quarta-feira, 5 de junho de 2019

Voltar ao Rocío



Quando chega o Pentecostes é sempre assim: uma emoção que se repete e que nunca é a mesma, a não ser no desejo de voltar, de fazer parte de uma festa única, que se vive em exuberância e interioridade, explosão de cor e de alegria, reencontro de amigos, celebração da fé e da vida.
Os dias prévios vivem-se na excitação dos preparativos, na antecipação do que já se conhece - o som dos sinos e das sevilhanas, do chiar das carroças, da flauta e do tamboril, da salve, dos vivas e olés - e do que em cada ano é sempre novidade e surpresa.
Viver esta Romaria é ficar impregnado dela para sempre, e querer sempre voltar, na ânsia de novas sensações e de reviver aquela magia única que ninguém pode explicar. O Rocío são cheiros, sabores e odores que se nos colam à pele e passam a fazer parte da nossa vida para sempre, como aqueles amores que nunca mais se esquecem. É o pó dos caminhos e a frescura do rebujito, o trote dos cavalos e, acima de tudo, o que está para lá das palavras e eu não consigo expressar.
Hoje, quase vinte anos depois da minha primeira Romaria, em 2000, sinto e sei que a Virgen del Rocío me acompanha e me protege, assim como a todos aqueles por quem lhe rezo.
Poder voltar ao Rocío é sempre uma alegria indizível e imensa, porque é naquele lugar que parece encantado, em silêncio diante da Virgem ou no alvoroço festivo das ruas, que eu me fortaleço por dentro.

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