segunda-feira, 3 de julho de 2017

Um músico fora do comum


Quem me conhece sabe como eu gosto de bons concertos e como, ao longo dos anos, me têm empolgado, ao vivo, tantos músicos de que gosto há muito, ou outros que o tempo e a vida me vão revelando.
Salvador Sobral é a  minha mais recente "paixão" e, desde que o descobri, vivo em estado de puro encantamento. Porque ele é muito mais que um músico excepcional, dono de uma linda e límpida voz, ou um intérprete de excelência. É alguém que tem qualquer coisa extraordinária, que acrescenta alguma coisa e que toca as pessoas (daí o sucesso que o levou à vitória na Eurovisão). É alguém que sente tão profundamente a música, que se entrega tanto, que a sua emoção nos atravessa a pele e o corpo e se aloja no mais profundo de nós.
Ouvi-lo é ouvir sempre uma versão diferente de cada canção, viajar com ele pelas melodias e pelo que ele lhes faz, e perceber que a arte tem essa capacidade maravilhosa de nos chegar à alma.
Ver e ouvir Salvador Sobral é, a cada vez, novo e diferente, mas ao vivo é melhor ainda. É sentir o privilégio de fazer parte daquele momento; é arrepiar-se, chorar, rir, calar-se e, em silêncio, escutar; é perceber que um espectáculo não é apenas reproduzir um disco, é soltar os sentimentos e deixar que as canções fluam, e sejam atravessadas por outras; é risco e improviso; é um extraordinário trabalho de conjunto (Júlio Resende, André Rosinha e Bruno Pedroso contribuíram também em grande medida para a magia do que se viveu esta noite no CCB).
E como se tudo isto não bastasse, há ainda a simplicidade de Salvador, o seu sentido de humor, a sua capacidade de se rir de si mesmo, que é prova de inteligência, a proximidade que estabelece com quem o vai ouvir, que torna tudo mais autêntico e nos chega melhor ao coração.
Por isso, mesmo eu que já vi excelentes músicos e assisti a concertos inesquecíveis, que já estava à espera de um bom concerto e ainda assim me surpreendi, apetece-me agradecer a quem nos dá a possibilidade de viver um arrebatamento destes, que é das melhores coisas que há na vida. E se a felicidade é, como creio, feita de momentos de plenitude, o que se passou hoje naquela sala fez-me, sem dúvida, ser (mais) feliz. E isso é tão bom!...
Obrigada, Salvador.


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