Quando, naquela segunda-feira chuvosa de há dois anos, depois de ler o Fio de Prumo, pensei: e se eu também tivesse um blog? - e, tal como sempre faço quando se me mete alguma coisa na cabeça, comecei logo a tratar disso, fazendo numerosas e desajeitadas experiências para ver como poderia lá chegar sem perguntar nada a ninguém, - estava muito longe de imaginar o que me esperava.
Ao fim da manhã ganhou vida. Chamei-lhe simplesmente Isto e Aquilo, ainda na incerteza desse mundo novo que se abria então diante de mim. E assim ficou...
Não foi pensado, mas tinha que ser num dia sete, que é o meu número fétiche e é também , num outro mês, é certo, o dia em que eu nasci.
Dois anos e 462 posts depois, Isto e Aquilo pertence-me, faz parte da minha vida e funde-se comigo, num certo sentido. Entrego-lhe o que me vai na alma, sem preocupações de pensar que me exponho, ou no que vai pensar quem o vier a ler, que eu nunca sei quem é.
Na verdade, há hoje entre nós uma espécie de intimidade, que é já um caso sério. Mesmo se às vezes não lhe dedico tanto tempo e atenção quanto gostaria. Mesmo se ainda não é raro tropeçar nas minhas famosas azelhices tecnológicas, que me obrigam a recorrer aos "especialistas", que são aqueles amigos muito queridos, sempre dispostos a ajudar-me no que for preciso: tornar o blog mais bonito, encontrar um post perdido, redefinir uma página que eu virei do avesso sem saber como, ou seja o que for.
Quando me comparo com o que vou lendo por aí, e encontro coisas fantásticas, textos magníficos e gente que anda nisto há dez, quinze anos, e já fez cinco mil posts, por exemplo, sinto sempre que ainda estou no início. Mas não importa. Não tenho nenhum tipo de pretensão, nem de meta.
O meu blog é muito eu e a minha forma de ver o mundo. Porque mesmo os que dizem que o que escrevem não é autobigráfico, em sentido estrito, esquecem que há sempre muito de cada um de nós que se revela na nossa escrita; e que ela é sempre, de certa forma, fruto da nossa experiência.
Às vezes, confesso, sinto que ponho a alma demasiado a nu, mas isso não me incomoda verdadeiramente, porque com o tempo se perde algum pudor e se vai ficando também menos vulnerável aos olhares, pensamentos e opiniões alheios, sobretudo de quem não conhecemos, ou não nos importa.
Passados estes dois anos estou muito satisfeita de me ter metido na aventura da blogosfera, que é como eu a sinto; e faço dela um balanço muito positivo. Porque o que ganhei foi incomensuravelmente maior do que o que possa ter perdido. Houve bom e mau, como em tudo, mas descobri um lado de mim que andava meio adormecido e um mundo desmedido e fascinante, cheio de mistérios e segredos, onde já fiz amigos e criei afectos, laços, cumplicidades inimagináveis, onde tenho aprendido muito sobre o mundo e os outros, e até sobre mim mesma, porque me obriga tantas vezes a descer ao mais fundo do que sinto, penso, sei e sou; e me sinto, por isso, muito mais rica de tudo o que mais importa - saber, experiência e afectos.
Como me disseram um dia, um blog é como a nossa casa: é o que eu quiser que ele seja, uma janela aberta para o mundo e a alegria da vida partilhada. Não é só o que se escreve; é também o que se lê e o que tudo isso nos faz pensar.
Há, pois, muitas pessoas a quem teria que agradecer por tanto que me têm dado. E no entanto não as nomeio, porque elas sabem quem são; e porque é sempre bom saber, simplesmente, que há quem esteja do lado de lá das palavras. E eu sei, não sabendo, que há também quem esteja em silêncio, que é outra forma de estar.
Hoje é dia de festa! Estão todos convidados... É que eu gosto mesmo disto; e enquanto gostar...
Ao fim da manhã ganhou vida. Chamei-lhe simplesmente Isto e Aquilo, ainda na incerteza desse mundo novo que se abria então diante de mim. E assim ficou...
Não foi pensado, mas tinha que ser num dia sete, que é o meu número fétiche e é também , num outro mês, é certo, o dia em que eu nasci.
Dois anos e 462 posts depois, Isto e Aquilo pertence-me, faz parte da minha vida e funde-se comigo, num certo sentido. Entrego-lhe o que me vai na alma, sem preocupações de pensar que me exponho, ou no que vai pensar quem o vier a ler, que eu nunca sei quem é.
