segunda-feira, 25 de maio de 2020

(Re)encontro



A cada ano é um prazer renovado, ainda que sempre repetido. O mar é uma das minhas grandes paixões. Talvez por ter nascido e vivido sempre perto dele. Ou apenas porque sim. Dizem que as paixões não têm que explicar-se; e eu concordo. Na verdade preciso dele e do que me faz sentir quando me sento em silêncio na sua frente e o olho demoradamente, sem pensar em nada. Ou quando fecho os olhos e apenas o ouço, no seu vaivém incessante e cadenciado. E me deixo ir nessa meia sonolência contemplativa e extasiada. E solto os sonhos e deixo a alma e o corpo serenar.
É junto do mar que mais me sinto em harmonia com o universo e me reencontro e reconcilio comigo e com o mundo. Por isso, quando em cada ano o visito pela primeira vez, sinto um enorme prazer tranquilo, como se todas as coisas voltassem ao seu lugar.
O mar reequilibra-me e seduz-me, atrai-me e mete-me medo, em tudo o que significa de paz e de tumulto, de caos e de harmonia, num encantamento impetuoso e desmedido, provocando em mim uma vaga de bem -estar e de prazer  que, apesar de repetida, nunca é igual; e que apetece prolongar sem fim.
É sempre assim. Mas este ano, com o confinamento e a solidão que lhe está associada, poder estar de novo diante do mar, ou entrar nele e deixar-me envolver, é uma ainda mais maravilhosa e indizível sensação de liberdade.

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