quinta-feira, 26 de março de 2020

Abraço(s)



Quantas vezes, no calor do teu abraço, senti sem dar-me conta que o mundo era perfeito? E só agora que não estás aqui, que não podemos ver-nos, nem tocar-nos, percebo a importância do que tínhamos como garantido e quase banal, que era fortaleza e fragilidade, solidão e companhia, caminho e porto seguro.
Fazes-me falta. Faltas-me tu, os teus olhos, a tua pele e o teu abraço apertado. Era dentro dele que queria viver para sempre, porque não há melhor lugar.
Que saudade e que vontade de voltar aos nossos abraços sem pressa, quando deixa de haver mundo, porque o mundo todo és tu; e te encostas a mim em abandono, e com beijos lentos te entrego o meu corpo e eu inteira nele, e as tuas mãos grandes me arrepiam a pele, e o bem que me fazes, e tudo o que provocas em mim.
Enquanto revivo na memória todos os abraços que agora me faltam, todos os abraços que me aconchegam e importam, sonho com o dia em que possamos novamente colar os nossos corpos num longo, silencioso e sentido abraço, deixar os corações bater  um contra o outro e converter os dias de estar juntos em momentos inesquecíveis e bons para usar nas horas de aflição como as que vivemos por estes dias, deixando-nos ir, afugentando dúvidas e medos, sem deixar de  acreditar. Porque acreditar é uma das melhores e maiores provas de amor.
Havemos de voltar a abraçar-nos.

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