quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

E, de novo, Espanha


Não sou uma daquelas pessoas que olha com desconfiança para tudo o que é espanhol, alimentando o velho ditado segundo o qual, daqueles lados, "nem bom vento nem bom casamento." Irritam-me as rivalidades parvas entre dois países que têm tudo para se entender, porque, no fundo, se calhar, o que nos aproxima é muito mais do o que nos afasta, contrariamente ao que, durante tantos anos, sempre nos quiseram fazer crer.
Eu gosto de Espanha na sua diversidade e nos seus contrastes, como gosto de tudo o que é controverso e se ama, ou se odeia, sem indiferença nem meias tintas. É um país onde me sinto bem. Identifico-me com o prazer de viver e o espírito positivo, que faz de tudo uma festa. Mas, ainda me falta conhecer muita coisa. É que Espanha é enorme!...
Gostava, um dia, por exemplo, de fazer o caminho de Santiago, de ir ao cabo Finisterra, a Oviedo brindar com sidra, ou às festas de San Fermín, em Pamplona. E, também, a sítios menos afamados e muito mais recônditos, como Úbeda, na província de Jaén, considerada a jóia do renascimento andaluz,  Ronda,  ou Sos del  Rey Católico, em Zarogoza. E mais; muito mais!
Do que conheço, gosto de maneira mais intensa e apaixonada de San Sebastian, romântica e cativante, da aldeia de El Rocío (Huelva), por tudo o que significa para mim, de Barcelona, só por causa do Gaudí, (que os catalães são mesmo muito embirrantes), de Madrid, monumental e cosmopolita e, naturalmente, de Sevilha, que é a Espanha mais genuína.
Porque Espanha, para mim, é sul. É Andaluzia, sol, touros e mar. São as esplanadas, o flamenco e as sevilhanas. São noitadas intermináveis,  de amigos, de copos e de música. É o entusiamo excessivo e inebriante, com razão ou sem ela, o colorido forte e o à-vontade às mãos cheias.
Adoro  Sevilha, a sua cálida luminosidade, o ambiente "callejero" e a vida ao ar livre, o tilintar dos guizos das carroças  misturado com o som dos cascos dos cavalos no asfalto, a paz do rio Guadalquivir, o fervor religioso em ritmo de alegria, a simpatia das pessoas, o movimento fervilhante das ruas ao final do dia e a preguiça da sesta nas tardes quentes de Verão. Seja em que altura do ano for, Sevilha é sinónimo de ócio, de animação e de folia.
Há um ano que não vou a Espanha. E já tenho muitas saudades. Mas, daqui a mais ou menos vinte dias, vou resolver isso. Habituada a viajar em Dezembro, mas nunca nesta altura do ano, assim, entre festas (de Natal e de Ano Novo), é, de certo modo, uma estreia dupla, porque vou muito bem acompanhada, com amigos de há muito anos, mas com quem, por razões várias, nunca viajei antes. Só o destino é que não é novo. Repetir destinos conhecidos é uma velha mania minha e, desta vez, calhou Madrid. Não é a minha cidade preferida, mas é uma belíssima cidade, um  lugar onde me sabe sempre  bem regressar. E depois, Madrid é perto e bom caminho. E tem muito para ver e para fazer. Vai ser bom!...

9 comentários:

  1. Foi a primeira cidade capital em que estive aos 14 anos numa ida a Andorra com os meus Pais. Viajámos 5 pessoas num renault dauphine minusculo com portabagagem em cima. Chegámos desidratados a Cáceres, tal era o calor em Agosto. O meu Pai, que morreu há precisamente 32 anos adorava guiar.

    Fui muitas vezes a Espanha, indo da Praia da Luz, só para passarmos a fronteira...e de Chaves pela mesma razão. Sempre adorei ir a Espanha...

