de tudo isto, há que salientar a qualidade dos actores, com especial destaque para o par principal,  Imanol Arias e Ana Duato (Antonio e Mercedes) que com seriedade, humor, ou ironia, mas acima de tudo com um imenso talento nos fazem esquecer que apenas representam um papel e é como se os Alcántara fossem nossos conhecidos ou fizessem parte da família.
É talvez o que explica  que, apesar de reproduzida em Portugal, em Itália e no Equador, nunca tenha atingido nestes países o mesmo sucesso nem os níveis de audiência da versão original.
Para mim é ainda mais: é também uma maneira de manter o "meu" espanhol em dia e de me deliciar com as expressões típicas de cada personagem, que vão de "ay señor, senõr" da abuela ao "me cago en la leche" do Antonio.
Por isso, nas próximas vinte quintas-feiras, mais ou menos, há que ligar a TVE pelas nove; para ver ou para gravar, quinta é dia de Cuéntame. Além de um prazer, é já um hábito. E dos bons...

 

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Resistir

 
 
Na sequência dos últimos acontecimentos em França, que também nos dizem respeito, ouço o apelo à vigilância, à unidade, à mobilização e, inevitavelmente, vem-me à memória o Chant des Partisans. 
 
  

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Charlie - nous sommes tous français

 
 


O título desta crónica não é muito original – mas é o que me apetece escrever. É mesmo o que devo escrever. Não porque aprecie especialmente o Charlie Hebdo. Na verdade, nunca gostei muito da publicação, cujo humor roça por vezes a boçalidade e onde se chegava a desenhar com um sentido pornográfico não muito diferente do nosso desaparecido José Vilhena. Mas isso não interessa. O que interessa é que as balas hoje disparadas na redacção do Charlie Hebdo foram balas disparadas contra todos os jornalistas, contra todos os que defendem a liberdade de expressão, contra todos os que apenas desejam viver numa sociedade aberta, tolerante e plural.
A tragédia não é só do Charlie Hebdo, nem só dos parisienses ou dos franceses. É do jornalismo mundial. É de todos os homens livres.
Na verdade estamos todos de luto. Luto pelos que morreram, os jornalistas e também os polícias. Luto por termos ficado todos menos livres. Isso mesmo: menos livres. No dia de hoje, por todo o mundo, vamos estar solidários e indignados; amanhã muitos pensarão duas vezes antes de escreverem, de filmarem, de reportarem. E depois de amanhã até pode acontecer que surjam mais leis anti-blasfémia, que mais gente veja na crítica a certas práticas dos islamistas uma condenável “islamofobia”. Já aconteceu, está a acontecer, é possível que aconteça ainda mais.
(...)
As manifestações de intolerância dos radicais islâmicos, que numa altura de sobressalto todos condenamos, não podem levar-nos, passada a indignação, a tratar de encontrar explicações, desculpas ou remédios. Temos de poder ser livres de nos pronunciar sobre a religião islâmica com o mesmo grau de liberdade com que nos pronunciamos sobre outras religiões.
Tenhamos pois coragem.  (...)
Honremos as palavras de Stéphane Charbonnier, aliás Charb, desenhador e director do Charlie Hebdo, hoje assassinado: “Prefiro morrer de pé do que viver de joelhos”.
 
De tudo o que li sobre o que hoje aconteceu, escolhi este excerto do texto de José Manuel Fernandes, no Observador; Porque não encontro palavras...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Descansar

 

Em dias de cansaço ou emoção extremas, quando até as palavras me faltam, é a música que me sossega, e os olhares dos outros sobre o mundo que me reconciliam com a vida.

 
(Fotografia de Paulo Abreu e Lima)
 
 

sábado, 3 de janeiro de 2015

Enamorada de Sevilla

 
 
  
De repente deu-me uma saudade enorme desta cidade de que eu tanto gosto, e onde preciso de ir muitas vezes inebriar-me de luz, de sol e de alegria. 
 

Tudo ao mesmo tempo


Como se não bastasse o meu computador, que há muito andava a pedir reforma, ter morrido para o mundo há dois dias,  - depois de eu lhe entornar um copo de chá verde por cima -, o que me obrigou a ter de comprar outro à pressão, ontem foi o telemóvel que resolveu avariar; e o arranjo ficava  ao preço de um novo. Resultado: em três dias, sem mais nem menos, duas despesas extra.
Começo assim o ano de computador e telemóvel novos, o que mesmo sendo involuntário pode ser que seja auspicioso e prometa um ano em grande. E, entretanto, vou rezando a todos os santinhos para que daqui a dois dias não se avarie a televisão, ou o frigorífico, ou a máquina de lavar, que parece que estas coisas, quando começam, vai tudo a eito.
Enfim, ano novo, mês novo, e eu ainda mais pelintra  do que o costume; mas não me queixo de nada. Tenho óptimos amigos e muitas coisas boas que são razões mais que suficientes para me sentir feliz. O resto vai-se resolvendo dia a dia. 

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Incerteza


Há uma beleza própria do que não tem propósito e uma alegria que vem com ela. O toque simples de uma mão na face, um telefonema sem assunto, um passeio sem destino, um poema secreto, um assobio, uma pedra redonda guardada no bolso. Coisas que não servem senão para sorrir e sentir que a vida é ainda cheia de mistérios.
 
                                     Nuno Camarneiro
 
 
O que um Ano Novo tem de bom e mau em simultâneo é a incerteza de não sabermos o que nos espera, é a carga de mistério que tem o desconhecido que há-de vir, como tudo o que queremos sem saber ainda o que é, e nos atrai e assusta em igual intensidade e dimensão.
 
(Fotografia de Paulo Abreu e Lima)