domingo, 9 de abril de 2017

Alarvidade e javardices



A história não e nova. Ciclicamente, é notícia este triste espectáculo dos jovens portugueses provocando todo o tipo de desacatos por terras espanholas. Antes era em Lloret del mar que, por esta altura do ano, cenas como as que vieram agora a público aconteciam ano após ano. Lembro-me de ver reportagens na televisão espanhola sobre o assunto, nas quais alguns comerciantes locais diziam preferir fechar as lojas nesses dias, para evitar roubos e prejuízos de todo o tipo. Houve até um rapaz que morreu, há uns anos, porque se atirou da varanda do quarto para a piscina. Sem palavras...
Depois, mudaram de destino, mas a atitude permanece igual. É extraordinário imaginarmos que se trata de jovens que têm entre 17 e 19 anos, mais ou menos, que são letrados, pelo menos teoricamente, uma vez que estão a terminar o secundário, e da classe média, pois têm famílias que pagam cerca de 600 euros para os meninos se "divertirem". E é aqui que está o problema: porque para esta gente, incluindo as agências que organizam as viagens e com as quais devem lucrar muitíssimo, "divertir-se" significa que vale tudo, desde embebedar-se até cair para o lado, fazer barulho a todas as horas, sem se preocupar com quem possam estar a incomodar, e deixar um rasto de lixo e de destruição por onde passam. Ou seja, comportar-se como uns grunhos brutamontes e assumir todo a espécie de comportamentos reprováveis, que nem um selvagem teria.
Desta vez foram expulsos de um hotel em Torremolinos e a notícia tornou-se uma espécie de escândalo, com honras de abertura no Telejornal.
O assunto é , de resto, também notícia na imprensa espanhola. No El País de ontem diz-se o seguinte: Alrededor de 800 estudiantes portugueses han causado importantes destrozos en un hotel de Torremolinos (...) Los jóvenes destrozaron azulejos, tiraron colchones por las ventanas, vaciaron extintores en los pasillos del hotel e incluso tiraron un televisor en la bañera, según fuentes policiales.
O mais chocante disto tudo é ouvir depois os depoimentos. O do menino que acha tudo "um exagero", porque "houveram" vários desacatos, mas isso tem de haver porque é "normal", mas não é tanto como se diz. O do senhor da agência organizadora, que acha que ele é que tem motivos de queixa do hotel, por exemplo por os quartos não serem arrumados pelas equipas do hotel. Ora, na sua perspectiva, se os meninos se deitavam tarde, porque tinham festas atá às seis da manhã e e estavam a dormir à hora a que o quarto deveria ser limpo, o hotel só tinha que mudar os horários da limpeza dos quartos. Hilariante, no mínimo. Mas o pior ainda foi a versão de uma das mãezinhas, que faz parte da Confap (e isto chegaria para perceber que está tudo dito!) Segundo a dita senhora, tudo isto é muito natural, e se não fosse para ser assim, então "teriam ido para Fátima".
É certo que quem há muito anda pelas escolas não estranha completamente estes comportamentos, nem dos filhos, nem dos pais.  A tendência actual é mesmo esta: façam o que fizerem, os meninos têm sempre razão. E assim se vão criando estes pequenos monstros, que engrossarão, decerto, o número de adultos execráveis.
Eu vejo/leio tudo isto e só sinto duas coisas: asco e vergonha....
E vêm-me à cabeça aqueles versos de Sophia: "Vemos, ouvimos e lemos / Não podemos ignorar".

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