sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O amor por imposição



Se eu não fizer
assim (como hei-de 
dizer?) amor 
sim amor contigo 
muitas (meudeus!) vezes 
com preguicinhas boas 
tolices ao ouvido 
revoadas de beijos 
repentes dentes 
olhares pestanejados com carinho 
oh 
nem terei nome 
serei "o coiso" "esse aí" o "como 
é que ele se chama?" 
o que dorme singelo 
o que ninguém ( ai ai) ama. 

                                    Alexandre O'Neill

(Lembrei-me deste poema de O'Neill a propósito do irritante dia de hoje e de toda a piroseira que lhe está associada.
Não é querer ser do contra, mas gosto, muitas vezes, de não seguir a tendência. E há certas convenções que não me fazem sentido algum.
E porque sou muito mais Cupido que São Valentim, prefiro celebrar o amor nos outros dias todos do ano, e em especial no assombro do inesperado que surge sem aviso prévio e me vira do avesso, do que ceder a fazer como os outros fazem, aos mil coraçõezinhos iguais, aos beijos obrigatórios só porque "é dia disso", ao anel no dedo ou uma rosa patética igual à de toda a gente, com se o amor pudesse marcar-se na agenda, com dia e hora, como uma tarefa mais. 
Por isso, hoje, ponho o amor entre parênteses e deixo as comemorações para os gestos e momentos imprevistos, sem exibicionismos, vindo do mais fundo do afecto e do sentimento, e vividos no secretismo de uma intimidade só nossa...)

4 comentários:

  1. Veja como abordei o assunto lá no meu 'casarão'.
    Leve, levemente :)

    Beijinho, Isabel.

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  2. Também não gosto de seguir as datas impostas e apenas fiz um bolinho para o serão. Ainda mais vamos ficar sozinhos, já que a filhota vai comemorar o dia com o namorado. Portanto vamos ter algo de doce para comermos.
    Bom fim de semana

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    1. Claro que eu exagero um pouco, Joana... Mas é que detesto o espírito "Maria vai com as outras...", ainda mais associado ao amor.

      Bom fim de semana também para si.

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