domingo, 18 de junho de 2017

Greve em dias de exames? Sou contra!


A história não é nova. Há quatro anos os sindicatos de professores (sempre com a Fenprof e o inenarrável Mário Nogueira à cabeça) também convocaram uma greve para o dia do exame de Português. E foi uma enorme confusão, como é costume acontecer em circunstâncias semelhantes, que implicou a marcação de uma nova data para a realização da prova.
Em relação a este assunto mantenho a opinião que tinha na altura, a qual me valeu insultos e amuos de vária ordem, que na verdade pouco me importam. Penso pela minha cabeça em todas as circunstâncias e nunca fui, nem serei, corporativista. De resto, identifico-me pouco com a classe profissional a que pertenço.
Os professores têm naturalmente razões de queixa como tantas outras profissões. E têm, com certeza, direito à greve e a manifestar o seu descontentamento. Mas não pode valer tudo.
Ora, um exame é sempre uma situação de tensão, que pode ser vivida com maior ou menor ansiedade consoante o feitio de cada um. Já todos passámos por isso. E é claro que não é indiferente que o exame se realize no dia marcado, ou noutro dia qualquer. Porque um aluno prepara-se para fazer uma prova num determinado dia. E se o dia mudar continua preparado. Mas a incerteza sobre a realização da prova no dia previsto vem certamente aumentar o nervosismo inerente à situação de estar a ser "posto à prova", que é mais fortemente sentida nos 11º e 12º anos, porque disso depende muito do que vem depois.
Às vezes orgulho-me de ser professora; e outras, muitas outras, envergonho-me. Sei muito bem do que falo. Conheço bem demais os professores (que também sou). Conheço-os no que há neles de bom, de excepcional até, nalguns casos; e também no que há neles de mais desprezível e medíocre. Conheço a escola há muitos anos, por dentro e por fora. E muito do que nela se passa não chega nunca a toda a gente. Felizmente, diria eu.
Fazer greve num dia de exames é, quanto a mim, antes de mais, um mau exemplo educativo, que consiste em passar para os alunos a mensagem implícita que vale tudo para se tentar obter o que se pretende.
O episódio de há quatro anos levou o governo de então a alterar a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, a qual prevê agora no seu artigo 397º, alínea d), a possibilidade de existência de serviços mínimos na Educação, sempre que tal implique a "realização de avaliações finais, de exames ou provas de carácter nacional que tenham de se realizar na mesma data em todo o território."
Assim, veremos o que se passa na próxima quarta-feira. Mas seria bom que os professores tivessem a sensatez de não embarcar nestes calendários sindicais sem pensar muito bem no que está aqui em causa, e esquecendo os alunos com os quais trabalharam o ano inteiro, que estarão especialmente ansiosos por estes dias. E não aumentar essa pressão, que já é grande q.b. Ou então não se admirarem nem queixarem de serem um classe pouco considerada pela opinião pública em geral, muitas vezes sem razão, mas muitas outras por se porem mesmo "a jeito"...

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