segunda-feira, 2 de março de 2015

Uma questão de civismo e um actor de excepção


Diogo Infante, não o escondo,  é para mim o melhor de todos os nossos actores, ao nível dos melhores de Hollywood, ou mesmo superior a eles. Não lhe falta nada: tem a sensibilidade e a entrega, o profissionalismo, a voz e a figura, o talento e a ousadia. Tudo em doses certas, superlativas até.
Isto faz com que qualquer coisa que ele faça valha sempre  a pena ver, porque é garantia de qualidade. O público reconhece-o, enche-lhe as salas e aplaude-o de pé, longamente. Tenho mais dúvidas que o país político (habituado a dar pouca ou nenhuma importância à cultura) lhe dê o devido valor e o tratamento merecido, que as honras costumam ir apenas para os futebolistas e as vedetas televisivas, elevadas à categoria de estrelas de forma meteórica, com razão ou sem ela.
Na sua página do Facebook, o Diogo escreveu um dia destes:
Este foi o ano em que celebrei 25 anos de carreira!
A "Ode Marítima" e "Cyrano", foram duas prendas maravilhosas que me fizeram crescer como actor e como homem. A todos os que me têm acompanhado nesta viagem incerta mas fascinante, o meu obrigado...

Depois de ver a "Ode Marítima" duas vezes e de  a ter considerado a melhor performance que vi do Diogo até hoje, tinha uma enorme curiosidade em relação a "Cyrano".  Fui e não me arrependi. Porque Diogo Infante é sempre enorme, excepcional, e é-o também como "Cyrano", com destaque para cena final, que chega a emocionar-nos deveras. No entanto, os restantes actores  que com ele contracenam são muito "fraquinhos" e, para mim, que conheço muito bem o original, penso que grande parte de poesia do texto se perde nesta adaptação e tradução para português.
Diria que vale a pena ver a peça, mas não me pareceu sublime, e apenas a interpretação de Diogo Infante a salva da mediania.
A sessão em que estive presente foi além disso marcada por um incidente que o Observador noticiou: em plena actuação, uma espectadora sentada na primeira fila que não parava de utilizar o telemóvel teve de ser posta na ordem pelo próprio Diogo Infante, com a classe que o caracteriza.
De facto, a falta de educação e de civismo vão-se tornando cada vez mais comuns. Uma vergonha!...

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