    Não gosto muito da língua, confesso que detesto a maneira como eles falam, embora lhes reconheça as qualidades:)

    Nunca fui a Barcelona, mas conheço razoavelmente o país. Sem dúvida o que mais gostei foi do Alhambra ao entardecer. Uma imagem que nunca mais esquecerei.

    Lindo texto...boa viagem, Isabel!

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    1. Também gostei de Alhambra, mas não tanto como esperava, talvez porque tinha expectativas demasiado elevadas, em função de tudo o que tinha ouvido contar. O que mais me impressionou em Granada foram as magníficas cores de Outono. Mas, na Andaluzia, não é dos meus lugares de eleição.
      Quanto à língua, não tem o encanto e a musicalidade do Francês que é, para mim, a mais bonita de todas, mas, depois de se aprender, o Espanhol é uma língua muito interessante, sobretudo se a compararmos com a nossa.
      Quer uns caramelos? ;)
      Beijinho
      Isabel Mouzinho

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  2. Belo texto, sim. Gosto de Espanha na sua geografia e diversidade cultural, já não gosto tanto da dificuldade linguística que sinto lá e da pouca vontade em se fazerem entender:) Sou sul, também:)

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    1. Qual dificuldade linguística, Fátima? Não me diga que como qualquer bom Português não tenta fazer-se entender em Portuñol? Veja-se o exemplo do Mourinho.... (eheheh - brincadeirinha ;)

      Pois claro, o sul é que é! Ainda um dia havemos de organizar uma viagem de "bloguers cool" a Sevilha :) Não era uma óptima ideia?

      Beijinho

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  3. Conheço muito bem Espanha, vou várias vezes por ano. Galiza, Astúrias e Cantábria, País Basco, Castelas (Leão e la Mancha), Catalunha (em Barcelona fui roubado), Valência, Múrcia, Rioja (bom vinho!), Andaluzia e últimamente ando a deliciar-me com a Estremadura. Gosto muito das pessoas - das mulheres (cof cof)- da gastronomia, dos idiomas regionais (falo todos com o mesmo à-vontade de um palhaço, mas todos me percebem a cantilena). Mas cidades, só mesmo Madrid e Sevilha...
    Beijinhos:)

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    1. Bem, Paulo, aparentemente Espanha já não tem segredos para si!... ;)
      Eu também gosto da Extremadura, onde as pessoas são muito simpáticas e onde tenho bons amigos.
      E a propósito: há alguma coisa assim mais especial que me aconselhe em Madrid, além do óbvio? (ou mesmo contando com ele...)

      Beijinho

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    2. Depende, Isabel... o que vai fazer? Vida diúrna ou nocturna...? :) Cultura, passeios, gastronomia, compras...? Digo-lhe apenas que "estaciono" sempre pela Gran Vía, depois quase tudo fica mais ou menos perto :)

      Beijinhos

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  4. :) Pois, não faço isso porque me sinto altamente desconfortável (ou ridícula?:)) :) Mas o meu marido faz, é hilariante e ainda por cima é portuñol em cima de um português falado (bem, é certo) por um estrangeiro.:)
    Haveria deceções e surpresas, decerto. Há pessoas que ficariam mais pequenas e outras maiores ::)) Outras, igualmente grandes ::))

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    1. Tem razão quanto às decepções e surpresas. Ainda hoje, ao almoço, falava com um amigo sobre este meu fascínio pela blogosfera e ele me dizia, céptico, que podia ser tudo uma imensa mentira, que as pessoas podiam não ter nada a ver com a imagem que faziam passar, etc.
      E eu, que não sou desconfiada por natureza, explicava que grande parte do encanto disto tudo residia também nessa aura de mistério, associada a pessoas de quem nos sentimos de repente mais próximos, sem nunca as ter olhado nos olhos, nem lhes ter ouvido a voz. E na incerteza de saber o que está por trás das palavras que nos ligam. E que queremos saber. E não queremos. Ou tudo junto. :))
      Beijinho

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