quarta-feira, 12 de junho de 2013

Lisboa em festa (III)


É hoje! A noite maior do ano, em que Lisboa não dorme nem descansa e dança até ao amanhecer, vestida de cores garridas, de luz e de festa.
Hoje, Lisboa é toda alegria e encantamento, azul noite e amarelo da luz do sol, a brilhar sobre o rio ao fim da tarde.
Ninguém a ama como nós, ninguém a diz como os (seus) poetas:

http://www.youtube.com/watch?v=TP4BnfUm0eI

Se uma gaivota viesse
Trazer-me o céu de Lisboa
No desenho que fizesse,
Nesse céu onde o olhar
É uma asa que não voa,
Esmorece e cai no mar.


Que perfeito coração
No meu peito bateria,
Meu amor na tua mão,
Nessa mão onde cabia
Perfeito o meu coração.


Se um português marinheiro,
Dos sete mares andarilho,
Fosse quem sabe o primeiro
A contar-me o que inventasse,
Se um olhar de novo brilho
No meu olhar se enlaçasse.


Que perfeito coração
No meu peito bateria,
Meu amor na tua mão,
Nessa mão onde cabia
Perfeito o meu coração...

                                         (Alexandre O'Neill)


É varina, usa chinela
Tem movimentos de gata
Na canastra a caravela
No coração a fragata

Em vez de corvos no xaile,
gaivotas vêm pousar.
Quando o vento a leva ao baile,
baila no baile com o mar.

(...)
Vende sonhos e maresia
Tempestades apregoa
Seu nome próprio Maria
Seu apelido Lisboa
                              (David Mourão-Ferreira)

Alguém diz com lentidão:
"Lisboa, sabes..."
Eu sei. É uma rapariga
descalça e leve,
um vento súbito e claro
nos cabelos,
algumas rugas finas
a espreitar-lhe os olhos,
a solidão aberta
nos lábios e nos dedos,
descendo degraus
e degraus
e degraus até ao rio.

                             (Eugénio de Andrade)



Hoje, esta noite é toda nossa. E de Lisboa. Siga o baile...


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