segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Morreu mais um poeta...



Foi pela blogosfera que soube da notícia. Nunca consigo evitá-lo: quando morre um poeta, penso sempre que ficamos todos um pouco mais pobres. Hoje, foi António Ramos Rosa. Tinha 88 anos. Como a minha mãe.
Os poetas falam-nos de amor. Da vida. E parece-me que não pode haver melhor forma de homenagear um poeta do que fazer perdurar as suas palavras.
Não Posso Adiar o Amor         

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração

2 comentários:

  1. Como costumo dizer, não há bons nem maus poetas, há os que o são e os que o não são. António Ramos Rosa foi, para além de Poeta, um excelente tradutor de outras poesias de origem francófona. O País ficou mais pobre.

    Beijinho, Isabel.

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  2. Inteiramente de acordo, Paulo. António Ramos Rosa foi muita coisa, como é próprio de quem é grande. Conheci-o primeiro como ensaísta, com aqueles magníficos volumes de "A poesia moderna e a interrogação do real". Marcante e original :)

    Beijinho, Paulo.

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