segunda-feira, 29 de julho de 2019

As fosquinhas do Verão



Por estes dias, não há quem não fale nas voltas do tempo e por todo o lado se ouvem os protestos sobre um Verão "atípico", ou que tarda em chegar. 
Pois para mim está óptimo assim. E parece-me uma felicidade ter escapado até agora às ondas de calor que têm atingido quase toda a Europa, com muitas cidades a bater recordes máximos de temperatura, enquanto nós nos vamos mantendo por valores amenos que oscilam entre vinte e trinta graus, o que para mim, que abomino os excessos estivais - suor, moscas, bichos, desleixos vários - é o ideal. E mesmo que de vez em quando venha uma chuvinha, qual é o problema? Refresca, é maravilhoso o cheiro da terra molhada e logo passa, como tão bem diz a sabedoria popular: "chuva de Verão, chove agora e logo não."
Enfim, as temperaturas um pouco mais moderadas do que o habitual não impedem a leveza e a despreocupação que sempre associamos a esta estação e que é o que ela tem de melhor: as noites quietas e as bebidas frescas, a vida em ritmo mais lento, as conversas soltas noite dentro ou os passeios junto ao mar, a brisa fresca do fim da tarde, o mundo muito mais azul, os amores passageiros e inconsequentes, tudo em lume brando, feito de moleza e de preguiças desmedidas, como um enorme parêntesis.
Não é verdade que o que é muito previsível se torna mais enfadonho? Queixemo-nos menos, pois, e aproveitemos o mês e meio que nos resta deste magnífico e incerto Verão.

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