terça-feira, 24 de julho de 2012

Emoção e sentimento



Não entendo como há quem possa substituir o encanto do cinema pela televisão, ou as emoções fortes do concerto, pelo CD, pelo DVD, ou seja pelo que for. E achar que é a mesma coisa.
O cinema e o concerto são, sem dúvida, os espectáculos que mais me tocam. Apesar das características específicas de cada um, em ambos há o fascínio da enorme sala escura, a companhia de tanta gente desconhecida cuja presença não importa e quase não se sente, a singularidade daqueles momentos irrepetíveis,  em que, durante cerca de duas horas, o mais importante passa a ser o que fica  entre nós e o ecrã, ou o palco. E que é único, e só pode guardar-se na memória e no coração. Para sempre.
O cinema conta-nos "uma história" que se desenrola diante dos nossos olhos, que sabemos ser uma ficção, representada por actores. E, no entanto,  acreditamos nela como se fosse a nossa vida, vivêmo-la com eles, emocionamo-nos, rimos e choramos, deixamo-nos levar para outro tempo e outro(s) lugar(es), tantas vezes tão distante(s) de nós.
Nos concertos, as canções também nos contam histórias, despertam memórias, materializam sonhos inconfessados. Mas, ali, o que mais me sensibiliza é a entrega total, como uma dádiva de amor, a exposição do mais fundo do ser, embalada pela música. Gosto dos momentos mais intimistas, das canções só acompanhadas à guitarra ou ao piano, e do palco enorme, vazio, porque não é preciso mais nada para lá da emoção partilhada, do que vivemos juntos naquele espaço e tempo só nossos em que a vida se suspende e a distância se encurta, e somos transportados para outros mundos onde nada é impossível e tudo pode acontecer, onde as emoções se soltam e podemos sonhar sem limites. E é como se os nossos corações fossem um só e batessem em sintonia.
Ao longo dos anos, quantos filmes já me marcaram, quantas vozes e canções já me emocionaram, quantas vezes a vida se interrompeu e tudo foi apenas a magia do instante? Nem sei...
Desta vez foi o Pablo Alborán, como antes dele tantos outros músicos me impressionaram e comoveram e, certamente, depois dele muitos voltarão a fazê-lo. E, ainda assim, de cada vez é um sentimento único, novo, diferente, quase como a ilusão, o mistério e a surpresa que tem tudo o que acontece pela primeira vez.  

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