quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Um filme a ver e um post "roubado"


Preparava-me para escrever a minha opinião sobre este filme singular, "Relatos Selvagens", quando percebi que a Helena já se me tinha antecipado. E concordo tanto com ela, que não resisto a copiar-lhe o post na íntegra:

Dirigido por Damian Szifron o filme é dividido em seis episódios. Todos são muito bons. E, do meu ponto de vista, três são mesmo excepcionais.
O filme começa de forma brilhante, com um curto episódio passado num avião, que é uma história rápida, inteligente, envolvente e com um final extraordinário.
No seguinte, deparamo-nos com uma jovem empregada de um restaurante de beira de estrada, que recebe a visita de um homem que acabou com sua família, mas que a não reconhece.
Depois temos um episódio sobre dois sujeitos que se encontram no meio da estrada e se desentendem por causa de uma ultrapassagem.
O outro é sobre um pai rico que tenta livrar o filho de ser preso pelo atropelamento de uma mulher grávida.
O penúltimo relata a "estória" de um homem comum que vê o seu carro injustamente rebocado e é obrigado a pagar uma taxa e uma multa.
O último mergulha numa festa de casamento, que é muito bem filmada e que conta com uma atuação espetacular de Erica Rivas a lembrar-nos as mulheres de Pedro Almodovar.
Dito assim, parece uma manta de retalhos. Não é. Muito longe disso. Trata-se, sim, de sucessivos relatos sobre o que pode um ser humano fazer sob o efeito da raiva, mas contados com um subtilíssimo sentido do humor e cuja pegada social, tão característica deste realizador, está bem evidente.
Um dos principais méritos de Relatos Selvagens está no facto espantoso de não haver qualquer quebra de ritmo entre todos os episódios.
Damián Szifron é considerado por muitos uma espécie de Quentin Tarentino da Argentina. Não só por utilizar a violência, muitas vezes gráfica, em prol do humor, mas também pelo uso preciso da banda sonora na construção do clima.
Uma película para se rir e se divertir. Muitíssimo!  
 
Ao ver este filme é impossível não lembrar um outro filme argentino, El secreto de sus ojos - inesquecível, apesar de ser já de 2009 - que, sendo de outro realizador, tem em comum com este o mesmo protagonista, Ricardo Darín, e o tema da vingança, que é aqui uma espécie de leitmotiv mais ou menos presente em todos os episódios.
Sem quebras de ritmo, ou desnivelamentos na qualidade dos seis episódios (Pasternak; Las Ratas; El más fuerte; Bombita; La propuesta; Hasta que la muerte nos separe), o filme consegue uma surpreendente unidade no tratamento do insólito que pode haver em pequenas circunstâncias do quotidiano e levar assim ao descontrolo das situações, abordando-as no seu dramatismo, tensão, romance ou o que quer que seja sempre com o humor como pano de fundo.
Os críticos do costume ignoraram o filme, ou trataram-no menos bem, apesar de ter recebido o Goya do melhor filme estrangeiro e estar nomeado para o Óscar da mesma categoria.
Mas, na verdade, ele faz-nos passar duas horas muito divertidas, rindo a bom rir. No meio de tanta tristeza e/ou desgraça, já fazia falta...

2 comentários:

  1. Isabel, e há alguma correlação dos enredos entre os episódios? Ou apenas um tema comum a todos...?

    Beijinho :)

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    1. Não, Paulo, não há correlação dos enredos e ainda assim consegue ver-se o filme como um todo.
      Vá ver, mas é... :P

      Beijinho :)

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