domingo, 11 de dezembro de 2016

Um homem sem idade



Não está  entre os meus preferidos, mas não deixa de ser um dos nomes incontornáveis da Chanson Française de que eu tanto gosto, essa mistura perfeita de uma doce melodia com palavras fortes e sentidas. Falhei Brel, Brassens, Ferrat. E Piaf e Montand, claro, que já não fui a tempo de ouvir. Mas pude ver e ouvir ao vivo Reggiani, Moustaki (várias vezes) Ferré, Gréco...
Podia agora acrescentar  Aznavour à minha lista de concertos memoráveis e, ainda assim hesitei quase até ao último minuto, por motivos vários que incluíam o preço um pouco excessivo dos bilhetes. Depois, dada a provecta idade do cantor, achei que esta seria uma oportunidade única, talvez a última, e que não a devia perder. E fiz bem.
O mais impressionante de tudo foi a energia e a boa forma que se pode apresentar aos 92 anos. Quem vê quase não acredita. A voz pode não ser igual à de outrora, mas cantar durante cerca de duas horas e mostrar em palco uma energia que inclui uns passos de dança e muita garra não é para todos. Assim, assisti a um concerto de grande profissionalismo, que não se fica pela nostalgia do passado, mas mistura temas mais recentes com as canções "d'antan" e se projecta ainda no futuro, prometendo cantar em português na próxima visita.
Acompanhado por oito músicos, incluindo um "pianista clássico", foram, no entanto os momentos de piano e voz, pontuados aqui e ali pelo acordéon, tão "français", os mais intimistas e comoventes. Claro que não faltou nenhum dos êxitos esperados, de "hier encore", "she" ou  "emmenez-moi"  a mourir d'aimer" e a "la Bohème".
Durante o concerto não pude deixar de pensar que há de facto pessoas que parecem  não ter idade, ou relativamente às quais isso deixa de ter qualquer importância.
E, acima de tudo, fiquei cheia de vontade de voltar a Paris...

(Fotografias de Maria Cristina Guerra)

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