quarta-feira, 19 de março de 2014

Quando íamos ver passar os comboios



Não sou nada adepta dos "dias de". O meu pai também não era. Quem olha para esta fotografia facilmente imagina um pai de colo enorme onde cabíamos as duas ao mesmo tempo, quando, na verdade,  eram raros estes momentos.
Tinha um feitio difícil e não especialmente afectuoso. Por educação e maneira de ser, era às vezes um pouco distante e quase sempre muito distraído,  pouco dado a colos, a  abraços e a beijinhos.
O seu modo de gostar manifestava-se de uma forma muito mais subtil, nos longos passeios que dávamos por Lisboa todas as tardes, na forma discreta como nos ia ensinando a conhecer e a amar a nossa cidade; ou quando nos levava a ver passar os comboios, que tanto o fascinavam; e em tantas outras recordações de um tempo já muito antigo, que fazem parte da nossa história.

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