sábado, 4 de maio de 2013

O despropósito


Eu, que toda a vida detestei dependências, (bom, com excepção do café, assim de repente; e talvez outras que agora não me ocorrem), que  me farto de gozar com as pessoas que não sabem como deslocar-se quando  ficam sem carro por uma razão qualquer, e que sempre fui um pouco avessa a tecnologias em excesso, dou comigo de humor estragado e cabeça mais ou menos perdida no momento em que um vírus malvado, a que só não chamo outros nomes mais feios porque a fúria já me passou, se me instala no computador sem aviso nem licença e o bloqueia súbita e irremediavelmente.
Ridícula, a minha reacção, admito, durante as dez horas que estive sem ele enquanto me tratavam do assunto; e absurda aquela estranha sensação de que me faltava alguma coisa, como se a porcaria do computador fosse uma parte de mim, ou me fosse totalmente indispensável e mesmo vital. 
E se é verdade que desde que passei a trabalhar todo o dia sentada na frente de um computador o nosso relacionamento se tornou muito mais próximo, também é verdade que passo muitas vezes mais de dez horas sem o utilizar, ao fim de semana, nas férias, em viagem e em tantas outras situações. Mas só a ideia de querer e não poder me deixou num estado em que nem me reconhecia.
Diante de todo este exagero, que me envergonha e surpreende, não sei o que é mais apropriado dizer: se "no melhor pano cai a nódoa" ou "pela boca morre o peixe". Se calhar, parafraseando uma canção que eu acho aliás  detestável, o que se aplica neste caso é simplesmente: "Parva que eu sou!" 

4 comentários:

  1. Eh eh eh...gostei dessa das pessoas não saberem deslocar-se sem ser no seu carro...Aliás, não tenho carro nem carta. Por isso, num dos seus posts sobre não estar encartada para conduzir, revi-me na conversa, como em tantas outras... Disse para os meus botões, quando ainda só lia o que escrevia sem comentar: pronto, não estou sozinha! :)...Costumo dizer que não tenho vícios , mas quando falha alguma máquina que se está habituada sente-se falta. Ah, pois sente-se!...

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    1. É mesmo verdade, mas não deixa de ser um bocado estúpido. ;)

      Beijinho
      Isabel

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  2. Isto não é exactamente um vício, é a "nossa" janela mais privada para todo um mundo que desconhecemos e nos é, por vezes, tão interior.

    Beijinho:)

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    1. Ai Paulo, não imagina como as suas palavras me aliviam um pouco, porque dizem de uma maneira tão bonita o que eu sinto e não conseguia racionalizar e me fazia sentir um pouco tonta e "agarrada"- eheheh

      É tão tal e qual como diz!...
      Obrigada por me entender.

      Beijinho. Grande! :)

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