domingo, 19 de março de 2017

Direito ao Lazer


Houve em tempos uma Ministra da Educação que entendeu que um professor era um funcionário público como outro qualquer, E, como tal, decretou que deveria passar 35 horas semanais no seu local de trabalho, ignorando a especificidade e a grandeza da tarefa subjacente a essa profissão. O desgaste físico e psicológico que ela implica, também. Depois, inventaram-se umas horas de "trabalho individual",  que podem variar de 7 a 11 horas semanais, consoante as escolas ou nem sei bem o quê, mas que são sempre um número ridículo, considerando o imenso volume de trabalho que é necessário fazer fora da escola - basta pensar no tempo necessário à preparação das aulas, ou à correcção dos testes, embora ele seja muito diverso, também, consoante o tipo de matérias e as disciplinas.
Mas isso não é tudo: só uma mente estreita e um espírito tacanho e mesquinho não é capaz de entender que para que um professor possa fazer bem o seu trabalho precisa, naturalmente, de tempo: para estudar, para ler, para pensar; acima de tudo pensar. E que isso é muito mais valioso que qualquer "formação" feita à pressa e "a martelo", só porque sim.
De então para cá, perdemos todos: os professores, em primeiro lugar, mas também as escolas e, sobretudo, os alunos. E a Educação vai sendo cada vez mais "pobrezinha", porque lhe falta o essencial -  o tempo de lazer.

2 comentários:

  1. Ainda ontem uma amiga minha que é professora falava-me sobre as horas de trabalho a mais que inevitavelmente tem que ter em casa e o quanto isso lhe roubava ao tempo de lazer. Esse tempo tão necessário e que, também noutras profissões, tende a ser roubado. Dizem que somos um povo que trabalha muitas horas embora produza pouco. Acredito que parte do problema resida precisamente nesse desequilíbrio entre trabalho e lazer.

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    1. Exactamente Luísa. No nosso caso, a introdução da "componente não lectiva" veio fazer com que se passe demasiado tempo na Escola, em geral muito pouco produtivo, pelas mais variadas razões, e depois não sobre tempo nem disposição para o que realmente importa.

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