sábado, 27 de julho de 2013

Paixões Proibidas


Não gosto de dizer "nunca",  e é verdade que no amor há muito de irracional e de inexplicável, mas dificilmente me imagino a amar um homem muito mais novo ou muito mais velho do que eu. Porque, digam o que disserem, me parece que a idade conta.  E porque há entre mim e as pessoas que são mais ou menos da minha geração (vá, com uma diferença de até dez ou doze anos para cada lado) uma cumplicidade imediata que nos faz entendermo-nos de um modo muito natural e sentirmo-nos inevitavelmente mais próximos, porque vivemos as mesmas coisas nas mesmas alturas.
Pensei nisto a propósito do filme "Paixões Proibidas" (Two Mothers, no original), uma história de amor e de transgressão.
Realizado por uma luxemburguesa, Anne Fontaine, que curiosamente viveu a sua infância em Lisboa, adapta um conto de Doris Lessing, de 2003, The Grandmothers,  e conta a história, pouco banal, de duas amigas de infância quase inseparáveis, Lil e Roz, que se envolvem passionalmente, ambas, com o filho uma da outra.
Interpretado de forma notável por Naomi Watts e Robin Whright,  aborda os temas da amizade, do amor e do desejo, num lindíssimo cenário australiano, uma praia paradisíaca que parece um lugar longe do resto do mundo, tal como a história,  fora do comum, complexa e tocante, visualmente bonita como a paisagem, que nos  seduz  e incomoda no modo envolvente como trata a vertigem e o desregramento do desejo, a incapacidade de lhe resistir. E, no entanto, o filme, tocando com audácia um assunto mais ou menos tabu, fá-lo sempre com prudência e uma certa melancolia, aflorando também o medo do envelhecimento, pois é como se houvesse naquelas duas mulheres maduras uma tentativa, entre o patético e o desesperado, de se agarrar a uma juventude perdida; e levantando ainda outras questões, como  a procura da felicidade e a sua ilusão.
É um filme sobre os limites do amor, um filme de grande beleza e sensualidade, ao qual é impossível ficar indiferente. Eu gostei. E acho que vale a pena vê-lo.

2 comentários:

  1. Até porque nunca se diz nunca ao Amor. E é tarefa vã explicá-lo e poucachinho esmiuçá-lo.

    Beijinho :)

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    1. Também acho, até porque não se consegue, mesmo quando o Amor nos atrai e assusta em doses quase iguais...
      Sente-se e vive-se, pois. Reduzi-lo a palavras é apoucá-lo. Nem mais! (Se é que a palavra existe... ;)

      Beijinho :)

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