quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Os dias não



Acho que acontece a toda a gente. Há dias luminosos e outros mais sombrios. Há os dias em que nos sentimos bem na nossa pele; e há outros que nem por isso. Não é preciso haver uma razão que o justifique, ou ela pode ser o mais fútil e insensata possível. Todos nós já gostámos e não gostámos do que vemos no espelho. Já achámos que estávamos bem ou que estávamos um pouco mais gordos, ou mais velhos, ou seja lá o que for. E, muitas vezes, basta esse mau humor, essa sensação difusa de que nem tudo é o que gostaríamos que fosse, para que o dia corra um pouco menos bem.
Falo de humores passageiros e não de "maus feitios". Nem vale a pena tentar entender como, porquê ou de onde chega essa sensação inexplicável de desconforto, que se nos instala a contragosto no corpo e no coração e nos ocupa o dia e a vida.
Sempre que isso me acontece, não consigo deixar de sentir algum remorso por saber que não há no fundo nenhuma razão que justifique o modo como me sinto. Resta-me o consolo de saber que a maior parte dos dias não são assim; e que os que são, logo passam. Então, nada melhor do que aceitar que é tudo muito natural, que também não há pachorra para quem está sempre muito contentinho e que, mesmo sem motivo, ficar melancólico, impaciente ou um pouco mais desconsolado não tem, afinal, mal nenhum.

2 comentários:

  1. E às vezes é mais do que um dia ou dois, às vezes acontece-me uma semana ou mais, até que a luz volta e sei que sou eu de novo.
    ~CC~

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    1. Para mim é sempre passageiro. Como naquela expressão "tem dias", de que eu gosto tanto. Será, provavelmente, porque como costuma dizer uma amiga minha "não tenho vocação para o infortúnio". :D

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