domingo, 22 de dezembro de 2013

Boas surpresas



Apesar de não serem muitos, não escapo à saga dos presentes de Natal. E ontem, em plenas compras, houve um episódio insólito, que me encheu de alegria. Na perfumaria do Corte Inglés, em animada conversa sobre as vantagens da base em pó e o tom ideal para a minha pele, a empregada que me atendia disse de repente que tinha um agradecimento  a fazer-me.
Perante o meu ar surpreendido, que apenas imagino, esclareceu-me: "Eu tenho trinta e um anos e de certeza que não se lembra de mim, mas foi minha professora de francês, na escola azul. E o que aprendi consigo serviu-me para vida. Tive Francês até ao 12º ano, sempre com boas notas e, graças às bases que tive, nunca tive dificuldade alguma; e já me foi muito útil." Não me lembrava daquela cara, nem do nome, de facto, apesar da minha boa memória. Ela ainda se lembrava bem das minhas aulas e deu alguns exemplos do que fazíamos. Disse-lhe que não tinha feito mais que a minha obrigação. "Sim, mas nem todos o fazem assim", respondeu. Agradeci enternecida e ligeiramente envergonhada, mas confesso que, mesmo não sendo a primeira vez que ouço coisas deste género, emociono-me sempre um bocadinho. É nestas alturas que sinto que todo os momentos valem a pena, incluindo os menos bons; e que me pergunto se não estará já na altura de voltar à escola. 
Depois lembrei-me da Ana Filipa Nunes a dizer-me que não podia esquecer-se de mim porque eu tinha sido a professora que mais a marcara e que até tinha contribuído, em parte, para que se decidisse pelo jornalismo. E do livro que me fizeram os alunos daquele saudoso 9º B de 2009, recordação dos três anos  que vivemos juntos e em que eu fui a Directora de Turma, com palavras  queridas e simpáticas, escritas por cada um deles. Fui buscá-lo à prateleira da estante onde o tenho guardado e deliciei-me a reler o que (me) escreveram com quinze anos, no fim de um percurso nem sempre fácil que fizemos em conjunto. Como isto: "Lembro-me que no primeiro ano que estive com  a professora lhe virava a cara, pois não me interessava o que me dizia. Mas, com o passar do tempo, (...) ensinou-me a sair da concha e mostrou-me o lado positivo da vida" ou "A professora ajudou a tornar estes três anos marcantes".
Vá lá, só por hoje, deixem-me ser um bocado vaidosa!..

12 comentários:

  1. Like, Like, Like...
    É isso mesmo Isabel!.. Tem razão em estar muito vaidosa, porque nada chega ao prazer imenso de contribuir, com consciência, para o avanço da humanidade, através da formação e educação de novos seres. De certa forma, são todos nossos filhos...
    Beijinho

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    1. É isso pois, Teresa! É uma tarefa tão difícil quanto apaixonante. E muito gratificante, também, apesar do desalento que às vezes vem no "pacote".

      Um beijinho, Teresa e um óptimo Natal para.si

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  2. Venho desejar-lhe um Feliz Natal e que 2014 lhe traga muitas alegrias

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    1. Muito obrigada, Carlos. Feliz Natal e um Bom Ano também para si,

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  3. Quem não sente alguma vaidade com episódios desse género?
    Quando sentimos que fomos úteis, ajudámos alguém a ser gente e, não menos importante, deixámos uma marca.

    Por hoje, está autorizada a ser completamente vaidosa, Isabel.
    Só por hoje, não abuse :)

    Um beijinho e um feliz Natal.

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    1. Está prometido: não abusarei!... :)

      Obrigada António. Feliz Natal também para si. Um beijinho.

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  4. Tem todo o direito a sentir-se "vaidosa" - na verdade a palavra certa é ou seria feliz - com este tipo de reconhecimento, Isabel. Valem ouro, estas palavras, e alimentam a nossa motivação por mais uns tempos. São essenciais para nos sermos úteis e válidos num tempo em que o desgaste é muito. Parabéns por ouvi-las, o reconhecimento é sempre fundamental para qualquer pessoa.

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    1. É um misto de vaidade, ou satisfação pessoal, se quiser e de felicidade, ou alegria. Naturalmente que não esperamos ouvi-las, mas lá que sabe muito bem, sabe. :)

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  5. Gostei muito dos anos que passei com a Professora Isabel. Aprendi imenso e a professora tinha uma particularidade: exigência e motivação. No meu caso particular ajudou-me a alimentar um sonho que tinha e com o Jornal da Escola mais a Rádio Escolar percebi que aquele podia ser o meu caminho. Mas para isso foi preciso existir a professora Isabel que nos fez acreditar e que nos ajudou a realizar os projecto. Obrigada Professora! Um beijinho

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    1. Ohhhh! Fico até comovida com isto. É que mesmo sabendo que não fiz mais que a minha obrigação, são palavras que sabem bem e enchem o coração.

      Beijinho

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  6. Beijinho, Ana Filipa Nunes

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