domingo, 23 de fevereiro de 2014

Desfazer ideias feitas



Durante sete Sábados, tive o prazer e o privilégio de ouvir, de aprender, de ler e de pensar sobre Mário Dionísio e o Neo-Realismo, num curso com o extraordinário nome "Mãos que constroem sonhos", conduzido pelo saber e a generosidade da que foi (e é ainda) a melhor professora da minha vida, Maria Alzira Seixo, de quem já falei aqui mais de uma vez e que modificou a minha maneira de ver a literatura, de a perceber e de gostar dela. Que, acima de tudo, me ensinou a pensar.
Foi assim que pude descobrir em Mário Dionísio um interessantíssimo e fascinante escritor de personalidade vincada e obra diversa  e muito abrangente; e que o Neo-Realismo é mais que uma corrente simplista de cunho fortemente social, como tantas vezes ouvimos dizer, mas é também um movimento modernista, através de uma nova concepção concreta das coisas, da palavra pragmática, que apela à acção, em que as questões sociais importam, mas também as emoções e os sentimentos. Há o homem que luta por melhores condições de vida, mas igualmente pela libertação psicológica e cultural, e a arte como uma maneira de conceber um mundo melhor, a concretização de um sonho, uma espécie de redenção.

6 comentários:

  1. Não sou conhecedor da obra de Mário Dionísio. Não se justifica, por isso, um comentário.

    Aproveito para deixar os votos de um bom domingo, Isabel.

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    1. Infelizmente, pouca gente é e muitas obras não se encontram sequer disponíveis. É um autor injustamente esquecido. Eu própria que sou das letras, conhecia apenas um conto ou outro.
      Pude agora descobrir, na literatura e na pintura um autor muito interessante.

      Há que visitar "A Casa da Achada", em Lisboa, na Costa do Castelo, por detrás da Igreja de S. Cristóvão.
      Obrigada. O Domingo está no fim. Mas ficam os votos de uma boa semana.

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  2. Não conheço. Se calhar estou a perder algo de muito importante.

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    1. Isso do "muito importante" é sempre relativo. Mas é um autor que vale a pena ler, mais do que muitos daqueles que são tão mediáticos...

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  3. Estive a navegar pela net para saber mais sobre Mário Dionísio, que também não conhecia, e verifiquei que é autor de poucas obras. Será essa a razão pela qual é pouco referido e, por consequência, conhecido...?
    Beijinho :)

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    1. Mário Dionísio tem uma interessante e vasta obra poética, quase toda toda reunida na "Poesia Incompleta" e num outro livro posterior "Terceira Idade". Um romance "Não há morte nem princípio", contos "O Dia Cinzento e outros contos", que é o mais conhecido e mais dois volumes, uma obra ensaística com as Fichas da "Seara Nova", muitos prefácios e textos dispersos e textos de carácter pedagógico, como por exemplo os cinco volumes de "A Paleta e o Mundo" que é uma interessante e acessível abordagem da pintura moderna para quem não conhece muito do assunto. E depois tem ainda a versão de pintura, com quadros figurativos e abstractos muito interessantes.

      Julgo que uma das razões pela qual foi sempre pouco referido é também política, além da sua personalidade muito particular. Desvinculou-se do PC por considerar que a arte não tinha que estar ao serviço de uma causa (em termos genéricos) e teve sempre muito más relações com Álvaro Cunhal.

      Tenho agendada uma visita guiada à "Casa da Achada" para o final de Março, na qual vou ter como "cicerone" a própria filah de MD e pode ser que depois possa contar mais coisas sobre isto.

      Para mim, Paulo, na verdade foi uma revelação.

      Beijinho :)

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