Na verdade, há hoje entre nós uma espécie de intimidade, que é já um caso sério. Mesmo se às vezes não lhe dedico tanto tempo e atenção quanto gostaria. Mesmo se ainda não é raro tropeçar nas minhas famosas azelhices tecnológicas, que me obrigam a recorrer aos "especialistas", que são aqueles amigos muito queridos, sempre dispostos a ajudar-me no que for preciso: tornar o blog mais bonito, encontrar um post perdido, redefinir uma página que eu virei do avesso sem saber como, ou seja o que for.
Quando me comparo com o que vou lendo por aí, e encontro coisas fantásticas, textos magníficos e gente que anda nisto há dez, quinze anos, e já fez cinco mil posts, por exemplo, sinto sempre que ainda estou no início. Mas não importa. Não tenho nenhum tipo de pretensão, nem de meta.
O meu blog é muito eu e a minha forma de ver o mundo. Porque mesmo os que dizem que o que escrevem não é autobigráfico, em sentido estrito, esquecem que há sempre muito de cada um de nós que se revela na nossa escrita; e que ela é sempre, de certa forma, fruto da nossa experiência.
Às vezes, confesso, sinto que ponho a alma demasiado a nu, mas isso não me incomoda verdadeiramente, porque com o tempo se perde algum pudor e se vai ficando também menos vulnerável aos olhares, pensamentos e opiniões alheios, sobretudo de quem não conhecemos, ou não nos importa.
Passados estes dois anos estou muito satisfeita de me ter metido na aventura da blogosfera, que é como eu a sinto; e faço dela um balanço muito positivo. Porque o que ganhei foi incomensuravelmente maior do que o que possa ter perdido. Houve bom e mau, como em tudo, mas descobri um lado de mim que andava meio adormecido e um mundo desmedido e fascinante, cheio de mistérios e segredos, onde já fiz amigos e criei afectos, laços, cumplicidades inimagináveis, onde tenho aprendido muito sobre o mundo e os outros, e até sobre mim mesma, porque me obriga tantas vezes a descer ao mais fundo do que sinto, penso, sei e sou; e me sinto, por isso, muito mais rica de tudo o que mais importa - saber, experiência e afectos.
Como me disseram um dia, um blog é como a nossa casa: é o que eu quiser que ele seja, uma janela aberta para o mundo e a alegria da vida partilhada. Não é só o que se escreve; é também o que se lê e o que tudo isso nos faz pensar.
Há, pois, muitas pessoas a quem teria que agradecer por tanto que me têm dado. E no entanto não as nomeio, porque elas sabem quem são; e porque é sempre bom saber, simplesmente, que há quem esteja do lado de lá das palavras. E eu sei, não sabendo, que há também quem esteja em silêncio, que é outra forma de estar.
Hoje é dia de festa! Estão todos convidados... É que eu gosto mesmo disto; e enquanto gostar...
Parabéns ao blog e à Isabel, pois! Quanto ao que escreveu, destaco isto - de facto, com o passar dos anos pouco nos importa o que pensam de nós. A nossa verdade é o que interessa. Chegar a este patamar é uma grande conquista.
ResponderEliminarMuito obrigada, Faty! Pelos parabéns e, acima de tudo, por me acompanhar neste percurso.
EliminarUm beijinho :)
Parabéns blogue, parabéns Isabel.
ResponderEliminarLouve-se o 'Fio de Prumo' por ter sido o inspirador.
Agradeça-se a Helena Sacadura Cabral por ter sido a responsável do blogue que serviu de inspiração.
Beijinho e boa noite.
Obrigada.
EliminarMuito devo ao Fio de Prumo e à Helena, sim e ela sabe disso. E não apenas quanto à génese do blog, mas em relação a uma certa forma de viver, que vou aprendendo com ela todos os dias. E ao seu exemplo de força e de alegria.
Ainda que fosse só por isso, já teria valido a pena. Mas é muito mais...
Beijinho, António e obrigada por seguir atentamente o que vou fazendo por aqui.
Parabéns!
ResponderEliminarGosto imenso do seu modo de ver e descrever o mundo.Os seus textos são magníficos e cheios de encanto.
E, um grande dia!
Muito obrigada.
EliminarOs meus textos são, pelo menos, sinceros. Porque é essa a minha maneira de ser.
As suas simpáticas palavras, Malema, sabem-me bem. É que é sempre bom saber o efeito que se produz do lado de lá.
Um beijinho
Eu gosto de a ler uma vez que gosto sempre de conhecer formas de pensar diferentes da minha. Sendo eu uma pessoa das ciências, acabo por ter uma certa tendência em ver o mundo de uma forma algo geométrica (exceto a minha secretária decorada num estilo mais "impressionista"), e daí gostar de interagir com pessoas (muito) diferentes. Desse ponto de vista o mundo blogosférico tem essa particularidade de rapidamente se chegar a uma série de pessoas. Há uma coisa que gosto de si que é o facto de não se esconder, sendo que para mim é um mistério, o porque de 99% das pessoas deste mundo se apresentarem como "bonecos" afinal, quando o pessoal sai à rua não mostra a cara?...
