terça-feira, 13 de agosto de 2019

Lisboa em Agosto



Este ano pude enfim "fugir" às tradicionais férias em Agosto, usufruindo da paz de outras épocas em que tudo é mais calmo e um pouco mais despovoado; mas não deixa de ser estranho estar a trabalhar quando toda a gente está "a banhos", ou passeando por aqui e ali...
Houve uma época em que Lisboa ficava praticamente deserta neste mês, tudo parava ou abrandava o ritmo de forma drástica, e era quase como se a própria vida se suspendesse durante alguns dias. Agora já não é bem assim. Entre os turistas cada vez mais numerosos e os que optam por ficar em vez de partir, Lisboa não fica vazia como outrora, mas é uma cidade mais lenta do que no resto do ano, onde  tudo se faz sem pressa, numa inevitável preguiça que a torna mais tranquila e apetecível, com menos trânsito e menos movimento nas ruas.
No metro, somos agora poucos os que todas as manhãs nos dirigimos ao trabalho, quase sempre os mesmos, rostos simultaneamente estranhos e familiares, que não me canso de observar e a quem tento adivinhar as existências a partir das indumentárias e dos comportamentos, no curto espaço de quatro estações que separa os meus lugares de origem e de destino: há a senhora sem cabelo, originado sabe-se lá por que mal, a que tem uma pulseira de conchas no tornozelo, possível reminiscência de umas férias junto ao mar, o rapaz alto, muito arrumado e penteadinho, todos de nariz enfiado no écran do telemóvel, de auscultadores nos ouvidos, rindo sozinhos ou trocando mensagens, cada vez mais alheios ao que se passa à sua volta.
A Lisboa de Agosto é uma outra Lisboa, sem o alvoroço do costume, mais exclusiva e silenciosa, mas não menos encantadora, onde é possível, sobretudo ao fim de semana, ouvir o canto dos pássaros e os nossos passos na calçada quase sem ninguém.
A partir do dia 15, que já está próximo, Lisboa voltará a encher-se pouco a pouco de veraneantes recém-chegados, até retomar a agitação e vivacidade habituais, com a chegada de Setembro, do Outono e da rentrée.
Quem me conhece, sabe da minha inegável e assolapada paixão pelas cidades, do fascínio que têm sobre mim a singularidade e a magia de cada uma delas, os ruídos e os silêncios, a luz, as cores e os cheiros,  o amanhecer e o entardecer, aquela espécie de "alma" que as torna únicas. E Lisboa, então, amo-a mais que qualquer outra, por ser berço, colo e casa;  por sabê-la de cor e continuar a encantar-me e a seduzir-me sempre, como se tivesse acabado de a conhecer; por querê-la seja lá como for, até nos seus defeitos e imperfeições. Como as pessoas...

2 comentários:

  1. Belo texto Isabel. Sinto exactamente o mesmo!
    Bjo

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    1. Estamos quase sempre em sintonia, Salvador Sobral e outras pequenas particularidades à parte, para não noa enjoarmos. 😁😜😘

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