segunda-feira, 5 de maio de 2014

Flores para a mãe



 Quando eu era pequena, passava nos jardins e lembrava-me muitas vezes de apanhar flores para levar à minha mãe. E fazia ramos maiores e mais pequenos destas pequenas flores brancas ou amarelas, que surgem no meio da relva, tão espontâneas como o nosso amor, na sua genuína simplicidade. Lembro-me de as apanhar, por exemplo,  no regresso da escola, no Jardim da Casa da Moeda. E de lhas entregar como quem entrega um troféu, contentando-me com o seu sorriso de felicidade que, ainda hoje, tanta alegria me dá.
Como o melhor momento do dia de ontem: os beijinhos que me deu nos ombros, porque gosta do tom do meu bronzeado. Sempre foi assim entre nós. Desde o colo de onde conheci o mundo, que é a minha memória mais antiga, o nosso entendimento faz-se também, ou até sobretudo, de gestos, de risos e de silêncios, no que fica antes e depois das palavras, ou para além delas.

2 comentários:

  1. Momentos inesquecíveis, Isabel.
    É bom sinal que os continue a viver por muitos anos.

    Beijinho e que seja bem regressada.

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