domingo, 29 de março de 2020

O confinamento

É tudo muito recente. Sem que ninguém o esperasse, aprendemos na pele, e com dor, o que quer dizer isolamento e quarentena. De maneira mais ou menos repentina, ficámos circunscritos a um espaço reduzido, fechados, com os movimentos limitados e, entre o desconforto e a inquietação, habituámo-nos, à força,  a viver de outra maneira.
E assim, nos dias que se sucedem a outros dias quase sem poder distinguir-se entre si, soubemos como pode ser dura a solidão, como pode doer a ausência física dos que mais queremos. Vamos inventando rotinas e maneiras de passar o tempo, de nos adaptarmos às novas circunstâncias, de sobreviver a isto que nos aconteceu. Parece que o tempo cresceu subitamente, que vida se tornou mais lenta. É a hora de Verão e quase não damos por isso; estamos muito perto da Páscoa e quase não damos por isso. Que estranha é esta sensação de pormos a existência entre parênteses.
Mas, por maior que nos possa parecer este fardo, claro que há os que estão bem pior que nós, os que sofrem por estar doentes, os que se afligem por não poder abraçar os que mais amam e são especialmente vulneráveis, os que não têm casa onde ficar em segurança, os que não têm nada nem ninguém, e todos os que estão na linha da frente, que se põem em risco para nos salvar, ou para que a nossa vida mantenha a normalidade possível. 
Quando o pesadelo passar,  - o que todos esperamos que seja mais cedo do que tarde - nada poderá voltar a ser igual, porque tudo aquilo que nos afecta nos deixa marcas, positivas e negativas, decerto; e porque o mundo e a vida são uma constante transformação.
Que ao menos tudo isto sirva para nos tornar mais fortes, mais próximos, mais atentos aos outros, mais generosos e humanos.

4 comentários:

  1. Vejo esse período de quarentena como uma grande lição. Nada voltará a ser como era, mas muitos pensamentos mudarão!

    Abraçs
    motivoshoje.blogspot.com/

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  2. Acredito que depois desta quarentena, muita coisa vai mudar na nossa sociedade, e na Europa. Nessa altura é que o caldo vai entornar. De resto vou gerindo estes tempos de forma mais ou menos equilibrada. Disciplina e paciência.

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    1. Disciplina e paciência é o que temos que ter todos, Sérgio.
      Tudo a correr bem. :)

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