quarta-feira, 14 de maio de 2014

A febre clubística


Não gosto de futebol e, sinceramente, é um assunto que não me interessa nem um bocadinho. Mas é claro que consigo perceber, aceitar e respeitar que possa gostar-se e ser-se adepto de um clube qualquer, seguir os jogos e vibrar com eles, alegrar-se com as vitórias, ou decepcionar-se com as derrotas.
O que já não consigo entender é essa espécie de febre que parece atingir cada vez mais pessoas, e todos os excessos que lhe estão associados e que, para mim, são exagerados e ridículos. Primários, até...
Será, provavelmente, uma incapacidade minha, mas não consigo de todo compreender que quem se queixa da crise - e quem não o faz? - se disponha a pagar até cento e cinquenta euros por um bilhete para assistir a um jogo "se for preciso", como ouvi alguém dizer outro dia, nem as noites passadas à porta de um estádio para comprar bilhetes, os gritos e apitos que enchem o Marquês, ou o patriotismo exacerbado, que apenas se revela nestas ocasiões.
Não encontro sentido para todas as guerrinhas, nem para os negócios, os "chiliques" e, menos ainda, a intolerância, os insultos e as agressões que surgem em nome deste ou daquele clube.
Faz-me confusão o orgulho nacional desproporcionado de ter um Cristiano Ronaldo, que terá sem dúvida o seu valor, mas é também um bom exemplo de arrogância e de um ego gigantesco, hiperbolizado, quando ninguém fala no privilégio de ter um actor português com a genialidade de Diogo Infante, ou um escritor tão brilhante como Camões, por exemplo.
A mim, tanto se me dá quem ganhe. Sendo português, ou não. Lamento, mas o meu patriotismo passa pouco pelo desporto e muito menos pelas taças e títulos conseguidos.
Na verdade, há muitas coisas capazes de me fazerem sentir feliz, mas o futebol não é definitivamente uma delas; e, por isso, não partilho esta "histeria colectiva" que me parece, assim vista de fora, despertar o lado mais irracional, absurdo e disparatado, para não dizer pior, que há nas pessoas.

2 comentários:

  1. Pela minha parte gosto de ir ver os jogos ao estádio. Quem não está no espirito não percebe: a tradição de ir comer uma bifana com uma bejeca, o entrar no estádio, ver os jogos alí ao nivel do relvado (mesmo que muitas vezes nem se perceba bem como foram os golos), etc. Havia de ir ver um jogo ao vivo para ver o que são maluquinhos... Mas é bom: haver um momento da semana de terapia para libertar os demónios. É como naquelas igrejas onde o pessoal vai levantar os braços, gritar não sei para quem, atirar-se ao chão, etc (não é o meu caso). Agora é verdade que é um espetáculo (muito) caro.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Todos os espectáculos são caros, Sérgio. Eu não tenho nada, mesmo nada, contra quem vai ao estádio e gosta de futebol (que não é o meu caso).
      O que me impresiona são os exageros, de todo o tipo. E quanto ao futebol é demais!...

      Eliminar