segunda-feira, 15 de julho de 2019

Ases do volante I


Deve haver uma explicação psicológica qualquer para o facto de não haver português que não se considere um exímio condutor e, por isso, se permita tudo e mais alguma coisa, achando sempre que "tem direito".
Há exemplos para tudo: os que guiam dentro da cidade como se fossem ganhar uma corrida, os que não respeitam as passadeiras dos peões (são sobretudo mulheres, hélas...), os que ignoram o facto de o sinal ter ficado vermelho e continuam como se nada fosse, ou os que não assinalam uma mudança de direcção. 
Os casos mais óbvios e enervantes, no entanto, têm a ver com o estacionamento em segunda fila e o uso absolutamente abusivo dos "quatro piscas". Sem querer saber de interromper o trânsito, ou de bloquear carros que poderão porventura ficar impedidos de se mover, esta gente permite-se tudo: pôr ou tirar meninos de escolas, ir ao café, ao banco, ou o que que quer que seja relacionado com "fazer a sua vida", considerando sempre que o seu tempo  e afazeres são mais importantes que os dos demais. E se alguém diz alguma coisa, ainda se justificam com o implacável "mas eu liguei os quatro piscas...", como se esse gesto bastasse para valer tudo.
Dois casos sintomáticos: na minha rua, que é de sentido único, passam autocarros. A rua nem sequer é muito estreita, mas todas as manhãs os autocarros demoram mais do que o normal a percorrê-la, pois há sempre gente em segunda fila, com os "quatro piscas" ligados, pois claro... Na Praça de Alvalade, onde trabalho actualmente, é rara a manhã em que não há uma chinfrineira de buzinas, porque alguém estacionou indevidamente, impedindo a saída de quem está nos lugares marcados para o efeito. E o que dizer sobre o que se passa na porta das escolas, onde se pára em segunda e mesmo em terceira fila para largar ou recolher meninos, ocupando a rua toda e tornando-a completamente intransitável?
Enfim, a explicação mais lógica para isto tem a ver com a nossa insensibilidade e desrespeito pelos outros, que parece ir crescendo mais e mais, e é bem a prova da mais grosseira falta de civismo.

2 comentários:

  1. Alvalade sempre teve problemas de trânsito, basta ver a Avenida da Igreja apinhada de carros em 2.ª fila ao Sábado e não só; os problemas dos pais que vão buscar as crianças à Eugénio dos Santos e por aí fora ... :((

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Se fosse só Alvalade... A questão coloca-se, hélas, pela cidade inteira, se calhar, mesmo, por todo o país. É uma questão de educação e de civismo, antes de mais nada.

      Eliminar