segunda-feira, 11 de março de 2013

Quanto dura o amor?


Em certos dias impacientava-se, ansiando por que tudo fosse mais simples. Que lhe bastasse, por exemplo, dizer "vem cá" para o ter de novo consigo, entregue ao desvelo dos seus gestos, demorados e ardentes. Então detinha-se assim, alheada do mundo à sua volta, sumida em mil pensamentos, no assombro do que lhe custava ainda aceitar, mas sentia como uma constatação irrefutável: isso de todas as histórias de  amor, mesmo as mais bonitas e duradouras, terem prazo de validade. E perguntava-se incessantemente se poderia o amor sobreviver aos estragos do tempo, enquanto tentava em vão descobrir o momento em que alguma coisa se apagara; ou o que teria levado a que, sem lágrimas, sem dramas e sem rupturas, se tivesse apercebido de que o que havia entre eles era já outra coisa. E, no entanto, não sofria nem se despedaçava, aceitando-o com a naturalidade desprendida de quem aceita a vida sem a questionar.
Acontecia-lhe, até, desejar outros corpos, atraída pela luz de outros olhares, dos quais sentia a falta mesmo antes de os ter. Às vezes deixava-se ir na voragem dos sentimentos que não sabia explicar quando, nem onde ou por que razão haviam surgido; e dava espaço ao coração para bater descontrolado, sonhando um mundo novo de possibilidades infinitas; mas, logo a seguir, disfarçava a vontade, fingindo para si mesma não se passar nada e optando por se submeter à serenidade lógica do tempo que passa, querendo tudo e não querendo nada.
Era então que só pensava enroscar-se de novo naquele colo que conhecia tão bem e não queria mais que um abracinho bom; ou pensava como um sorriso bastaria para  lhe encher o coração de felicidade, deixando-se envolver  pelo cheiro do seu corpo e pelo calor do seu abraço silencioso, que eram já quase apenas saudade.

4 comentários:

  1. Que filme maravilhoso o da fotografia :) Love with the proper stranger (Amar um desconhecido), por tudo.

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  2. O Amor pode custar toda uma Vida. Todinha!
    Bonito texto, beijinhos:)

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    1. Também acho, Paulo!...
      Obrigada.
      Retribuo os beijinhos. A dobrar :)

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