no incerto silêncio,
nos vagares repetidos,
na súbita canção
que nasce como a sombra
do dia agonizante,
quando empalidece
o exterior das coisas,
e quando não se sabe
se por dentro adormecem
ou vacilam, e quando
se prefere não chegar
a sabê-lo, a não ser,
pressentindo-as, ainda
um momento, na aresta
indizível do lusco-fusco.
Vasco Graça Moura
Os franceses chamam "entre chien et loup" a esses instantes de contornos indistintos, em que o dia se faz noite e tudo parece suspenso na incerteza do que está por vir, e apenas há pressentimento, desejo, inquietação e quietude, na doce melancolia do entardecer.
(Fotografia de Maria Cristina Guerra)
A "blue hour" é, a par com o amanhecer, um verdadeiro acontecimento que devia ser concomitantemente celebrado e "chorado" todos os dias. Uma hora e meia que para qualquer amante passa a correr e que revela o lugar mais sagrado e exquis de l'amour...
ResponderEliminarBeijinho :)
Nem mais, Paulo. É uma belíssima formulação de uma incontestável verdade.
EliminarAh, l'amour...
Beijinho :)
A fotografia merece um prémio, tal como a fotógrafa.
ResponderEliminarO poema de VGM é soberbo.
O amor ... apeteceu-me dizer o que Miguel Esteves Cardoso escreveu mas travei. Tinha que ser.
O Miguel Esteves Cardoso não tem razão. O amor não é nada complicado. Nós é que gostamos de o complicar.
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