sexta-feira, 15 de maio de 2015

O preço de uma constipação


O que se passou hoje comigo é um bom exemplo da falta de profissionalismo que vai reinando um pouco por todo o lado; e de como há pequenos pormenores que podem fazer a diferença.
Esta é a história: há cerca de três semanas que trago comigo uma enorme constipação, habitual em quase todas as Primaveras, já que sou uma incorrigível amante do sol e, mal ele aquece um pouco mais, aí estou eu deliciada, arejando qual lagarto. Desta vez, fui tratando dela com as coisas do costume e, dado que não tinha febre, continuei a fazer a vida de todos os dias. Mas a tosse não me largava e a constipação foi melhorando e piorando consoante as idas à praia e ao ginásio e as bruscas alterações climáticas. E chegou a febre. Só por uma noite, mas chegou. Achei então que não seria má ideia ir ao médico, que é sempre o meu último recurso (tenho esta coisa meio infantil de querer  fugir deles quanto posso).
Umas amigas sugeriram-me um médico excelente, que era o delas e das suas famílias, na Cuf Infante Santo (Dr. David Paiva) o qual, além disso, tinha acordo com a ADSE, o que significava que a consulta custaria apenas 3.99€. "Vais adorar!", garantiram-me. "E ficar cliente." Entusiasmada com tanta boa notícia, apressei-me a marcar consulta, agendada com extrema celeridade para daí a menos de quarenta e oito horas, o que também me pareceu óptimo.
Naturalmente que ao telefone, mesmo sendo já utente da Cuf Alvalade, me perguntaram qual o meu subsistema de saúde - e eu disse, - mas não me deram qualquer informação adicional. Também não fiz perguntas sobre acordos, nem preços, uma vez que as minhas amigas já me tinham esclarecido quanto a essas questões.
A consulta foi hoje. Durou quinze minutos, com as perguntas e procedimentos habituais nestas circunstâncias, e saí de lá com uma receita de um antibiótico e mais não sei o quê, bem mais potente que os meus ben-u-rons e afins. O trivial, pronto. Até aqui tudo certo...
Porém, chegado o momento de pagar, pediram-me o cartão "Medicare".  Respondi que não tinha. Só o da ADSE. Disseram-me, só então, que este médico não tinha acordo com a ADSE. E que a "colega" que registou a minha marcação teria registado "Medicare". Por isso, sendo a primeira consulta tinha que pagar 93€ (noventa e três euros!!!). Fiquei de tal modo em estado de choque que nem consegui reagir. Paguei e saí dali o mais depressa que pude, maldizendo a constipação e o mundo, de carteira bastante mais leve e quase à beira de uma ataque de nervos e de sei lá que mais, irritada comigo por não ter ido antes nem que fosse à urgência dos Lusíadas.
Que aqueles quinze minutos e a receita do antibiótico valham noventa e três euros já me parece excessivo e escandaloso, mas nem é isso que eu contesto. Sendo que o médico deixou de ter acordo com a ADSE há dois meses, como vim a saber depois, no telefonema de marcação esse facto tinha que me ter sido comunicado; e caber-me-ia, depois, decidir se queria ainda assim ser consultada por ele. Tanto mais que me perguntaram qual o meu subsistema de saúde.
Também não entendo como, tendo eu dito ADSE, do outro lado da linha se tenha percebido "Medicare", que nem sequer por qualquer semelhança sonora é susceptível de confundir-se. E é este o país que temos...
Mais tarde, com mais calma e já refeita do embate, redigi e enviei por mail uma reclamação dirigida à Cuf Infante Santo, a qual provavelmente não valerá de muito, mas serve pelo menos para "desabafar".
Por  fim, descubro com espanto que afinal a solução até podia ter sido outra, bem mais simples que tudo isto. Ah, se tenho lido este artigo a tempo, nem tinha chegado a ir ao médico...

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