quarta-feira, 29 de abril de 2020

O que só nós sabemos



Se não podemos ver-nos nem tocar-nos, sobra a saudade. Faltas-me tu, as nossas tardes e os nossos dias, os instantes perfeitos de estarmos juntos, perdidos nos olhos e na pele um do outro, e todos os momentos de abraços sem pressa que sempre nos pareciam o paraíso e a eternidade.
Falta-me a magia de quem se entende apenas pelo que vê no fundo de outros olhos, faltam-me os teus olhos, as tuas mãos, o teu corpo,  os nossos silêncios e até os nossos amuos. Faltas-me tu e todas as sensações de te ter perto, todos os sonhos e esperanças, as carícias e o prazer, e o silêncio emocionado de estar juntos e isso ser bom, como uma fatalidade a que não podemos nem queremos escapar.
Agora percebo ainda melhor como é forte o que nos une; e tenho a certeza que não há abraço melhor que o teu, que  eu estou contigo e tu comigo para sempre, na tranquilidade de um afecto tão fundo como uma certeza absoluta, e na harmonia secreta do que não precisa sequer de ser dito para ser verdade.
Quando nos pudermos voltar a abraçar, esqueceremos o mundo e voltaremos a esse universo só nosso, com o tempo suspenso no despropósito maravilhoso do que só nós somos e conhecemos, libertando as mais audaciosas vontades, entregues à exaltação de todos os sentidos, nos instantes em que mais nada, nem mais ninguém, importa. E enquanto esse momento não chega, na minha cabeça vai soando aquela canção muito antiga: (...) dentro dos meus braços os abraços hão-de ser milhões de abraços, apertado assim, colado assim, calado assim, abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim, que é pr'acabar com esse negócio de você longe de mim...)


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