quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Fim de férias


Daqui a nada acabam as noites quentes e quietas, os dias que passam devagar, sem obrigações nem horas marcadas; e regressa a algazarra, a correria, a vida norteada pelos ponteiros do relógio e os toques de campainha(s). Volta o tempo de acordar sem ter dormido tudo, dos gestos repetidos numa rotina rigorosamente cronometrada, de fazer todas as manhãs o mesmo percurso de autocarro, observando as pessoas, na sua maior parte emudecidas e alheadas diante de um écran de telemóvel, e imaginando-lhes as história e as vidas.
Daqui a nada é outra vez Outono, que já se anuncia nos dias que vão ficando mais curtos, o sol há-de tornar-se mais baço e o tempo mais fresco; e virão o vento, a chuva e o frio. Mas com ele virá também a poética nostalgia dos tons dourados que enchem as árvores e o chão; e a vontade de recato, intimidade e aconchego, numa alternância que se sucede e anuncia novos caminhos e outros desafios, tudo sempre igual e ao mesmo tempo sempre distinto.
Daqui a nada volto ao meu quotidiano que se faz à volta das palavras e à aventura inesgotável e imensa de fazer ver como elas podem ser importantes e enfeitiçar-nos, de como cada texto tem uma sonoridade e um ritmo próprios, e de como a forma como isso nos toca pode também transformar-nos e pensar o mundo e conhecê-lo e conhecermo-nos de outra maneira. Vamos a isso!...

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