terça-feira, 24 de setembro de 2013

Um amor imenso



Uma das coisas boas desta campanha, entre outras menos boas, é a possibilidade que me dá de viver intensamente a minha cidade em pleno dia, com tempo e de olhos limpos, na agitação das horas que se vivem a correr, na azáfama da sua rotina urbana, numa pressa não se sabe de quê e para quê, numa  vida que se vai tornando mais lenta à medida que nos aproximamos do rio, como se a tranquilidade silenciosa e quieta do Tejo fosse sintoma de uma felicidade antecipada e conforto de um colo que é berço e pertença e essência de mim.
Ontem, depois do debate, depois de durante duas horas ouvir falar dela, precisei de sentir-lhe o pulsar, como dois corações que batem encostados um ao outro. E fiz aquilo de que eu tanto gosto: caminhar pelas ruas sem destino certo e a observar tudo devagar: as pessoas, os lugares,  os recantos únicos e meio escondidos, o pitoresco e o banal. Lisboa é uma cidade com alma, sedutora e misteriosa como qualquer mulher. E ao vê-la assim, em todos os seus cambiantes, na sua romântica beleza, não posso deixar de sentir uma satisfação imensa por lhe pertencer e ela pertencer-me também; e vivermos este namoro tão antigo, que se me cola à pele e se me entranha no corpo e me faz sentir bem.
E então é como se a visse pela primeira vez. E volto  a apaixonar-me por ela. E comovo-me, como sempre, com a mágica doçura do seu entardecer.

4 comentários:

  1. Contagiante essa sua paixão por Lisboa! Cidade de que também gosto muito. Parabéns pelo maravilhoso texto! Bjo

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    1. Obrigada, Maria Vitória. Lisboa é muito inspiradora. Impossível não gostar dela... :)

      Beijinho

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  2. Com campanhas ou sem elas, Lisboa apetece.
    Do lado de cá, também o Tejo 'faz das suas'. O rio do nosso contentamento, corre vaidoso, sabendo que de um lado e de outro, na sua foz, há gente que não o dispensa.

    Beijinho, Isabel.

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    1. Lisboa apetece, sim, apetece sempre. E há lá coisa melhor que voltar a Lisboa e ter aquele sentimento bom de chegar a casa...

      Vista da outra margem, então, fica mais bonita ainda, feérica, espreguiçando-se deitada à beira-rio :)

      Obrigada. Outro.

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