quarta-feira, 3 de julho de 2013

Ainda sobre tudo isto...

No blogue "Destreza das Dúvidas", encontrei este texto de José Carlos Alexandre, com o qual concordo quase inteiramente:
Para Passos Coelho, foi sempre assim: eu é que sou o primeiro-ministro, eu é que decido. Parece nunca ter percebido que, especialmente em governos de coligação, as coisas têm de ser discutidas, é necessário haver acordos e, pelo menos nos dossiês principais, é imprescindível chegar a consensos. Com arrogância, tratou Portas como se este fosse apenas mais um ministro, o número 3 para sermos mais exactos. Para Passos, Portas, por obrigações de lealdade e hierarquia institucionais, devia acatar silenciosamente todas as decisões emanadas da sua cabecinha e da do “mago das finanças”, admirado em toda a Europa e arredores – por estranho que pareça, até Pacheco Pereira chegou, no início, a manifestar admiração por Vítor Gaspar.
Desde a proposta de alteração da TSU, passando pelo “enorme aumento de impostos”, Portas lá foi engolindo sapo atrás de sapo, dando, todavia, sinais crescentes de estar a aproximar-se da tal “linha vermelha” que dizia não poder ultrapassar. Chegou-se ao cúmulo de, em plena Assembleia da República, Portas passar pelo vexame de ver o primeiro-ministro e o inefável Relvas rirem a bandeiras despregadas, enquanto o deputado Honório Novo arrasava o “partido do contribuinte”.
Nem com estes antecedentes, Passos Coelho voltou atrás na sua decisão disparatada (mais uma) de promover Maria Luís Albuquerque a ministra das finanças. Dadas as circunstâncias, não lembrava ao diabo avançar com uma decisão destas sem assegurar previamente o apoio claro do líder do outro partido da coligação.
Alguns dizem que Portas foi irresponsável na sua demissão, que esta é "impensável", "incompreensível" (afirmou Marcelo), que abandonou o país (insinuou Passos), enquanto o primeiro-ministro fica a aguentar o "fardo da liderança" - para usar a expressão de Vítor Gaspar. (...) Portas (...) não exagera quando afirma que protegeu até ao limite das suas forças o "valor da estabilidade". Se Passos está completamente isolado, foi ele que se colocou nessa posição, por teimosia, arrogância, cegueira, estupidez e incompetência.

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