quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Julieta


Almodovar é um dos raros realizadores (como Woody Allen) de quem vejo quase tudo, independentemente de  considerar, depois, que o filme é melhor ou pior, que me agrada muito, ou nem por isso. É de Almodovar um dos melhores filmes que vi, Habla con ella (2002), para mim a sua obra maior. 
Julieta é um drama, com a tristeza e a complexidade que têm muitas vezes as relações humanas e a própria vida. Mas o que faz a singularidade e a supremacia de um grande escritor, como de um grande realizador,  é essa capacidade de nos prender do primeiro ao último minuto a uma história que em si mesma pode ser entendida como trivial. E de, ainda assim, nos tocar. Porque é essa, também, a sua força. Claro que, neste caso, há excelentes interpretações, sobretudo as de Emma Suárez e Adriana Ugarte. Há silêncios, mistério e surpresa. Há a culpa, a separação, o sofrimento e a ternura. Há a Galiza e a Andaluzia, o mar e a terra. 
Baseado em três contos de Alice Munro, que não li, é assim, fascinante na sua inteligente simplicidade, o vigésimo filme de Pedro Almodovar; e é, talvez, juntamente com The room, um dos melhores que vi e mais me marcou neste ano. 
Há muito tempo que não ia ao cinema. Não por falta de vontade, nem de tempo, mas por circunstâncias daquelas que às vezes nos surpreendem e ultrapassam, e nos obrigam a pôr a vida de todos os dias entre parênteses por uns tempos. Que tenha voltado hoje, dia da festa nacional de Espanha, para ver este fantástico filme espanhol foi uma curiosa coincidência, de que só me apercebi no final. E fez-me também ter a certeza de que preciso de regressar  a esse país de que tanto gosto, onde já não vou há quase um ano e do qual tenho muitas saudades.

2 comentários:

  1. Onde é que assino ?(riso) Tal e qual como penso ! Só que não sei por em palavras como a Isabel o faz tão bem ! Quando se aposentar da sua profissão actual, vire-se para critica de cinema . Olhe que vai ter seguidores.
    Para a próxima semana vai estrear nas salas de cinema outro filme do W.A.
    Beijos, Isabel e Bom fim-de-semana

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  2. Ahah! Que exagero, Madalena. Crítica de cinema? É apenas a minha opinião, subjectiva q.b.
    Se bem que muitos dos que se dizem críticos por aí poderão até perceber do assunto ainda menos que eu... ;)
    Quanto à reforma, ela ainda vem longe, mas gostava de dedicar mais tempo à escrita, sim, em podendo, e não apenas cinematográfica.

    Não sabia que o W.A. estava já para estrear e esse também o verei, decerto, mas tem que ser tudo em 'slow motion', que ainda não estou em condições de "abusar".

    Obrigada e beijinhos também para si.

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