ResponderEliminarNa verdade, Sérgio, nós raramente concordamos. E julgo que isso não terá a ver com as nossas formações académicas de base (eu de letras e o Sérgio das engenharias), mas antes com maneiras de ser. Porque há no meu círculo de conhecimentos/relacionamentos (e nem estou a falar da blogosfera) muita gente de formação muito diversa e diferente da minha, com quem,em geral,estou de acordo.
EliminarÀs vezes, confesso, Sérgio (e perdoe-me a sinceridade, que não é de todo ofensiva) tenho a sensação que o Sérgio gosta simplesmente de "ser do contra"; de quando ouve dizer "isto é branco" lhe apetecer automaticamente dizer "não, a mim parce-me verde" para criar uma polemicazita...
Não me escondo, não, isso não tem nada a ver comigo. Não compreendo, alíás, a razão de quaisquer anonimatos, nem de "nicks" e coisas do género.
Ahahah... Então é assim que me ve. Ok, cada um é como é. De qualquer forma gosto de a ler na mesma. E depois é só um blog: convém por vezes relativizar um pouco.
EliminarNão sei a que se refere quando fala em relativizar as coisas, Sérgio. Discordar é uma coisa muito saudável, parece-me. E quando digo que é "do contra", isso não é necessariamente negativo. Aliás as nossas discordâncias, fazem-se sempre em respeito e em educação, que é como tem que ser. E eu até acho graça...
EliminarBeijinho
Minha querida Isabel
ResponderEliminarQue bonito exemplo de como aprendemos sempre alguma coisa com os outros. Eu consigo e você comigo. Boa troca, amiga!
Não sei exactamente o que é que a Helena pode aprender comigo, mas consigo perceber que se aprende sempre alguma coisa com os outros, como diz. :)))
EliminarUm grande beijinho
E, eu conheci o seu blog através do Fio de Prumo. Segui, portanto, a evolução natural. Esta sua casa também já faz parte da minha vida.
ResponderEliminarDeixo-lhe aqui mais um beijinho, desta vez, de Parabéns.
E eu gosto muito de a receber aqui "em casa", Teresa.
EliminarObrigada por tudo.
Beijinho
Portantus... 462 posts a dividir por 730 dias dá... dá... mais de um post por cada dois dias, muito bom!
ResponderEliminarParabéns, Isabel. Se me permite, não sendo de todo o seu caso, dou-lhe um conselho: não leia muitos blogues e continue a ler muitos livros. Não sei se já reparou, mas há uma tendência para escrever muito aquilo que denomino por "bloguês", ou seja, muitos blogues têm uma prosa bastante parecida, com bengalas semânticas um pouquinho para o enjoativo...
Beijinho :)
Obrigada, Paulo, pelos parabéns e pelo resto: a sua presença por aqui, a sua opinião, os conselhos e as ajudas. A sua amizade também. O que tenho aprendido consigo e o que me faz pensar. É imensa coisa... :))
EliminarEnfim, na verdade até gostaria de escrever mais, pois mesmo com dois anos isto ainda não perdeu o sabor a novidade e tornou-se quase viciante, misto de prazer e necessidade.
Continuarei a ler muitos livros, sim, porque não posso viver sem isso, embore gostasse de poder ler ainda muitos mais. Quanto ao "bloguês" confesso que ainda não dei por isso, e não sei exactamente do que fala, talvez porque na verdade também não leio assim muitos blogues...
(Espero fugir-lhe, ainda assim, tal como sempre procurei fugir ao "eduquês", que odeio. Deve ser por isso que um amigo meu diz que eu uma professora "desalinhada" - eheheh)
Beijinho :)
Ah, mas a sua lista de blogues à direita (do seu blogue, bem entendido) é de luxo (sem modéstias porque me vejo incluído), pontificado pelo "Fio de Prumo", que a Helena também desconhece o "bloguês". Podia citar de cor algumas orações ou construções frásicas exemplificativas, mas podia ser inconveniente com alguém - a começar por mim próprio... :)
EliminarIsto não fica bem dito por mim, que parece gabarolice, mas consta que tenho bom gosto :D
EliminarE prefiro sempre a qualidade em vez da quantidade. Assim, correndo o risco de haver muita coisa neste mundo muito boa que desconheço, também não perco muito tempo com o que não me interessa. E podem chamar-me elitista e snob à-vontade que não me importa nadinha ;)
Quanto ao resto ainda não psrcebi completamente o que é "blguês" mas estou certo que não o inclui a si ( não seja modesto...) :)